Pergunta:

Resposta da Sú:

Olá, M.I.! Sim, lembro-me de você! Bem-vinda de volta 🙂

Primeiramente, creio que a gente não convence ninguém de nada (adolescente muito menos, kkk). Quem convence é o Espírito (João 16.8). Mas, podemos viver nossa fé diante de outros como testemunho.

Mais do que usar argumentos, é uma questão de mostrar por meio de exemplo. Se uma adolescente não vê a família se alegrar em Deus, se não percebe que pais ou outras figuras de referência em sua vida têm um relacionamento verdadeiro com Deus, que têm prazer de falar com ele e sobre ele, de cantar e agradecer a ele, é natural ela concluir que Deus é “chato”. Em uma família/igreja que enfatiza Deus apenas como parte de uma religião, alguém que regula comportamentos e distribui recompensas ou castigos, dificilmente uma adolescente vai desenvolver uma ligação pessoal com ele nesses termos.

E, mesmo quando a adolescente é cercada de pessoas que têm um relacionamento pessoal autêntico e vigoroso com Deus, é possível que ela diga que as coisas de Deus são chatas (ainda que, no fundo, ela não pense isso) simplesmente por uma questão de diferenciar sua identidade. Já vi muitas adolescentes dizerem que “não se identificam com o cristianismo” porque pensam que essa é uma forma de se distinguir dos pais ou de se rebelar contra eles. Nessas horas, temos de confiar na boa educação espiritual que elas receberam na infância (se foi o caso) e, especialmente, na graça e no poder de Deus para conduzi-las a Cristo no tempo dele, sem imposições. Melhor do que obrigar uma adolescente a ir a todos os cultos da igreja, é oferecer orar por ela, orar pelas provas da escola, pelas brigas com amigas, pelo namoro, etc. Deixar bilhetinhos com versículos bíblicos de ânimo e edificação nas coisas dela, e assim por diante.

E quanto às questões de disciplina, creio que é importante distinguir entre castigo (muitas vezes vingativo) e consequência. O castigo geralmente é ligado à ideia: “Você me fez sofrer, passar vergonha, ficar preocupada, me deu desgosto, etc. Então agora você também vai sofrer. Vou tirar seu celular para você aprender a não me contrariar mais”. Isso não é disciplina.

A disciplina baseada em consequência é, sempre que possível, na forma de “combinados” feitos de antemão. Por exemplo: a menina não quer estudar. Ok. Um possível “combinado” é dizer algo como: “Olha, se você ficar de recuperação, vai ter uma consequência. Você pode escolher X dias sem celular, X sábados sem sair, X meses sem comprar roupas novas. Qual você prefere?”. Ela já sabe o que vai acontecer e concorda com a consequência. Esse tipo de abordagem dá mais coerência e segurança à adolescente, deixa espaço para diálogo e não é vingança, pois foi resolvido de cabeça fria, antes que acontecesse a questão.

Claro que a gente não controla a percepção, os sentimentos e as reações dos outros, e é possível que, ainda assim, essa menina se considere “sacaneada”. É importante lembrar que o discurso dos adolescentes (“Odeio você”, “Vocês não me deixam fazer nada”, etc.) não corresponde necessariamente aos verdadeiros sentimentos e à realidade interior. Uma adolescente pode dizer “odeio você” e, ao mesmo tempo, sentir-se segura e aceita porque sabe que você a ama o suficiente para impor limites.

A meu ver, é importante ter em mente que o objetivo final não é apenas ter uma menina dócil, de comportamento exemplar. Claro que comportamento é relevante e que ela precisa de limites, mas o objetivo maior é criar condições favoráveis para que o Espírito opere no coração dela. É um trabalho lento, que talvez não dê frutos imediatos, mas é confiar que Deus está no controle.

Muita sabedoria divina para todos nós nessas interações com nossos teens!

Até a próxima!

Kisses,

Su