Hello, L.! Esse é um assunto muuuuito amplo e muito controverso. Vou tentar resumir quais são minhas convicções a esse respeito, lembrando que denominações diferentes têm interpretações diferentes e que não devemos absolutizar (tipo, “eu sou dona da verdade”, rs), mas sim, respeitar.
Tanto quanto entendo, existem dois tipos de “línguas”. Em Pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre os primeiros cristãos, eles falaram em línguas estrangeiras, que eles não conheciam, mas que foram compreendidas por pessoas de vários países que estavam reunidas em Jerusalém para as festas judaicas. Esse dom foi dado aos apóstolos para que eles pregassem o evangelho a pessoas de diferentes partes do mundo (veja Atos 2). Não é uma “língua dos anjos”, mas apenas um conjunto de idiomas que os apóstolos falaram de modo miraculoso.
Mais adiante, porém, manifesta-se na igreja um dom de línguas que parece ser associado a oração, adoração e edificação da igreja primitiva. É bom lembrar que esses foram dois momentos específicos da história da igreja, em que Deus estava formando a igreja e em que a Bíblia ainda estava sendo escrita. Isso significa que Deus precisava usar de diferentes meios para instruir seu povo.
Também parece que esse dom estava causando confusão na igreja de Corinto, pois Paulo dá algumas instruções a esse respeito em 1Coríntios 14. Entre outras coisas, esse texto parece indicar que essa “língua espiritual” só tinha valor quando usada nas devocionais particulares (entre você e Deus) ou, no máximo, dentro da igreja com interpretação, de modo a edificar outros irmãos. Não era feito para tumultuar os cultos, para mostrar mais espiritualidade, como sinal de que a pessoa era salva, nem como condição para participar da igreja. Aliás, 1Coríntios 14 diz que existem dons muito mais “produtivos” para o corpo e que os cristãos primitivos não deviam se fixar no dom de línguas.
A meu ver, agora que a Bíblia está completa, ela é a revelação absoluta de Deus. Isso significa que não precisamos (e não devemos) receber “novas” revelações por meio de qualquer outro dom. Tudo de que precisamos está na Palavra de Deus, e o Espírito Santo nos ajuda a entendê-la. Sou da opinião, portanto, de que esse dom deixou de existir como forma de instrução nos cultos. Acredito, porém, que seja possível receber, como presente de Deus, uma linguagem especial para orar a ele de vez em quando. Mas isso é entre a pessoa e Deus, na privacidade do seu quarto. Não é para ficar se mostrando na frente dos outros, como existe a tendência de acontecer em alguns meios.
Além disso, os dons que ainda existem na igreja são sempre para a edificação de todo o Corpo. Deus os concede conforme necessário em cada lugar e momento da igreja. Não tem essa de sair por aí escolhendo o dom que vai ficar mais bonito no Facebook, rsrs. Podemos (e devemos) pedir a Deus que nos conceda dons que vão contribuir mais para a igreja – o foco é sempre o povo de Deus, e não nós mesmas. 1Coríntios 12 fala sobre isso. Deus quer que os cristãos trabalhem juntos, cada um atuando seu dom diferente (dado pelo Espírito) para o bem do todo.
Meu conselho, portanto, é que você converse com Deus a esse respeito e peça para ele mostrar de que maneira ele capacitou você para servir seus irmãos em Cristo. Peça, também, muita sabedoria para lidar com as diferentes opiniões a esse respeito e se posicionar como ele lhe mostrar.
Ufa! Não falei que era um assunto amplo? Kkk Se tiver mais alguma pergunta específica sobre isso, é só escrever novamente que continuamos a conversa : )
Kisses,
Su