Pergunta:

Olá, Su. Aqui estou eu de novo, e antes da mais nada, agradeço mais uma vez pela boa vontade que tem demonstrado. Que bom que consegui ao menos começar a conversar com a minha filha, mas o problema, como eu já disse, é a falta de confiança, pois ela está mentindo muito e se fazendo de sonsa. Aí a conversa não progride.
Eu contei que estava com ideia de mandá-la para a casa de uma parenta, e depois que fiz uma busca no celular dela, cheguei à conclusão de que preciso mesmo afastá-la de certas amizades. Já está resolvido, ela vai para a casa de uma prima minha no Rio de Janeiro, tenho a melhor das impressões dela e já conversamos bastante. Mas uma coisa que você escreveu me deixou preocupada, isso dela achar que está sendo feita de empregada. É que combinei dela ter que fazer uns serviços lá, que considero justo para ela não pensar que vai estar lá de férias, pois o propósito da ida dela é disciplina. Então eu queria saber, que casos você já ouviu falar de meninas que foram mandadas para casa de tias e feitas de serviçal? Será que foi isso mesmo, ou é exagero?
Às vezes tenho a impressão que a minha filha está pensando que lá na casa da tia vai poder aprontar mais longe de mim, mas não vai ser assim não! Eu estou combinando direitinho com essa minha prima como vai ser a disciplina dela lá, mas queria também ouvir a sua opinião e as suas sugestões. Achei muito sábio o que você escreveu: “disciplina e apoio espiritual/pessoal não são mutuamente exclusivos, andam juntos”. A minha prima é de uma igreja, agora não lembro qual é a denominação, mas tenho fé que ela vai saber o que fazer.
Então você é da presbiteriana? Eu estou pensando em mudar de igreja, pois estou insatisfeita com a minha. Acho que eles centralizam muito na figura do pastor, para você ter uma ideia, eu nunca orei só eu e a minha filha em casa, oração é só na igreja. Penso que se tivéssemos mais momentos íntimos, só eu, ela e Deus, eu teria percebido antes essa mudança de conduta dela.
Su, tudo de bom! Fique a vontade para aconselhar, criticar e sugerir. Grata por tudo. J.

Resposta da Sú:

Hello, J.! Apareça sempre que quiser para conversarmos 🙂

Concordo plenamente com você que, sem honestidade, não pode haver confiança. Quem sabe esse é um assunto para você tratar com sua filha. Nós, cristãos, dizemos a verdade primeiramente porque ela reflete o caráter de Cristo. Tudo o que ele é, diz e faz corresponde à verdade. Também dizemos a verdade porque ela é o que possibilita relacionamentos autênticos e, em maior escala, o convívio em sociedade. É para o bem de todos. Por fim, também dizemos a verdade porque é benéfico para nós mesmos. Esse pode ser um ponto interessante de mostrar para sua filha: enquanto ela insistir em ser desonesta, você não poderá confiar nela. E, enquanto você não confiar nela, não poderá dar liberdade para ela. Se ela quiser recuperar algumas liberdades ou adquirir outras, terá de mostrar para você que ela é digna de confiança. E, para isso, ela terá de começar a dizer a verdade, mesmo que tenha consequências. Se você não conseguir falar com sua filha sobre essa questão, quem sabe pode gravar um áudio ou escrever uma mensagem para ela apresentando em suas palavras o que eu comentei acima. É importante ela entender que a honestidade também é para o bem dela, tem vantagens para ela e, mais fundamental ainda, mostra o caráter dela como cristã.

Quanto à questão de tarefas domésticas, sou 100% a favor de que todos os membros da família colaborem com os serviços da casa. Manter limpo e organizado o espaço que ocupamos nunca deve ser responsabilidade de uma pessoa só. Portanto, se sua filha se hospedar com sua prima, é muito correto que ela ajude, sim. O que não me parece apropriado é jogar todo o serviço da casa sobre uma pessoa só como forma de castigo. É verdade que alguns adolescentes resistem à ideia de ajudar, especialmente se não foram ensinados a fazê-lo desde pequenos. Aí, chamam de “trabalho escravo” e “exploração” até as tarefas mais básicas, como arrumar o próprio quarto ou tirar os pratos da mesa, kkk. Em contrapartida, porém, há casos em que todas as tarefas domésticas são transferidas para o adolescente (em geral do sexo feminino) como forma de rebaixamento. Aqui mesmo no blog, teve o caso de uma menina que era obrigada a trabalhar o dia todo descalça, para aumentar essa humilhação. Eu soube disso por outra pessoa da família dela. É importante (e difícil!) encontrar o equilíbrio.

É muito bom que você e sua prima estejam em sintonia e possam trabalhar de forma coordenada para ajudar sua filha nesse momento. Graças a Deus por isso!

Quanto a maneiras de reconhecer Deus em nossa rotina, um ótimo começo pode ser a oração antes das refeições. Não precisa ser nada longo e rebuscado. Apenas uma expressão de gratidão pelo alimento. Com o tempo, ocasionalmente podemos expandir isso para incluir agradecimento por outras coisas, um pedido específico (por exemplo, se sua filha tem uma prova na escola naquele dia, você pode orar por isso com ela no café da manhã ou antes de vocês saírem de casa). Veja mais dicas práticas aqui: https://depapocomasu.blog.br/deus/2018/02/faq-5-como-me-aproximar-de-deus/

Claro que a igreja é parte importante da vida cristã, mas é ainda mais importante cultivarmos nosso relacionamento com Deus na vida diária, nas pequenas coisas, no meio da correria. Uma boa igreja, de qualquer denominação que seja, nos incentiva a interagir continuamente com Deus em nosso cotidiano. Uma boa igreja também dá grande valor ao estudo sério e profundo da Palavra (com pregações que explicam textos bíblicos, e não apenas um tema solto, com estudos bíblicos, escola dominical para jovens e adultos, hinos e cânticos fundamentados na Bíblia, etc.). Afinal de contar, é na Bíblia que ouvimos Deus falar. E, por fim, uma boa igreja acolhe os membros, tem preocupação por eles, ajuda-os a caminhar com Deus no meio das dificuldades – e não apenas exige bons comportamentos e cumprimento de obrigações. Ela fortalece os membros continuamente, em vez de apenas discipliná-los quando eles tropeçam. Claro que todas as igrejas terão pontos fracos e deficiências, mas o importante é que estejam em busca da verdadeira devoção e do relacionamento pessoal e comunitário com o Senhor.

Que o Senhor continue a guiar você em todas essas questões tão complexas. Que ele lhe dê alívio quando necessário e forte consciência do amor incondicional dele por você e sua filha.

Paz de Cristo, e até a próxima!

Kisses,

Su

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