Hello, K.! Para começar, não percebo como arrogância o que você está dizendo. É um dilema real, para o qual você precisa buscar saídas práticas.
Eu sou descendente de alemães e russos, cresci no meio de estrangeiros, morei fora do Brasil, estudei outros idiomas e tenho dificuldade de me identificar com alguns aspectos da cultura brasileira. Portanto, acho que faço uma ideia daquilo que você está falando, kkk.
Vou compartilhar com você, portanto, algumas coisas que tenho aprendido a esse respeito. Aliás, muitos desses aprendizados vêm de conversas com psicólogos. Respondendo sua pergunta final, portanto, acho que vale muuuuito a pena você buscar ajuda na terapia.
Primeiro, uma coisa que tenho descoberto é que não existem culturas boas ou más. Existem apenas culturas com as quais nos identificamos mais ou menos. Não adianta, portanto, criticar isto ou aquilo em uma cultura. É melhor gastar energias buscando maneiras de conviver com os aspectos difíceis dessa cultura.
Segundo, ter contato com várias culturas é uma oportunidade de aproveitar o que cada uma tem de melhor. Eu gosto da pontualidade e da atenção a detalhes dos ingleses, da objetividade e da previdência dos alemães, da capacidade de organização dos americanos (especialmente em situações difíceis), da alegria e resiliência de muitos brasileiros, e por aí afora.
Terceiro, uma coisa é estudar culturas à distância. Outra coisa é viver dentro dessa cultura, em outros país. Tudo o que eu disse no item anterior é “generalização bem geral”, rs. Existem ingleses atrasados, alemães insinceros, americanos desorganizados e brasileiros mal-humorados, kkk. É importante, portanto, não exaltar demais nenhuma cultura, pois culturas são feitas de pessoas, e pessoas são falhas (de maneiras incrivelmente semelhantes pelo mundo afora).
Aliás, quarto, em vez de me concentrar nas diferenças entre culturas e ficar comparando uma com a outra, tenho achado interessante ultimamente observar e ressaltar o que pessoas do mundo inteiro têm em comum. Isso tem me ajudado a ser menos crítica com a cultura brasileira, por exemplo, e a entender que posso encontrar pertencimento em qualquer lugar do mundo.
Quinto, existem diferenças culturais que me incomodam aqui (por exemplo, a mania dos brasileiros de chegar atrasados, as coisas feitas de última hora, etc.), mas eu entendo que preciso aceitar essas diferenças (da mesma forma que as pessoas de outros países em que a gente vai morar aceitam nossas diferenças também).
E, por último, é possível cultivar boas amizades com pessoas de várias culturas (inclusive com brasileiros!), desde que a gente coloque as questões de culturas e idiomas em segundo plano, em vez de fazer delas o centro de nossa identidade e de nossos relacionamentos.
Eu me identifico com sua sensação de “não pertencimento” e posso lhe dizer que, aos poucos, tenho descoberto que, mais importante que pertencer a uma cultura, é saber que eu pertenço a um Deus que me ama de paixão, que quer sempre se relacionar comigo e que quer me ajudar a me relacionar com outros. Converse com ele sobre isso! E busque uma terapia para acompanhá-la nessa jornada. Deus pode usar esse recurso para abrir seus horizontes e ajudar você a descobrir sua verdadeira identidade.
E, sempre que quiser trocar uma ideia, estamos à disposição!
Kisses,
Su