Hello, D.! Depois de alguns dias de stress, tudo mais tranquilo por aqui. Deus tem sido sempre muito bom e generoso (mesmo que eu me esqueça disso de vez em quando e dê piti, kkk).
Em resposta a sua primeira pergunta, é normal nos sentirmos sobrecarregadas, tristes e até ansiosas com aquilo que outros compartilham. Em certa medida, dependendo do nosso tipo de personalidade, acontece mesmo de nos identificarmos com a situação a ponto de afetar nossas atividades. Senti muito isso durante a pandemia.
Agora, a questão é o que a gente faz com esses sentimentos. Vários anos atrás, junto com alguns amigos, nós começamos um grupo de compartilhamento chamado “Balaio de Oração”. Por que esse nome? Para a gente lembrar que nossa missão de ouvir e orar é como um cesto (balaio) dentro do qual a gente coloca as aflições dos outros (e nossas) e as apresenta para Deus. Ninguém carrega esse “balaio” cheio de coisas, pois é pesado demais para qualquer um de nós. A gente só o deixa ali aberto, receptivo, para que cada um coloque dentro dele suas dificuldades e, juntos, possamos apresentá-las para Deus, aquele que leva todos os nossos fardos. Em nível individual, ao ouvir sobre as dificuldades de alguém, eu também procuro visualizar que tenho um cestinho dentro do qual as pessoas ao redor podem colocar suas angústias. Então, eu mostro para Deus tudo o que está dentro do cestinho e peço para ele agir. Claro que de vez em quando eu me acho superpoderosa e tento arrastar balaios e cestinhos pra cima e pra baixo e resolver tudo o que está dentro deles. No fim das contas, porém, Deus sempre encontra um jeito de me lembrar, gentilmente, que meu único “trabalho” é confiar nele – para as minhas angústias e para as angústias de outros.
A meu ver, portanto, o caminho para a gente não se sobrecarregar é ter consciência de que a gente não precisa resolver de imediato os problemas dos outros. A gente não precisa se virar do avesso para fazer os outros se sentirem melhor. A gente precisa ouvir, acolher e, então, confiar que, se for necessário fazer mais alguma coisa, dizer mais alguma coisa, o Espírito nos mostrará claramente se estivermos abertas para ouvir. Claro que falar é bem mais fácil que fazer. Muitas vezes, nossas motivações ao querer ajudar outros são muito nobres. Por vezes, porém, a gente quer que os outros se sintam melhor para que a gente também se sinta melhor. Permanecer junto com o outro no sofrimento dele, muitas vezes em silêncio e quietude (e atentas para a direção de Deus), é uma das coisas mais difíceis e mais belas que podemos fazer pelas pessoas com as quais nos importamos.
Por fim, eu não sou uma pessoa naturalmente gentil, amável e acolhedora. Pelo contrário, tenho tendências bem individualistas e julgadoras. O acolhimento e a bondade que você vê são, com certeza, reflexo do trabalho e da presença de Deus 🙂
*Quanto a sua segunda pergunta, depois de dois anos de isolamento, acho que todos nós perdemos um pouco o jeito de fazer amizades, não? kkk. A meu ver, algumas coisas importantes são: (1) Não ter pressa. Entender que boas amizades levam tempo para nascer e crescer e, na maioria das vezes, começam de forma bem superficial. Portanto, não despreze a ideia de “jogar conversa fora” e falar de banalidades. Dificilmente a gente tem conversas profundas logo de cara com amigos em potencial. (2) Ficar atenta para interesses em comum, por mais bobos que pareçam. Em contrapartida, também é legal se abrir para a possibilidade de que alguém com interesses diferentes também pode ser um bom amigo. (3) Ficar atenta para as necessidades de outros, mesmo em coisas pequenas. Servir a outros também é uma forma de começar novas amizades. (4) Envolver-se em atividades e projetos conjuntos. Se sua igreja tem espaço para trabalho voluntário, por exemplo, é uma ótima forma de conhecer melhor outras pessoas, passar tempo com elas e ajudar outros junto com elas.
Como essa é uma área de desafio pra mim também, não sei se tenho boas sugestões adicionais a oferecer. O que posso lhe dizer é que Deus conhece e supre todas as nossas necessidades, o que inclui bons amigos – quer sejamos extrovertidas, introvertidas ou alguma coisa entre os dois extremos.
Por hoje é isso, amiga!
Um fim de semana cheio de graça e paz para você. E até a próxima!
Kisses,
Su