Pergunta:

Olá, Su! Muito obrigado por sua pronta resposta. Está sendo de grande ajuda ter outro ponto de vista além daquele da minha família.
Acho que esqueci de falar, a M foi para uma escola muito melhor ali no RJ. A escola dela aqui era muito fraca e também foi lá que ela se deu com a maioria das más companhias, acho que ir para uma escola boa já é meio caminho andado. Eu acertei tudo com a H minha prima, a M tem um horário para estudar, um horário para fazer os serviços de casa e só pode sair quando a H deixar, com horário para voltar. O celular ela deixou, mas com o compromisso da M dar para ela sempre que ela pedir. Você acha que está bom assim, ou está rígido demais? Pode falar.
Agora sobre o que você falou a respeito da humilhação, fiquei na dúvida. Será que ter que andar descalça é mais humilhante e desagradável do que ficar sem celular, sem TV ou não poder sair? Na minha família isso faz parte da disciplina, eu vejo pela L e pela K, que também foram para casa de parentas.

Na casa da H tem uma empregada, ela cozinha e faz as limpezas mais pesadas. No momento só está morando lá um filho de 12 anos que os maiores já casaram, mas não sei que trabalhos domésticos estão a encargo dele. A H me deu uma explicação muito boa sobre isso da M ter trabalhos diferentes lá. Ela comparou com o que Deus mandou quando os hebreus ocuparam a terra prometida e escravizaram os povos cananeus, era uma forma de fazer com que eles abandonassem os falsos deuses. É claro que nos tempos de hoje é diferente, a “escravidão” é só ter trabalhos domésticos, mas a mensagem é a mesma: para ser tratada como igual, você vai ter que se tornar igual, aceitando a Deus. Eu acho fascinante como a mensagem de Deus permanece atual, mesmo que a forma de Deus agir mude ao longo dos tempos. Alguns acham que deveria ser como no Antigo Testamento, e erram porque não dá para comparar com aqueles tempos quando as pessoas eram muito mais primitivas, mas também erra quem acha que a mensagem de Deus “expirou”. Só a forma de Deus agir que mudou!
Eu li a conversa com aquela outra mãe, e achei bem inteligente o que ela disse: os castigos têm que fazer sentido para passar a mensagem certa, por isso há castigos restritivos, punitivos e físicos para cada caso. Eu super aprovo essa lei que proíbe bater nos filhos, há pais violentos e ignorantes, mas também é claro que ninguém vai para a cadeia só por dar uma palmada. Aí eu acho que se aplica o mesmo que foi dito sobre a escravidão dos cananeus: a mensagem é a mesma mas a forma de agir mudou. A bíblia fala em disciplinar com a vara, mas isso é uma maneira de dizer, a disciplina não precisa ser obrigatoriamente física. Mas também não quer dizer que os castigos físicos estejam excluídos, desde que sejam dados com o mesmo propósito de disciplinar. Não é mais vara de lanhar as costas, mas no bumbum pode ser. O que você acharia adequado para a M lá na casa da H?
Ah sim, não esqueci o acompanhamento espiritual dela, mas eu e a H acertamos que primeiro ela precisa sentir o “choque da realidade” que a leve a parar e pensar, e a meditação vai levá-la a se aproximar de Deus, e aí a H vai entrar em ação, talvez levando-a na igreja dela (que de novo esqueci de perguntar qual é). Eu tenho fé em Deus que essa disciplina vai fazer bem a ela, mas me preocupo com o que você comentou, como saber se ela vai é criar mais mágoa e resistência? Eu não vou perguntar, porque senão ela vai responder que “está sendo um saco”, mas preciso de alguma maneira sentir minha filha. Você tem uma sugestão?
Su, obrigado por tudo! J.

Resposta da Sú:

Hello, J.! Recebi e respondi a pergunta acima, mas, por falha minha, ela não foi publicada. Peço desculpas e agradeço por você reenviar. Aqui está a resposta:

Acho muito legal sua disposição de dialogar e considerar diferentes pontos de vista.
Muito obrigada pelas informações adicionais.
Ótimo saber que sua filha tem acesso a uma boa escola e também terá períodos claramente definidos de estudo em casa. Em minha opinião, a melhor forma de saber se essa rotina está de bom tamanho é testá-la por algum tempo (duas semanas? um mês?) e depois reavaliar. Você pode combinar com sua prima de fazer esse tempo de experiência e, depois, conversar novamente.
Sobre disciplina física, como deve ter ficado claro, não sou a favor nem para criança nem para adolescente. Do que vejo com adolescentes, mesmo quando é feita com “moderação”, a disciplina física é degradante. E, se uma figura com autoridade (mãe, prima, tia, etc.) pode aplicar disciplina física em adolescente, o que impede uma suposta figura com autoridade (por exemplo, um pastor) de aplicar disciplina física em uma pessoa adulta debaixo dessa autoridade? Se a gente usar essa abordagem, com que idade ninguém mais tem o direito de bater em você?
Privar o adolescente de privilégios (tirar o celular, proibir de sair, de usar tv, etc.) é uma disciplina eficaz, quando devidamente aplicada.

E, por fim, creio que é fundamental você manter abertos os canais de comunicação com sua filha, como você tem se esforçado para fazer. Ela precisa saber que pode expressar raiva, descontentamento, medo, etc., sem que haja uma porção de consequências negativas imediatas. Se ela disser que “está sendo um saco”, procure fazer perguntas, tipo: “O que está incomodando mais? Por que você acha que é tão ruim? O que você acha que pode fazer para mudar essa situação?”. Apenas ouça e não dê respostas imediatas. Reforce a ideia de que não é do interesse dela mentir, que isso só irá piorar a situação dela. E, a cada conversa, peça discernimento de Deus para ouvir o que talvez esteja nas entrelinhas.  A tendência é que, com o tempo, sua filha se sinta mais segura de compartilhar as coisas dela, mesmo que seja só um pouquinho aqui ou ali. Se ela continuar totalmente fechada, ou se as mentiras persistirem, pode ser sinal de que a presente abordagem precisa de ajustes.

Não existe uma fórmula, mas em todas as decisões que tomamos, podemos confiar que Deus mostrará como as coisas estão se encaminhando e se precisamos fazer pequenas (ou maiores) correções ao longo do caminho. É bom saber que nunca estamos sozinhas nessas decisões, que temos o Espírito Santo dentro de nós para guiar cada passo!
Que ele continue a conduzir você. Até a próxima!

Kisses,

Su

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