Pergunta:

Oi Su; tem um bom tempo que não passo por aqui.. acho que tu nem se lembra de mim kkkk. Mas então, quero te falar sobre aquela situação chata que passo aqui em casa que é relação ao meu pai… Bom, ele teve alguns problemas de saude e agora esta encostado pelo inss, então ele fica em casa o tempo todo. É bem dificil pra mim as vezes ficar perto dele, mas não estou ficando direto em casa também. A uns anos atrás tive um problema de saude que me levou a ter que abandonar os estudos, então agora estou fazendo um estudo que faço em casa e vou no colégio somente para fazer as provas, porém durante o dia também não fico em casa porque tenho sido voluntária em uma associação aqui que tem meio que uma ligação com minha igreja. Aqui em casa, somos somente eu e minha mãe cristãs, meu pai e meu irmão não são. Meu pai já foi pior que é hoje, de mais brigas e discussões, eu acredito que ele pode ter parado um pouco com isso porque agora moramos em casa própria, e essa casa que moramos é da minha mãe, pertinho dos meus avós. Em todas as vezes que moramos de aluguel e era ele quem pagava, ele brigava em casa e gritava e dizia a minha mãe que era para que ela saisse de casa e me levasse junto que ele nao queria mais olhar para nossa cara. Então acho que essas coisas meio que foram juntando muito em mim, sabe? Sei que estou errada com isso, porque entendo que seja falta de perdão, que eu não consigo liberar o perdão pra ele, sabe? Mas Su, é tão dificil, é o que costumo dizer muito a minha mãe, veja se você consegue me entender: isso tudo que ele fez pode ser pra mim como se fosse um machucado, e com o tempo aquilo vai curando, certo? porém parece que quando aquela ferida está quase cicatrizando, é como se eu caisse novamente e abrisse de novo aquele machucado. Acho que essa ilustração pode mostrar como é a minha situação com ele, acontece uma coisa, e aquilo passa e o tempo vai passando, porém quando está quase sumindo totalmente, ele pega e faz outra coisa, e é como se aquilo nunca acabasse, entende? Não consigo ter aquela ligação boa com ele, acho que por vezes eu sou fechada demais, parece que eu meio que criei uma “barreira” para me separar dele, sabe? As vezes eu faço de tudo para quebrar essa barreira, mas por outras parece que eu coloco mais ‘tijolos’ para que ela cresça mais, com o medo de que se ela cair, eu possa me machucar novamente… Uma vez uma senhora me disse para falar de algum momento que eu lembro que tenha sido marcante, uma coisa legal que eu tenha feito com ele, e em todos esses anos eu não consegui lembrar de nada. muito pelo contrário, se eu parar para pensar, sempre me veem lembranças de momentos em que foram marcantes em minha vida e que tenha alguma confusão ou briga que ele fez comigo ou com minha mãe ou irmãos, sejam eles natal, fim de ano, formatura, aniversário, etc. Tenho duas lembranças que não consigo tirar da cabeça que são uma vez que ele brigou com a minha mae e ela foi lavar as louças do jantar (que inclusive ele também tinha comido), ela já estava chateada e lá lavando as louças, e ele chegou por trás de onde ela estava (morávamos de aluguel nessa época) e começou a gritar e socar a parede dizendo que era para ela sumir da frente dele e me levar junto, perguntando o que ela ainda estava fazendo naquela casa que era dele e falando pra que ela fosse direto para casa dos meus avós e que não levaria nada que tinha dentro de casa, nem roupas porque tudo foi ele quem comprou. e a outra é de outro momento que ele brigou com minha mãe e eu era mais nova, fiquei desesperada em casa sem saber o que fazer, isso já era tarde, e como não tinha ideia do que fazer para acabar com aquilo, liguei para o pastor e pedi para que ele fosse lá, ele apareceu, e ouviu tudo aquilo, meu pai começou a dizer a ele que deveria me levar pra casa dele, porque minha mãe nao era mulher suficiente para me criar, que estava me estragando, e colocando coisas na minha cabeça, (nessa época eu estava com esse problema de saude, fazia vários exames e nunca descobriram ao certo o que era, diziam que era só emocional, tudo o que eu comia não parava no estomago, foi uma época bem dificil, e nesse tempo todo minha mãe foi quem ficou ao meu lado, me levando aos médicos, procurando exames e tal, por fim fiz um exame que diagnosticaram que poderia ser gastrite nervosa a causa de tudo, ou quase tudo), ou seja, eu sentia mesmo as coisas, e ele dizendo ao meu pastor que eu não sentia nada e que tudo aquilo era minha mãe que colocava na minha cabeça, mandando que ele me levasse embora, minha mãe ouvindo aquilo tudo, sabe? essas cenas, entre muitas outras, parecem que não saem da minha cabeça, parece que eu não consigo esquecer, e todas as vezes que olho parece que eu acho que ele não merece a minha mãe sabe? ela já sofreu tanto com tudo isso Su, e até hoje ele não é fácil… Mas não sei o que fazer, sei que essa falta de perdão não provém do Senhor, sei que o desejo dEle é que todos vivamos em união e em amor, eu tento mudar tudo isso porque sei que estou errada em pensar sempre assim, mas parece que tem alguma coisa me impede, não sei mais o que fazer… Me ajuda… Obrigada, Deus te abençoe muito! <3 A.

Resposta da Sú:

Hello, A.! Claro que me lembro de você! Em nossa última conversa, você comentou que sua mãe estava falando em divórcio. Pelo que você me conta agora, pelo jeito ela mudou de ideia, não?

Para começar, amiga, acho importante a gente definir essa história de perdão. É fundamental você entender que, assim como o verdadeiro amor, o verdadeiro perdão não é um sentimento – é uma decisão. Você decide que aquela pessoa não deve nada para você. E pede muuuuuita graça e ajuda de Deus para agir em função dessa decisão. Quando tomamos a firme decisão de perdoar, Deus nos dá tudo de que precisamos para nos manter firmes nessa decisão, mesmo que precisemos pedir socorro dele para isso trezentas vezes por dia. É sério! O fato de você perdoar alguém não significa que você vai, de imediato, ter sentimentos diferentes a respeito da pessoa. É bem provável que você continue a não gostar dela e a não querer proximidade. Tudo bem. A Bíblia não diz que a gente precisa gostar das pessoas e ter sentimentos fofos por elas. A ordem bíblica é para amar, conforme a descrição de 1Coríntios 13. Mas nem pense em tentar fazer isso com suas próprias forças, pois é impossível. Apenas decida perdoar e amar e busque forças do Espírito Santo.

Às vezes, também faz parte do perdão que nós nos afastemos da pessoa, para evitar que ela faça mais estragos em nossa vida. Se alguém agride você física ou verbalmente, perdoar não significa se sujeitar a isso. Significa apenas buscar ajuda de Deus para não se amargurar. E também tomar as medidas necessárias para que o problema não continue.

Em minha opinião, existem algumas coisas práticas que você pode fazer. Por exemplo, na medida do possível, evite passar tempo com seu pai, pelo menos por enquanto. Quem sabe é hora de começar a fazer planos de sair de casa e viver sua vida? Eu sei que estou lhe falando algo triste, mas em alguns casos, simplesmente não existe o vínculo de afeto entre pai e filha. Isso não é culpa sua, pois é algo que seu pai deveria ter desenvolvido com você na infância. Por algum motivo isso não aconteceu. Você pode se entristecer com isso, mas não precisa viver em função disso. Deus pode suprir qualquer carência deixada pela ausência emocional de seu pai. Digo isso para você por experiência própria 🙂

E união e harmonia são coisas que precisam de envolvimento de ambas as partes. Se seu pai não está a fim de viver dessa forma, também não é culpa sua! Romanos 12.18 diz: “No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas”. Ou seja, você faz sua parte, mas se o outro não fizer a dele, a paz não vai acontecer.

Outra coisa é a questão da “ferida” que você mencionou. Aliás, sua descrição foi excelente. É isso mesmo. Quando convivemos com uma pessoa difícil, é como se a ferida começasse a cicatrizar e depois abrisse de novo. Repetidamente. Sua gastrite, aliás, é típica desse tipo de situação. Minha sugestão é que você procure ajuda especializada para tratar dessa questão. Peça para Deus colocar em sua vida um conselheiro ou psicólogo, ou uma pessoa cristã adulta de sua confiança que possa ajudá-la de verdade, sem condenar e sem dar “chá de Bíblia”, mas realmente entender o que aconteceu desde sua infância até aqui e encaminhá-la para um processo de cura. É maravilhoso como Deus prepara e capacita pessoas para nos ajudar nessas questões. Neste site aqui você talvez encontre psicólogos cristãos em sua cidade: http://www.cppc.org.br/pesquisa-de-profissionais/  Essas pessoas são presentes de Deus para sua vida. Aceite e use com gratidão! Não deixe que preconceitos e ideias equivocadas a impeçam de receber a dádiva da cura que Deus tem para você.

E volte aqui para conversar sempre que quiser. Eu sei que é extremamente difícil passar por essas questões e, sempre que precisar desabafar ou trocar uma ideia, estamos à disposição!

 

Kisses,

Su

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