Pergunta:

Oii Su, vim falar de uma coisa q me incomoda demais no ambiente da igreja, a questão da cobrança financeira. Veja bem, eu entendo que como instituição terrena, a igreja precisa de contribuição para pagar contas, ajudar pessoas, manter o templo. Mas eu acredito na contribuição de gratidão, de livre e espontânea vontade. Só que infelizmente muitas igrejas, a pessoa basicamente é pressionada e obrigada a dar dinheiro, senão não pode exercer nenhuma função, e ainda tem que ouvir que não será abençoada. Sei que nem todas as igrejas são assim. Porém sei também que muitas igrejas possuem esse tipo de pensamento. Apesar de eu ter crescido na assembleia, eu sempre me opus ao dízimo. Como eu falei, compreendo a necessidade de contribuição. Mas eu não acredito que o dízimo seja certo, e não acho que deveria ser visto como fidelidade e nem ser obrigatório. Eu acho que o dízimo é uma coisa que não se aplica aos dias atuais da igreja. Por exemplo, não é a mesma coisa eu oferecer parte da minha colheita e dar parte do meu salário mensalmente. Sei que existem várias igrejas que não cobram o dízimo, e as pessoas contribuem com aquilo que está precisando, e a igreja consegue se manter firme e forte. E eu acho cobrar dízimo absurdo, porque pra quem tem dinheiro não dói, não pesa. Mas pra quem ganhar um salário mínimo faz muita falta, porque hoje em dia com 120 reais a menos, a pessoa pode ter falta de um gás no final do mês. E tipo, aí eles vem com o papinho de que dízimo protege contra o devorador. Mas o devorador é um gafanhoto e ai eles fazem parece que se vc não der dízimos o diabo vai entrar na casa da pessoa e ela não vai prosperar. E e isso é tão contraditório, porque eu conheço muito dizimista que passa fome. E infelizmente, conheço alguns nesse estado que não conseguem receber nem apoio da própria igreja. Mas enfim, aí além de ser obrigatório, é tipo pagar uma taxa pra poder trabalhar na igreja. Tipo, a minha mãe é da Assembleia do Madureira, num campo do nosso bairro que tem mais de 30 igrejas, sobre o comando de um pastor presidente (que responde ao líder geral da ad madureira) e ela seria separada pra ser diaconisa. A minha mãe da aula na ebd dos jovens, só ela, todo domingo, há 15 anos. Todo evento da igreja local dela, ela que cozinha, limpa. Fora outras coisas. Pois bem, porém já faz um tempo q ela não está dizimando. Ela oferta, mas não consegue dizimar. As pessoas sempre mentem dizendo que aquele dinheiro não faz falta, mas faz né. E por isso minha mãe não está conseguindo dar. Ela ganha um pouco mais de um salário mínimo, trabalha 8 horas por dia, e somos só eu e ela. No momento eu não consigo trabalhar fora. Assim, não falta nada em casa. Porém, também não conseguimos esbanjar nem nada né. E aí tem contas e tudo mais. Enfim, dízimo sem chance né. Já tem tanta coisa pra fazer em casa. Mas enfim, aí ela foi separada pra ser diaconisa. Porém quando a ficha dela chegou na igreja sede do campo, o pastor presidente reprovou a minha mãe por ela não ser dizimista. Então ela não tem direito de ser diaconisa na igreja. E isso acontece com todo mundo nessas igrejas né. Se a pessoa não dá dízimo, ela é proibida de ter cargo, ou seja, a pessoa só pode servir a Deus “oficialmente” se der dinheiro pra igreja todo mês. E eu acho isso ridículo. Dízimo nem deveria ser cobrado. Enquanto o pastor presidente da minha mãe não trabalha e tá lá sempre viajando pra orlando, a minha mãe tendo que se virar pra gente viver. E ainda quer obrigar a dar dízimo. Enfim eu fico indignada como a igreja como instituição terrena transformou a fé num mercado. O dinheiro é mais importante que Deus em muitas igrejas. L. Ah, complementando um pouco o desabafo anterior. Bom, esses dias eu fui ao centro da cidade visitar uma igreja com uma amiga. E eu achei interessante que um pregador citou um filósofo, e disse que Deus criou o homem a imagem e semelhança dEle, porém o homem, pra benefício próprio, foi e “criou” Deus a própria imagem e semelhança. Ou seja, o homem “moldou” Deus de acordo com as próprias opiniões, de modo a se beneficiar. E eu vejo muito isso na questão do dinheiro. Porque sabemos o quanto o dinheiro move nosso mundo e o quanto o ser humano é obcecado por dinheiro. Muitas pessoas são capazes de fazer loucuras por dinheiro. E ao meu ver, muitos pastores e igrejas, criaram um deus assim, um deus obcecado por dinheiro, que só realiza milagre se vc pagar, que só cuida da sua casa se vc der dinheiro, que só pode exercer tal função na igreja se vc der parte do seu salário todo mês. E esse não é Deus de verdade sabe, Deus pede gratidão, fé, fidelidade, santidade, mas ele não pede nosso dinheiro. Mas o ser humano, como é obcecado pelo dinheiro, “criou” deus a sua imagem e semelhança. Mas não é nosso Deus verdadeiro, na verdade é um deus reflexo do ego humano, que reflete todos os pensamentos egoístas de um ser humano. E eu acho triste, porque eles continuam pregando coisas horríveis em nome de Deus. E isso em tantas igrejas… E pegando o gancho, vou falar da minha também. Meu pastor é uma pessoa que tem muito dinheiro (apesar de não trabalhar rs) e dá pra ver em alguns momentos como o dinheiro é o centro da vida dele. Todo ano tem uma festa na minha igreja, fazem a festa do purim. E eu acho uma baboseira, tipo, eu acho lindo como parte da cultura judaica, não me entenda mal. Mas quando trazem isso pra dentro da igreja, não é pra celebrar cultura de ninguém, é só mais uma desculpa pra pedir dinheiro em troca de milagre. Porque nessa festa é pregado a mudança de sorte. Como se essa época do ano fosse propicia pra mudar de sorte, só porque lá no livro de Ester, Deus mudou a sorte do povo. E eu acho isso tão sem noção, achar que uma época X do ano é propicia pra acontecer milagre, só pq Deus fez um milagre nessa época do ano pra um grupo de pessoas. Mas enfim né. Aí já sabe, vem aquele papo de ter coração grato, o problema é que o coração grato significa= vc tem que dar dinheiro, ofertar, dar dízimo, dar valores desafiadores. Porque pra maioria dos pastores é isso que significa gratidão né. Aí o pastor teve a capacidade de fazer o seguinte desafio no culto : ele desafiou que no dia da festa do purim, as pessoas levassem o valor do dízimo + uma oferta no valor do dízimo. E ainda deu o exemplo no púlpito: se vc dizima 2.000 reais, traga o dízimo de 2.000 reais + uma oferta de 2.000. segundo ele, era um desafio pra testar a fé da pessoa, porque senão Deus não mudaria a sorte da vida da pessoa. Ah e ele ainda disse que estava fazendo esse desafio pq ofertar 2, 3 reais é uma miséria. Então precisava desafiar as pessoas a ofertarem mais. Essas coisas me deixam super indignada, eu nem vou pisar o pé nessa festa. É aquilo, sei que existem igrejas que não são assim, não saem arrancando dinheiro de membro. Mas infelizmente é a maioria, as que não são assim são excessão. Porque a maioria é assim, eles condicionam a fé da pessoa ao dinheiro, ao tanto de dinheiro que ela dá. Quanto mais dinheiro vc dá, mais ousado vc é, mais fé vc tem. E só sabem manipular pessoas. Olha eu sei que ninguém é perfeito, mas eu acho o auge da canalhice esses pastores que só pedem dinheiro e manipulam a fé de tanta gente. São inúmeras igrejas que só sabem pedir dinheiro, dinheiro. Isso me revolta. L.

Resposta da Sú:

Hello, L.! Li as duas mensagens que você enviou e, como são sobre assuntos relacionados, coloquei ambas aqui. Concordo com você em diversos aspectos e, por certo, sua indignação é justificada. Igreja não é lugar de exploração, de buscar enriquecimento, de exigir contribuições ou de distorcer ensinamentos bíblicos, festas judaicas e afins só para arrecadar mais fundos. Tudo isso entristece profundamente o coração de Deus. E, no devido tempo, todos nós teremos de prestar contas.

Dito isso, tem uma coisa que me preocupa em várias mensagens que você tem enviado. Não conheço a igreja que você frequenta, não sei qual é a linha teológica exata nem os ensinamentos todos que ela oferece. Mas, com base no que você descreve, é um lugar que está fazendo mal para a sua alma. Em vez de ser um lugar de comunhão, edificação, serviço e apoio mútuos, parece ser um ambiente que não lhe permite ser autêntica, que traz repetidamente à tona sentimentos de indignação e revolta (como disse, muito legítimas e justificadas). Gostaria de convidar você, portanto, a refletir se você realmente quer continuar nesse lugar. Apesar de todos os pontos positivos que essa igreja talvez tenha e apesar do fato de que você mudou de igreja não faz muito tempo, talvez seja hora de pensar em um novo lugar. E não só novo, mas bem diferente. É óbvio que não existem igrejas perfeitas, mas existem igrejas que não apresentam repetidamente essas questões tão problemáticas que você vem trazendo aqui. Existem igrejas bíblicas, que não misturam política com culto e ensino bíblico e que não estão continuamente falando de dinheiro e correndo atrás de mais riquezas. Conflitos e diferenças de opinião sempre vão existir, mas há limites para o quanto a gente deve tolerar. Pense nisso, minha amiga. Ore fervorosamente a esse respeito e busque a direção de Deus. Não sei os planos que ele tem para você. Mas posso lhe dizer que Deus não nos quer em um ambiente que nos deixa continuamente irritadas, indignadas e, por fim, amarguradas. Se essa comunidade lhe faz mal, deixe-a. Raiz de amargura no coração é uma coisa extremamente séria e difícil de curar. É melhor sair novamente à procura de outra igreja do que chegar a um ponto em que você não vai querer ir mais à igreja nenhuma. Que o Senhor lhe dê muuuuita clareza e sabedoria!

Até a próxima!

Kisses,

Su