Pergunta:

Olá, Su! Gostei da sua resposta. Você dá umas sugestões bem inteligentes, diferente do pessoal “palpiteiro”. Uma ótima sacada aquela da reunião de família, por que eu não pensei nisso antes? Vai ser a hora de eu voltar a ser a chefe da casa. Também me fez pensar muito aquele link que você sugeriu, está lá “Deus não pode tolerar nenhum tipo de pecado. Embora ele seja um Deus de amor, ele também precisa julgar e castigar o pecado.” Isso mesmo. Não sou deusa (riso) mas o amor também é castigar quando precisa. Eu já marquei a reunião de família para hoje logo mais e falei bem séria, para o pessoal não pensar que vai ser só um bate-papo. Vou ser bem específica: regras serão estabelecidas, e cada uma vai ter uma penalidade, mas vou seguir a sua sugestão de ouro de deixar que eles mesmo proponham as consequências, assim eles se sentirão co-responsáveis pelas regras! Agora quais castigos, isso tem que ser bem coerente. Você sugeriu tirar o celular e os passeios, mas eu penso que isso faz mais sentido se a infração teve alguma relação com o celular ou com os passeios, para que o castigo passe a mensagem certa. Eu estipulo tês tipos de castigo, cada um adequado a um caso particular: 1) Castigo restritivo, de retirar um objeto ou uma prerrogativa por tempo determinado, se o filho estiver abusando do uso daquele objeto ou prerrogativa (por exemplo, se faz coisa errada com celular, ou se fica no videogame e não estuda, perde esses objetos, se chega em casa além do horário faca sem sair no próximo fds). 2) Castigo punitivo, relacionado a algo que fez, deve ter uma ação reparadora (por exemplo, se causou prejuízo ter que trabalhar para pagar, se sujou ter que limpar, se ofendei alguém ter que pedir desculpas). 3) Castigo no corpo (surra). Não estou falando de espancar, mas seguir como manda a bíblia, que diz usar a vara mas sem exceder. Eu acho mais adequado para infrações de ordem ética ou moral, tipo fez algo errado com o corpo, então o castigo vai ser no corpo. Su, pode dar sua opinião e dizer o que concorda ou discorda. Mas para a mais velha (a que fugiu de casa) eu vou ter que dar um castigo bom, para que os irmãos vejam que eu estou falando sério. Você tem uma sugestão? Tenho que ser severa, mas sábia! Obrigado pela força! A.

Resposta da Sú:

Hello, A.! Fico feliz que nossa conversa anterior tenha sido produtiva. É bom avisar que não sou mãe. A experiência que tenho é de interação com adolescentes como professora e com as meninas aqui do blog. Mas, graças a Deus, existem muitos bons conteúdos disponíveis para nos ajudar.
Antes de responder suas perguntas, um esclarecimento importante: no texto que você leu sobre “Deus castigar o pecado”, é fundamental entender que isso se refere a nossa situação antes de aceitarmos Cristo como nosso Salvador. A Bíblia deixa claro que, uma vez que estamos em Cristo, não há mais condenação nem castigo. O que existe é disciplina/correção. Castigo é, basicamente, fazer alguém “pagar” por um erro, sentir as consequências daquilo que fez. Disciplina/correção é muuuito mais que isso. Na disciplina, o objetivo é ensinar, mostrar como evitar o erro no futuro. A disciplina prioriza o bem daquele que é disciplinado – e não apenas usar a situação para servir de exemplo ou para fazer a pessoa sofrer.

Deus nos disciplina com amor (é o que você pode ler em sua Bíblia em Hebreus 12.5 em diante), para nos manter perto dele, para nos ajudar a crescer, nos tornar mais semelhantes a Cristo e nos ajudar a ter um bom relacionamento com outros. A meu ver, a disciplina dos pais deve seguir esse exemplo de disciplina de Deus.

Em resposta a suas perguntas, entendo a lógica que você usa ao dividir os tipos de castigo. Em minha opinião, porém, nem sempre precisa ser tão rígido. Mais importante que o tipo de consequência, é o objetivo da consequência. A disciplina (não apenas castigo) prioriza mais o que você ensinar com aquela ação. Por exemplo, se seus filhos forem a uma festa sem sua autorização, qualquer que seja a consequência que você imponha, o mais importante é mostrar para eles que esse é um problema relacional. Bons relacionamentos exigem honestidade, confiabilidade, responsabilidade – coisas que eles não demonstraram. O mesmo se aplica ao que aconteceu com sua filha. Em vez de se preocupar em dar um “castigo daqueles”, pense em maneiras de limitar a liberdade dela pelo simples fato de que ela mostrou que ainda não sabe usar essa liberdade e, portanto, ainda precisa trabalhar nessa área para poder se relacionar de modo mais maduro com você e com outros.

Por fim, é bom lembrar que, no Brasil, o castigo físico é proibido por lei. É o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-versao-2019.pdf

Quando a Bíblia fala da “vara” (Provérbios 13.24), é importante entender que não precisamos interpretar de forma literal. Na época em que essa passagem da Bíblia foi escrita, “vara” era um símbolo de disciplina, castigo, consequência de erro. Em outras palavras, não significa que o castigo físico é ordenado pela Bíblia. A ideia é que os filhos têm de receber disciplina e orientação.

Como lhe disse, eu não sou mãe, então não me sinto qualificada para tratar dessa questão em detalhes. Mas, recomendo que você dê uma espiada em vários livros disponíveis sobre questões de família neste link: https://www.mundocristao.com.br/livros/familia?PS=24

Que Deus ilumine você para conduzir seus filhos com sábia e amorosa disciplina.

E, sempre que quiser conversar, estamos à disposição!

Kisses,

Su