Pergunta:

Resposta da Sú:

Hello, D.! É sempre bom ouvir que nossas conversas têm sido produtivas. Graças a Deus por isso.

Entendo o que você diz sobre ser atormentada pelas coisas ruins do passado. A meu ver, há pelo menos dois elementos nessa equação.

Primeiro, é possível que haja uma dose de perfeccionismo, que joga em nossa cara coisas que fizemos de errado no passado recente ou, mesmo, muito tempo atrás. Se nosso grande objetivo de vida é ser “boas meninas”, as ocasiões em que fomos “meninas malvadas” certamente voltarão para nos atormentar. Mas, se nosso grande objetivo é ser “meninas que vivem pela graça”, veremos que os pecados do passado (mesmo aqueles que cometemos de olhos bem abertos) foram oportunidades para recebermos mais graça, para percebermos o quanto dependemos da misericórdia de Deus. E continuam a ser oportunidades de experimentarmos o quanto ele trabalha em nós com paciência e amor. Além disso, precisamos fazer distinção entre erro e pecado. Todo pecado é um erro, mas nem todo erro é um pecado. Tem coisas bobas que a gente faz que são esquecimentos, desatenção, ignorÂncia, etc., mas não são pecados. Muitas vezes, porém, deixamos que esses erros ganhem dimensões gigantescas. Imaginamos que somos seres sobre-humanos  que não estão sujeitos a falhar. Precisamos tomar cuidado, pois essa mentalidade pode levar a arrogância e a cobranças completamente fora da realidade.

Segundo, existe um elemento espiritual nessa história. Satanás, ciente do quanto somos sensíveis a nossos erros e pecados, traz isso tudo de volta para tirar nossa paz. Gosto muito de 1João 3.19-20. Ali, João explica que, quando sabemos que pertencemos a Deus, podemos tranquilizar nosso coração diante dele e, mesmo que nosso coração continue a nos condenar/atormentar, Deus é maior que nosso coração e sabe todas as coisas. Portanto, quando esses pensamentos entram em “modo obsessivo”, eu procuro contrabalançá-los com outros pensamentos, mais verdadeiros e saudáveis. Por exemplo: “Senhor, sou tua amada e lhe pertenço”. “Muito obrigada por seu perdão e sua graça”. “Seu amor é muito maior que minhas condenações próprias”.

Em última análise, portanto, não é uma questão de nos perdoarmos, mas de aceitarmos e afirmarmos o perdão que já recebemos de Deus.

Em certa medida, é normal (e, por vezes bom) olharmos para trás e sentirmos vergonha de coisas que fizemos. Eu tenho profunda vergonha de longos períodos de minha vida, de escolhas que fiz e da maneira como vivi. Mas, essa vergonha serve para voltar meu olhar para tudo o que Deus fez e para o fato extraordinário de que nada disso me separou do amor dele. Se voltamos os pensamentos para a beleza de Deus em vez de ficar olhando só para a feiura de nosso umbigo (kkk), a tristeza se transforma em louvor, gratidão e adoração. E vale lembrar que o Espírito Santo que habita em nós é o maior interessado em nos ajudar nessa mudança gradativa de foco, que exige tempo, treino, repetição.

Seja paciente e compassiva consigo mesma, como Deus é com você e como ele está ensinando você a ser com os outros. Quando começar a se condenar e se preocupar com as repercussões de seus erros em relacionamentos futuros, pergunte-se: “O que eu diria para uma amiga querida se ela me contasse que está se sentindo dessa forma? Como eu a acolheria e consolaria? Como eu procuraria animá-la e fortalecê-la?”. Em seguida, faça tudo isso consigo mesma! J

Embora o nosso olhar passe pela introspecção, o ponto final em que ele deve sempre se fixar é nosso Deus de graça, amor, misericórdia e perdão. Nossa natureza humana, o mundo ao redor e o Inimigo querem nos cegar para a bondade desse Deus maravilhoso. Mas ele mora dentro de nós e, de nosso interior, ele nos ajuda a enxergar com clareza cada vez maior. Confie e descanse nisso!

Até a próxima!

Kisses,

Su