Pergunta:

Ok Su, já que eu mandei a outra pergunta, eu pensei que seria uma boa ideia enviar essa, já faz umas semanas que eu tô querendo falar sobre isso. Bom, Su, vai ser longo, mas vamos lá. Eu moro numa casa com 6 pessoas, meus avós, tias e minha mãe. Meu genitor não me assumiu, eu não conheço. E aí eu acontece que eu acabei sendo super protegida, talvez na tentativa de fazerem eu me sentir amada sempre, sabe. Mas o problema é uma das minhas tias, que vou chamar de T. Ela sempre cuidou de mim quando minha mãe estava no trabalho, e eu era bem próxima dela, ela sentia ciúmes de mim, não gostava que eu saísse sozinha com minha mãe, me levava na porta da escola e me buscava. E isso foi acontecendo. Quando ela descobriu, através da minha mãe, que eu estava gostando do meu namorado, e ele de mim (isso em 2017) ela surtou. Ela ficou com raiva pq eu contei primeiro pra minha mãe e não pra ela, e ela ficou com ódio dele, ciúmes gigante. Eu vou listar o que ela já fez que é mais facil: Ela foi até a porta da escola e ameaçou ele 3 vezes, esperava eu dormir pra ficar fuçando meu celular pq ela “ficava mais tranquila”, parou de falar comigo inúmeras vezes, me xingava, brigava comigo. Ela me torturava psicologicamente, basicamente. Sempre fazendo eu me sentir culpada, fazendo chantagens emocionais, jogando tudo que me fazia na cara, me xingando de ingrata, dizendo que eu odiava ela, que eu era rancorosa, que eu estava destruindo a família. Su, ela sempre foi possessiva mas só aí eu percebi. Su, ela só foi parar de me levar/buscar na escola ano passado, quando eu tava no 3 ano. Quando eu e minha mãe teve coragem pra se impor, sem ficar pensando só na tia Tá. Foi horrível, ela dizia que eu tava com vergonha, que eu era ingrata, ela chorou dentro do ônibus me levando pra escola, e tava cheio de gente da minha escola lá. Diversas vezes ela entrou dentro da minha escola, só pq eu demorei um pouco mais pra sair. Uma vez ela entrou pq disse que o segurança viu uns alunos indo pra praça, e não sabia se eu tava lá dentro, detalhe: o segurança não me conhecia. Su, sobre foi horrível, mas eu não tinha coragem de agir. E talvez tenha sido tarde, eu perdi tanta coisa. Fora que, eu sempre morria de vergonha de ser levada/buscada na escola no ensino médio. Ela odeia as pessoas que são próximas de mim, ela já brigou até com a nossa pastora,pq eu sou bem amiga dessa pastora. Ela sempre acusava q eu tava mudando de celular pra guardar mais segredos, ela já brigou comigo pq eu troquei de número. Enfim são tantas coisas que eu passaria a vida escrevendo. Ela foi possessiva comigo a vida toda, mas essa tortura psicológica se intensificou tem 3 anos. E ela me torturou por 3 anos diretos Aí, eu sempre confiava, ia lá e dava chance e voltava de novo. Quase 3 anos Su, tudo pq ela descobriu q um menino tava gostando de mim. Um dia ela me disse assim “Eu orava pra Deus afastar vocês dois. O problema pra mim é que ele quer seu bem e quer até demais”. Como isso pode ser um problema???. E ela sempre ficava perguntando se a gente tava namorando. Su ela não é minha mãe, mas acha que tem direito. Hoje em dia eu não falo com ela, não consigo, mas moramos na mesma casa. Eu e minha mãe não temos condições de se mudar nem nada. Enfim. Eu não consigo mais confiar na tia Tá, não consigo conversar com ela, falo às vezes mas nada demais, eu perdoei Su, mas eu acho que é meio impossível conseguir manter uma relação com quem abusou psicologicamente de vc por tantos anos, não é?. Vira e mexe ela vem me cobrar afeto, fala que eu sou rancorosa, que nunca viu perdoar ela. Ela diz q se arrepende, q não pode fazer mudança no passado, mas se arrepende. Aí ela diz de um jeito estranho q sente saudade de me tocar, que agora ela não pode me tocar. Que ela está triste e eu nem ligo. Sabe Su, eu me sinto culpada, mas eu não quero isso, pq ela me agrediu, ela me fez mal, e agora a culpa é minha? Ela diz que o afastamento entre ela e eu não é normal, mas,depois de tudo, como não seria normal?. E Aí, ela diz tanto que se arrepende, ela também fala que eu estou castigando ela e pergunta até quando vai durar esse castigo. Mas Su, eu não quero mais proximidade, eu não quero, eu já sofri, será q é difícil entender? Será q eu estou errada? Diversas vezes antes eu pedi pra ela parar, conversei, e ela continuou abusando de mim. E agora diz q se arrepende? Mas não foram 3 dias, foram praticamente 3 anos direto, todos os dias ouvindo e sofrendo com o que ela fazia dizia. Su, eu tô errada? P.

Resposta da Sú:

Hello, P.! Para responder sua pergunta, acho importante definirmos o que é perdão e como devemos agir depois que perdoamos alguém.

Perdão não é um sentimento. É uma decisão. Reconhecemos todo o mal que a pessoa nos fez e entendemos que, por causa dessas ofensas todas, a pessoa é nossa devedora. E, então, cancelamos essa dívida. Tomamos a decisão de pensar e agir como se essa pessoa não nos devesse nada. Essa decisão não apaga de nossa memória as coisas que aconteceram e, muitas vezes, não muda as circunstâncias presentes. Mas, ela muda nossa forma de enxergar a pessoa. Deixamos de vê-la como alguém que merece ser castigada (seja por nós, por outros, ou pela vida de modo geral). Em geral, precisamos nos lembrar dessa decisão muitas e muitas vezes sempre que notarmos que não estamos desejando o bem da pessoa. E só somos capazes de perdoar de verdade, como Deus pede de nós, com a ajuda dele. Não adianta a gente tentar produzir sentimentos “fofos” pela pessoa. A gente resolve que vai perdoar e, então, pede forças e socorro de Deus. E ele responde! Como disse, geralmente vamos precisar renovar a escolha de perdoar (e nossos pedidos a Deus) um milhão de vezes. Mas ele nos ajuda a nos manter firmes nesse propósito.

Agora, só porque perdoamos alguém, não significa que precisamos ter amizade com essa pessoa, ou que o relacionamento deve voltar ao que era antes. A meu ver, no seu caso, é importante que o relacionamento com sua tia não volte a ser como antes. Você conseguiu impor uma distância emocional saudável e, em minha opinião, é necessário manter essa distância. Com frequência, para ter um relacionamento de respeito e evitar novas mágoas e conflitos, temos de nos afastar da pessoa (senão fisicamente, pelo menos emocionalmente). Pode ser interessante você conversar com sua tia e explicar para ela que você já a perdoou, que aceita o arrependimento dela, mas que, para manter o bom convívio e uma relação de respeito, você prefere não se reaproximar dela por enquanto. Com o tempo, vocês podem reavaliar a situação e você pode analisar se ela mudou de atitude. Não importa se ela vai aceitar isso ou não. O importante é que você se posicione claramente e tenha sempre na lembrança que ela não lhe deve nada e que as coisas do passado precisam ficar no passado. Se você ainda tem dificuldade com tudo o que aconteceu, se essas memórias ainda causam angústia, pode ser interessante você conversar mais com alguém sobre isso (um terapeuta, psicólogo, conselheiro, etc.) e colocar essa questão em ordem dentro de você. Fale com Deus. Peça ajuda dele para perdoar e sabedoria para entender como você deve se posicionar em relação a sua tia no convívio diário. Quando pedimos com sinceridade e disposição de obedecer, Deus ouve e atende de maneiras surpreendentes!

Até a próxima, amiga!

Kisses,

Su

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