Hello, D.! Obrigada por perguntar sobre a Bíblia! Em razão da pandemia, o universo editorial (como todo o resto do mundo, kkk) ficou um tanto caótico. Portanto, ainda não temos uma data definida para o lançamento. Mas é bem provável que aconteça em 2021. Fique tranquila, porque vou avisar todo mundo quando chegar a hora! 🙂
E, quanto a suas perguntas, mais uma vez vou ter de confessar que não tenho respostas categóricas, pois é um assunto sobre o qual a Bíblia não trata de forma direta. Mas, podemos refletir juntas e pedir que o Espírito lhe dê o esclarecimento que você precisa para esta etapa de sua vida:
1. A meu ver, não precisamos considerar cada ato de masturbação um pecado. Como você deve ter lido nos meus posts, em alguns casos (especialmente na infância), é apenas parte do processo natural e de descoberta do corpo. E, ao longo da adolescência/juventude, é possível que aconteça como parte de nosso aprendizado de sujeitar nossos desejos a Deus e confiar na provisão dele (veja o item seguinte).
2. Na adolescência/vida adulta, porém, a questão se torna um pouco mais complexa, porque geralmente envolve o universo de pensamentos e fantasias. Acho meio difícil sentir prazer ao se masturbar se não houver algum tipo de estímulo (seja de pensamento, pornografia ou outro estímulo visual exterior). Do ponto de vista “acadêmico”, a gente pode até dizer que o problema mais sério é a questão dos filminhos. Na prática, porém, é meio difícil separar estímulo físico de universo interior. Até hoje, nunca ouvi de alguém que conseguiu se masturbar e ter orgasmos enquanto recitava a tabela periódica, kkk.
E, de repente, dá para argumentar que uma pessoa casada (ou viúva) que fantasia com o cônjuge durante a masturbação não está pecando, mas revivendo momentos de prazer lícito. Viu como fica complicado?
A meu ver, nesse ponto da história entra em cena outra questão: a do propósito do sexo. Se Deus criou o sexo para ser vivido idealmente em um relacionamento de intimidade de alma com outra pessoa, a gratificação física a sós sempre vai ser algo incompleto (por melhor que pareça). E, se Deus conhece todas as nossas necessidades e prometeu que ele vai supri-las (ou mudar nossa percepção do que é necessidade verdadeira ou não), de repente a decisão de não se masturbar pode ser, para algumas pessoas, um exercício de confiança na provisão bondosa de Deus. Por isso eu acredito que a gente não deve simplesmente envolver a masturbação em um monte de culpas e condenações. Antes, cada um deve apresentar suas questões específicas a esse respeito para Deus e pedir orientação clara dele.
Talvez exista um lugar para a masturbação como “válvula de escape” especialmente para quem já foi casado/sexualmente ativo, mas, por algum motivo, não pode mais ter relações com o cônjuge (p. ex., enfermidade, viuvez). E, talvez, em algumas ocasiões, possa ter esse mesmo papel para os solteiros também. Mas no caso dos solteiros, a gente volta à questão do universo de pensamentos. E, como sua mãe colocou bem, muitas coisas que envolvem estímulo/gratificação (especialmente imediata) têm a tendência de se transformar em vício. Além disso, se uma pessoa solteira vive se estimulando sexualmente, pode acabar sendo mais difícil (e não menos, como alguns imaginam) deixar o sexo para depois que você tiver intimidade de alma e compromisso para o resto da vida com alguém.
3. Felizmente, nossa identidade como cristãos não depende de um posicionamento correto sobre cada questão controversa que existe. É possível ser cristão e acreditar que crente não pode não beber, dançar, assistir séries, usar maquiagem. E é possível ser cristão e acreditar que crente pode fazer tudo isso. As crenças a respeito dessas questões (o que inclui a masturbação) podem ser relevantes, mas não são fundamentais. É diferente, por exemplo, da importância de crer que a salvação é pela fé (e não por obras), que Jesus Cristo é inteiramente divino e humano, que o Espírito Santo habita em todos os salvos, etc. Essas são crenças primordiais. Muitas divisões surgem nas igrejas porque as pessoas misturam as duas coisas 🙁
4. Se você sabe que algo é pecado, porque a Bíblia mostra claramente ou por inferência, você deve pedir perdão, sim, mesmo que não sinta culpa. Nossa fé não se fundamenta em sentimentos, mas em realidades objetivas. Se você está em dúvida se pecou ou não, peça para Deus mostrar claramente e, se for caso, dar arrependimento (que também não é um sentimento, mas sim uma convicção que vem do Espírito). Se você seguir esse caminho, também evitará o oposto: a falsa culpa, que é um sentimento presente onde não há pecado.
Que você possa estar cada vez mais firmada e fortalecida na graça divina para experimentar discernimento, sabedoria e paz crescentes!
Até a próxima!
Kisses,
Su