Querida A., sinto muitíssimo que você esteja passando por uma fase tão difícil. Entendo muitas das questões que você colocou, pois também mudei de casa, escola e igreja um ‘zilhão’ de vezes e sei o quanto cada mudança é traumática. A primeira coisa para você pensar, portanto, é você está numa fase de transição, com muitas coisas novas acontecendo ao mesmo tempo. É hora de pedir a Deus muita paciência consigo mesma, com suas circunstâncias e com as pessoas ao redor.
Além disso, quando não dormimos bem, não nos alimentamos direito e não temos uma rotina bem estabelecida, tudo parece mais complicado e triste. Nosso cérebro não funciona como deveria e isso afeta nossos sentimentos. Minha segunda sugestão, portanto, é que você peça ajuda a Deus para organizar uma rotina (escreva horários para cada atividade num papel e procure seguir esse “roteiro”) e faça um esforço sério (tipo, como se fosse um remédio) para dormir no mínimo 8 horas por noite. Evite televisão, computador e celular antes de ir para a cama. Tome um banho quente para relaxar, ouça música, enfim, busque alternativas para melhor a qualidade do seu sono. Faça o mesmo com sua alimentação. Parece bobeira, mas essas coisas fazem uma diferença enorme na sua disposição e na forma de ver os desafios ao seu redor. Os problemas são muito reais e difíceis, mas se estamos descansadas e bem alimentadas, temos mais energia e criatividade para lidar com eles. Você pode consultar um médico clínico geral e pedir para ele lhe dar dicas de como descansar e se alimentar melhor.
A terceira coisa para considerar é que talvez você precise de alguém para acompanhar você nessa fase. Como disse, você está passando por várias mudanças e situações complicadas ao mesmo tempo. É natural que seu mundo pareça ter virado de cabeça para baixo. Você já contou para seus pais tudo isso que você descreveu aqui? Já explicou que está se sentindo triste, sem forças e meio perdida? Em minha opinião, mesmo que você tenha falado algumas coisas por cima, vale a pena ter uma conversa bem séria com eles e pedir ajuda e orientação. Se não conseguir falar pessoalmente, escreva uma carta ou grave uma mensagem. É importante eles saberem o que está se passando com você. Além disso, pode ser bem legal você conversar com a coordenadora pedagógica, psicopedagoga ou mesmo com algum(a) professor(a) de sua escola. Conte da sua dificuldade de estabelecer uma rotina e de estudar. É muito melhor fazer isso no primeiro semestre, quando você ainda pode fazer mudanças para melhorar sua forma de estudar.
Em minha opinião, de repente também seria legal se você pudesse contar com a ajuda de um psicólogo nesse momento (lembre-se, essa é uma fase e não vai durar para sempre). Quem sabe você pode sugerir isso para seus pais.
Minha quarta sugestão é que você curta essa amizade que você tem na igreja. Não fique se culpando por não ser uma amiga perfeita e “boazinha” (nenhuma de nós é!). Cultive esse relacionamento sem neuras, deixando as coisas fluírem e pedindo ajuda de Deus para fortalecer essa amizade. Eu sei que é super difícil não ter amigos na escola, mas agradeça a Deus porque ele colocou essa pessoa da igreja em sua vida. Aliás, o fato de você estar gostando da igreja e estar se envolvendo com as atividades ali é muuuuuito legal e muito importante. Entenda isso como sinal do amor, do cuidado e da graça de Deus.
Meu quinto conselho é que você continue falando com Deus o tempo todo, mesmo que não sinta a presença dele. Ele nunca muda – é sempre um Deus de profunda compaixão, misericórdia, carinho e tantas outras coisas boas. Ele está ao seu lado no meio de todo esse caos. Ele quer ajudá-la (e já está ajudando) a atravessar essa fase. E ele tem bons planos e propósitos para você.
Eu sei que tudo parece bem difícil agora, mas Deus vai lhe mostrar o próximo passo, vai ajudá-la a ver coisas boas e vai suprir todas as suas verdadeiras necessidades. Confie nisso!
E apareça aqui sempre que quiser conversar. Você não precisa caminhar sozinha : )
Kisses,
Su