Hello, M.! Muito obrigada por sua confiança. Tudo o que tem de bom aqui no blog é presente da graça de Deus. Ele é demais, não? 🙂
Existem três abordagens principais para essa questão. Eu vou resumi-las e dizer o que penso, ok?
- Essa é uma instrução literal de Paulo para todas as pessoas de todas as épocas e culturas. Está no mesmo nível dos ensinamentos fundamentais de Jesus e, portanto, precisa ser obedecida da mesma forma. O “falar” na igreja, porém, não se refere a abrir a boca para dizer qualquer coisa, mas a ensinar. Para seguir à risca essa instrução, as mulheres podem, no máximo, ensinar crianças ou outras mulheres, e nunca com a congregação toda reunida – ou seja, nunca quando houver homens por perto que poderiam aprender algo com elas.
- Essa é uma instrução exclusivamente para a igreja de Corinto, em que muitos dos cristãos haviam se convertido de cultos pagãos nos quais as mulheres exerciam forte influência como sacerdotisas, profetisas e afins. Paulo dá a instrução para que elas não tragam seus costumes pagãos para dentro da igreja. É possível que mulheres de origem pagã estivessem tumultuando os cultos e tentando desempenhar funções semelhantes àquelas que desempenhavam quando adoravam ídolos. É, portanto, uma instrução referente a uma época e uma situação específicas e não se aplica a nós hoje.
- Essa é uma instrução compatível com o sistema patriarcal da sociedade em que os coríntios viviam. Talvez algumas mulheres estivessem usando a liberdade que descobriram em Cristo para romper com todas as normas culturais de sua sociedade e estivessem tentando se “emancipar” dentro da igreja. Em momento algum foi objetivo do cristianismo levar a uma desintegração total da sociedade. As transformações realizadas pelo Espírito Santo dentro do coração de cada crente trariam mudanças radicais, porém gradativas, de dentro para fora que, por fim, acabariam com questões problemáticas da sociedade como o machismo e a escravidão.
Ao refletir de modo mais amplo sobre o evangelho (segundo o qual não existe mais distinção entre judeus e gentios, nem homens e mulheres) e ao pensar que homens e mulheres foram criados ambos à imagem de Deus, com o mesmo valor e com as mesmas competências, me parece estranho que Deus nos instruiria a silenciar metade do seu povo (a metade feminina, rs) dentro da igreja. Se todos os membros do corpo têm uma contribuição para dar, como será possível as mulheres contribuírem se jamais puderem exercer o dom de ensino na presença de homens? Acredito, portanto, que a instrução de 1Coríntios é uma mistura dos itens 2 e 3 que expliquei acima – mulheres que tinham vindo do paganismo e que viviam numa sociedade rigorosamente patriarcal estavam usando muito mal a ideia de igualdade em Cristo e estavam tentando mandar em todo mundo, monopolizar o culto e, com isso, estavam causando conflitos e confusões dentro da igreja (como ainda acontece hoje em dia!). A meu ver, a instrução fundamental para a igreja como um todo – homens e mulheres – é clara: “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5.21). O que vem em seguida é uma aplicação desse princípio conforme realidades culturais, sociais e familiares daquela época.
Agora, se você é membro de uma denominação que adota em maior ou menor grau a abordagem número 1 que descrevi acima, o princípio de sujeição mútua de Efésios 5.21 significa que você deve respeitar o posicionamento de sua igreja e sujeitar-se às decisões das autoridades de sua denominação. Ou, se isso estiver causando muito conflito interior para você, deve procurar uma denominação bíblica, séria, comprometida com a Palavra de Deus, que dê mais espaço para as mulheres ensinarem na igreja.
É isso, amiga!
Se ainda tiver dúvidas a esse respeito ou quiser conversar sobre qualquer outro assunto, é só escrever novamente!
Kisses,
Su