Pergunta:

Olá, Su! Estava conversando com meu amigo e nós vimos uma explicação estranha de Jó 3.25 o famoso “o que eu temia me aconteceu”. No livro, chamado “O poder do pensamento positivo” escrito em 1957, o pastor dizia sobre a materialização daquilo que tememos. Porém, acho esse tipo de ideia perigosa. Tantos medos que tivemos nunca acontecem e tantos que nem poderíamos sonhar batem à porta. Eu acho que o medo só cria uma realidade quando a gente faz isso. Por exemplo: se eu alimento meu medo de que tudo dá errado quando falo em público, fico muito nervosa e não consigo falar direito na frente das pessoas, o que pode me fazer passar mal, bater no microfone, cair em frente à platéia e sentir que vivo o pior momento do mundo. Meu medo me levou sucessivamente a isso, mas eu poderia ter aprendido a falar em público aos poucos, visto uma respiração para aliviar a ansiedade, feito uma piada com meu nervosismo e conseguido falar o mais de boa possível. Ou seja, não basta ter medo, esse medo precisaria de condições que o tornam real. Além disso, que culpa Jó teria por coisas que estavam fora do controle dele? Os sites que vi (só olhei a primeira página) na maioria pareciam concordar com essa ideia de atrairmos as coisas, mas… não acho que essa seja a mensagem. Tipo, tem algumas coisas na Bíblia que são só o que você me disse uma vez sobre Provérbios: uma constatação da realidade. A pessoa viu uma certa ordem nas coisas e anotou, mas não quer dizer que seja assim com todo mundo, em todas as épocas, com todos os povos, que só haja uma interpretação. Acho que Jó só estava triste e disse isso. Tem também um versículo semelhante em Provérbios, mas também não sei o que quer dizer. Poderia me explicar se o que tememos pode mesmo acontecer? D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! É uma pena que esses livros do Normal Vincent Peale (como “O poder do pensamento positivo”) ainda estejam em circulação, pois eles trazem vários conceitos que, a meu ver, não são nada bíblicos (e, como você observou, são perigosos). Aliás, eles são uma versão da chamada “lei da atração”, de acordo com a qual tudo no Universo é feito de energia. Se somos otimistas (cheios de energia positiva), atraímos coisas positivas. E o contrário também. Essa é a premissa do livro “O Segredo”, e de todos os conteúdos ligados a ele.

Essa ideia continua a agradar muita gente porque dá uma sensação de controle. Com o tipo de pensamento correto, supostamente podemos atrair para nós coisas “boas” (dinheiro, saúde, romance, sucesso, etc.) e dar o rumo que quisermos para nossa vida. E podemos evitar coisas “más” e nos esquivar de problemas e sofrimentos. Para nós, cristãos, porém, isso não faz sentido, pois cremos que quem controla tudo em nossa vida é nosso Deus soberano e absolutamente bom. Nada chega até nós sem antes passar por ele, e nada pode frustrar os bons propósitos dele para nós.

Aquilo que Jó falou foi simplesmente um comentário – muito humano e muito natural. Todos nós temos medo de perder as pessoas que amamos, a saúde, as coisas que proporcionam conforto físico/material. Jó simplesmente expressou isso. Se você ler o livro todo de Jó, vai ver que nada do que aconteceu com ele foi consequência de seus medos. Os primeiros capítulos explicam isso. E, no fim das contas, todas as provações terríveis que Deus permitiu na vida dele cumpriram um propósito muito bom: ele passou a conhecer Deus de forma muito próxima, muito real (veja Jó 42.5), como nunca havia imaginado. Não existe nada no mundo melhor que isso!

Como você observou muito bem, nossas ansiedades e medos podem complicar as coisas, ou podem ser oportunidades de aprendizado e crescimento. Mas isso é diferente de dizer que nossos pensamentos e sentimentos são capazes de causar isto ou aquilo, isto é, de influenciar a realidade de forma direta. Temos que tomar cuidado para não misturar as coisas. Meus pensamentos e sentimentos podem levar a ações que terão consequências. No entanto, dentro da história que Deus escreveu para minha vida, até pensamentos “ruins”, que trazem consequências “negativas” são usados por Deus, de forma bondosa e sobrenatural, para produzir o bem. É o que diz Romanos 8.28.

Na página do livro que você mandou, notei algo interessante: o autor usa Jó 3.25 (fora de contexto) para “provar” o suposto poder da negatividade. Ao falar do suposto poder da positividade, porém, ele usa uma porção de frases que não estão na Bíblia. Além disso, em outros ensinamentos dele, usa versículos como “tudo posso naquele que fortalece” de forma distorcida, diferente do propósito do texto bíblico.

Fico feliz que você tenha observado que esse livro traz algumas questões problemáticas. Isso é discernimento de Deus. Que ele continue a lhe dar esse presente tão valioso em todas as suas leituras e interações com outros conteúdos!

E que todos nós possamos crescer cada vez mais em confiança na bondade e no amor de Deus, a ponto de abrir mão de tentativas de controlar nossa vida e deixar que ele nos conduza, em meio a alegrias e dificuldades, para os propósitos maravilhosos dele para nós!

Até a próxima!

Kisses,

Su

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