Pergunta:

Olá Su, olha eu de novo te incomodando hihi. Fiquei pensando muito nas coisas que você respondeu, sobretudo daquilo de falar diretamente com Deus, mas quando tentei conversar com meus familiares, não tive tanto sucesso. Eita família hihi. Estávamos falando de contenção de estrago no caso de castigo físico, lembra?
Eu pensei, se eu chegar dizendo que bater é proibido por lei, feito eu fosse delegado de polícia, ia ficar uma cena meio “fake”, porque ninguém na minha família bate a ponto de se levar o caso para a polícia ou para o conselho tutelar. E se eu tento argumentar de um jeito mais “soft”, eles vem com citações da bíblia mencionando a vara da disciplina, então a discussão para aí. Mas eu estou aplicando por minha conta o que eu entendo por contenção de estrago. Vou contar uma coisa que aconteceu com aquela minha sobrinha de 15 anos.
Foi assim, ela pernoitou na minha casa porque ia sair com umas amigas, e quando a minha irmã mãe dela veio buscá-la, já chegou zangada por causa de umas coisas que a minha sobrinha tinha feito, a menina respondeu, e eu senti que a minha irmã estava para bater nela. Então eu contive a minha irmã e puxei a menina para um canto, mandei ela calar a boca, dei dois tapas atrás das coxas e um beliscão no bumbum, ela se acalmou e a minha irmã achou que foi suficiente, e não bateu nela. Então, você acha que eu agi bem? Pode dizer com sinceridade.
Mas na verdade o castigo físico não é o mais sério na minha família, algumas parentas usam, mas o que eu acho é que tem outras coisas menos razoáveis, como obrigar os adolescentes a seguir as regras da igreja e mandá-los para outra casa quando não seguem. Eu tenho procurado ajudar e vou deixar para entrar em mais detalhes em outra mensagem, por ora vou fazer só uma pergunta que eu não sei responder: como eu faria para tentar reconduzir aquelas meninas para Deus ou para uma igreja, se a religião foi justamente o motivo da discordância?
Graça e Paz! H.

Resposta da Sú:

Bem-vinda de volta, H.! Bom encontrar você aqui 🙂

Quanto a sua primeira pergunta, continuo acreditando que o ideal seja tentar somente o diálogo, sem nenhum tipo de contato físico. Ao mesmo tempo, entendo que no contexto em que você está, não dá para ir logo querendo impor o ideal. Não é assim que a vida real funciona, kkk. Embora eu acredite que beliscar, dar tapa, etc., nunca é a melhor solução, se você tem pedido direção clara de Deus e se você sentiu que nesse momento, dentro da sua realidade, foi o “menos pior”, fique em paz e, quem sabe, tente algo diferente da próxima vez (por exemplo, separar mãe e filha até a coisa esfriar, e fazer a menina “dar um tempo” em outra parte da casa – sem celular, tv, etc.).

Quanto a sua segunda pergunta, sem dúvida é extremamente difícil essa mistura de religião, igreja e Deus. A meu ver, pode ser apropriado separar temporariamente na cabeça dessas meninas o relacionamento com Deus de todo o resto da mistureba. Ir para a igreja não é, necessariamente ter relacionamento com Deus. Ser da denominação A ou B, da religião X ou Y também não é, necessariamente se relacionar com ele. Nas conversas com as meninas, procure enfatizar relacionamento pessoal. Você pode até dizer que a igreja nem sempre apresenta Deus do jeito que ele é de verdade e que nem sempre o que é dito na igreja é certo. A prioridade total da vida é se relacionar com Deus, falar com ele, conhecê-lo e ouvir o que ele tem para dizer para nós (em oração e na Bíblia). Se a família obriga a menina a ir à igreja, ela vai por obediência à família enquanto mora debaixo do mesmo teto que eles. Pronto. Agora, no dia a dia, o que realmente vale é ela cultivar a amizade com Deus. Para que isso aconteça, as meninas precisam de exemplos e isso é algo que você pode oferecer. Fale com elas sobre Deus como alguém pessoal, próximo, que tem profundo interesse e preocupação por elas.

Para ajudar você, tenho dois textos sobre esse assunto:
https://www.mundocristao.com.br/blog/especial-adolescencia-e-vida-crista-como-despertar-o-adolescente-para-a-espiritualidade/

E também dois materiais de apoio: (1) um devocional que você pode usar para puxar conversa com suas meninas e começar a incentivá-las a falar com Deus (2) uma Bíblia cheia de recursos bem atuais, dentro da realidade delas, para ajudá-las a desenvolver o relacionamento com Deus. Veja os links aqui:

E, se suas meninas gostam de ler histórias de ficção, romance, etc., veja este livro muuuito legal, com uma mensagem cristã, mas sem religiosidade forçada:

Eu sei que pode parecer um conselho estranho, mas, nesse momento e contexto de sua família, a melhor coisa a fazer talvez seja, realmente, separar Deus totalmente de igreja e religião. Mostrar que mesmo que igrejas não sejam perfeitas, Deus é. Mesmo que igrejas sejam cheias de julgamento, Deus é cheio de amor e acolhimento. No futuro, quando elas tiverem amadurecido na jornada com Cristo, aí sim dá para falar sobre a importância de crescimento espiritual em comunidade.

Que Deus continue a cobrir você de sabedoria, direção, discernimento e paciência 🙂

Até a próxima!

Kisses,

Su