Hello, D.! Que bom encontrar você por aqui 😀
Vamos a suas dúvidas:
1 – Nossa razão de existir é glorificar a Deus com tudo o que somos e fazemos. O primeiro item do Catecismo de Westminster (que você provavelmente conhece) diz:
Qual é o fim supremo e principal do homem? Resposta. O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Rom. 11:36; 1 Cor. 10:31; Sal. 73:24-26; João 17:22-24.
Quando nos sujeitamos à vontade de Deus com coração disposto e alegre, ele é glorificado até mesmo em nossa morte. A Bíblia NTLH diz em João 21.19: “Jesus estava dando a entender de que modo Pedro ia morrer e assim fazer com que Deus fosse louvado”. Portanto, não é um tipo específico de morte que glorifica a Deus. Antes, é nossa disposição de segui-lo até o final, de viver e morrer do modo que ele definiu para nós, que o glorifica.
2 – Para entender João 14.21 e João 15.10, precisamos ter em mente 1João 4.19: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (NVI). E Romanos 5.8: “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (NVI). E também Romanos 8.39: “Nada, em toda a criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (NVT). Sabemos, portanto, que o amor de Deus é incondicional (ele nos amou primeiro e salvou quando éramos pecadores e nada pode nos separar do amor dele). Também sabemos que a Bíblia não se contradiz. Portanto, devemos concluir que João 14.21 e 15.10 estão falando de algo diferente. A meu ver, essas duas passagens estão se referindo à dinâmica do nosso relacionamento com Deus. Outra tradução de João 14.21 (NTLH) diz: “A pessoa que aceita e obedece aos meus mandamentos prova que me ama”. Ou seja, Deus nos amou e nos salvou. Nossa maneira de reciprocar é obedecer-lhe e amá-lo. Dentro desse relacionamento, continuaremos a ser amados pelo Pai. É uma troca contínua de amor, em que Deus dá o primeiro passo, nós reciprocamos e, então, ele revela ainda mais do seu amor por nós. E, se você prestar atenção, João 15.10 fala de permanecer no amor de Deus. Ou seja, quando obedecemos, podemos desfrutar plenamente o relacionamento contínuo com Deus. Se desobedecemos, Deus não deixa de nos amar. Nós é que nos afastamos e perdermos a intimidade afetuosa que ele está continuamente oferecendo. Deus e seu amor nunca mudam. O que muda, por vezes, é nossa posição e nossa atitude em relação a eles. As passagens de João que você citou são uma instrução para que permaneçamos dentro desse amor que está sempre presente e disponível, para que vivamos de acordo com ele (em obediência) e, desse modo, o experimentemos plenamente.
3 – Se fosse preciso esperar nos vermos aptos para qualquer coisa, estaríamos perdidos! kkk Aqui não é uma questão de aptidão, mas de disposição interior, do coração. Quando Deus nos chama para andar com ele, também nos concede uma disposição inicial de segui-lo e promete nos sustentar até o final, para que nunca nos desviemos completamente (a salvação é para sempre e perseveramos na fé porque Deus providencia para que isso aconteça). Mais uma vez, embora os passos iniciais sejam de Deus, nós reciprocamos ao nos colocar à disposição dele, ao entregarmos nossa vida inteira para ele (de muitas maneiras, repetidamente). Durante o processo de santificação, vamos morrendo para o controle que desejamos exercer sobre tudo o que nos diz respeito e vamos entregando esse controle para Deus. Vamos morrendo para nosso ego, nossos sonhos egocêntricos, nossos prazeres egoístas – e nossas antigas prioridades e vamos nos tornando cada vez mais dispostos a servir a Deus, a ponto de ele ser mais importante que qualquer outro relacionamento (Lc 15.26). É preciso que tomemos a decisão de querer viver dessa forma. Renunciar tudo o que temos (v. 33) é dizer para Deus: “Olha, eu tô morrendo de medo, não sei para onde o Senhor vai me levar, não sei quais são seus planos para mim. Mas, eu escolho confiar em sua bondade e seu amor. Escolho entregar tudo para o Senhor”. Essa é uma oração que a gente vai fazer duzentos milhões de vezes ao longo da vida, kkk. E, quando a gente faz essa oração, Deus vai nos dando, aos poucos, a aptidão de morrer para seguir Jesus. Mais uma vez, é uma mistura de vocação divina, resposta e vontade humana, seguidas de mais capacitação divina.
Portanto, uma forma de pensar em Lucas 15.27 é: “Aquele que não decide se dispor a levar sua cruz e me seguir, não pode ser meu discípulo”. Decidimos nos colocar à disposição de Deus. Pedimos forças dele para isso. E ele faz o resto 🙂 Maravilhoso como sempre, não?
Bom fim de semana, e até a próxima!
Kisses,
Su