Pergunta:

Olá Su! Primeiro de tudo, obrigado por sua resposta. Gostei muito, achei que você foi direta ao ponto. O caso é aquilo mesmo, a minha filha está usando mal a sua liberdade, então eu tenho que modificar isso.
Vou contar exatamente como eu fiz. Seguindo sua recomendação, procurei ser acolhedora, não me mostrei zangada, e só perguntei como foi a festa onde o tal vídeo foi feito. Ela respondeu que foi legal. Primeira mentira! Eu insisti: mas vocês não fizeram alguma baguncinha, nada fora do comum? Ela ficou meio desconfiada mas respondeu que não houve nada, com a cara mais limpa do mundo. Segunda mentira! Aí eu mostrei o vídeo, e ela parece que já sabia, só não sabia que tinha chegado até mim. Ela perguntou quem me mandou, mas eu não respondi. Então ela tentou minimizar, disse que beberam um pouco mas não houve drogas, e que só sarraram e trocaram carícias, mas não transaram. Será que essa é a terceira mentira do dia? Então eu mandei ela de castigo para o quarto, de onde só vai sair daqui a pouco que vou levá-la à minha gineco, que teve muito boa vontade em arrumar uma hora para hoje.
Eu não pretendo levar essa questão aos líderes da igreja, mas a notícia já chegou lá, pois mais gente da igreja participou, e eu sei que eles já estão estipulando umas penalidades como excluir de grupos de que estavam participando, e sei que algumas também já foram disciplinadas em casa, agora é a minha vez de disciplinar a minha filha. Concordo com a necessidade absoluta de suspender a liberdade e isolá-la de contato com as pessoas que estão levando-a por este caminho, o problema é que como ela está mentindo muito, eu não sei se vou conseguir fazer isso de forma efetiva, ou se ela vai achar um jeito de escapar. Então há uma alternativa: mandar ela para a casa de uma parenta em outra cidade. Talvez seja o melhor. A minha família é bem grande e tem esse costume de hospedar filhos de parentes, seja para estudar em outra cidade, mas também como forma de disciplinar. Sei que ela não vai ter vida fácil lá, mas pode ser o melhor. Queria ouvir a sua opinião, o que você acha? Quanto a reforçar o apoio pessoal/espiritual, primeiro ela tem que parar de mentir, acho que o momento agora é da disciplina.
Su, desculpe a pergunta: de que igreja você é? Não que isso faz diferença para mim, mas é que achei muito interessante as ideais que você escreveu em outras respostas. J.

Resposta da Sú:

Hello, J.! Que bom que você conseguiu pelo menos começar a conversar com sua filha. É um trabalho difícil e cansativo, mas, pela graça de Deus, pode render muitos bons frutos adiante! Que o Senhor continue a lhe dar sabedoria.
Quanto a enviá-la para a casa de familiares seus, pode ser uma ideia interessante como forma de mudar um pouco o círculo de amizades. Como disciplina, porém, o que eu vejo nesses casos é que raramente dá bons resultados. Meninas são enviadas para a casa de tias e outros familiares, onde são transformadas em empregadas domésticas como castigo. Isso cria vários problemas. Primeiro, forma na cabeça dessas meninas a ideia extremamente equivocada de que servir a outros por meio do trabalho doméstico é algo humilhante, um verdadeiro castigo. Segundo, há o risco de elas não se sentirem disciplinadas, mas sim, “banidas” da própria casa (“minha família não me aguentou e quis se livrar de mim”). Terceiro, por vezes elas são tiradas de um grupo da igreja no qual elas já estão integradas e são obrigadas a frequentar outra igreja e acabam participando de atividades “na marra”. Quarto, nem sempre esses familiares fazem devidamente o acompanhamento espiritual pessoal do qual elas precisam (orar com elas, buscar juntos ajuda de Deus para as dificuldades e rebeldias delas). Acontece, por vezes, de essas meninas pegarem ainda mais raiva da igreja (e, por tabela, de Deus) por causa da forma que são tratadas por esses parentes.
Nada disso tem papel educativo, nem promove verdadeira mudança de coração. Em última análise, é isso que todos nós devemos buscar: criar um ambiente propício para que Deus trabalhe em nosso interior, e no interior de nossas meninas, por mais rebeldes que elas estejam. É só a partir da renovação do coração que podem acontecer mudanças sinceras e duradouras de comportamento.

Parece-me cabível você considerar essa ideia de enviá-la para outra cidade como algo temporário, por um período definido. Certifique-se, porém, de conversar bastante com essa parenta sua, de deixar claro como você, como mãe, deseja que esse tempo seja conduzido e qual é o propósito dessa mudança. Desse modo, não existe o risco de você “terceirizar” as dificuldades e deixar que outros as resolvam como eles acharem melhor. Afinal, mais adiante, será você que terá de lidar com os resultados.

Por fim, é bom lembrar que, os momentos em que estamos mais atolados em desobediência e pecado são os momentos em que mais precisamos de atenção espiritual e pessoal. O discipulado e a caminhada conjunta com sua filha têm por objetivo mostrar para ela que Deus é quem dará forças para ela mudar de comportamento. Somos salvos e santificados pela graça: primeiro Deus vem até nós, nos resgata, nos perdoa e começa a nos transformar e, só depois disso, ele nos instrui a respeito de como viver de forma agradável a ele. A meu ver, disciplina e apoio espiritual/pessoal não são mutuamente exclusivos. Andam juntos. O Senhor disciplina aqueles a quem ele ama (acolhe, aceita, concede graça, amadurecimento e transformação). Sua filha pode até recusar essa oferta de disciplina+cuidados, mas, em última análise é aquilo de que ela mais carece nesse momento.

E, em resposta a sua última pergunta, sou membro de uma igreja presbiteriana, mas tenho afinidades e interações com várias denominações.

Graça, paz e forças para você!

Até a próxima.

Kisses,

Su