Pergunta:

Oi Su. Olha eu te alugando de novo rsrs.
Eu segui o seu conselho e procurei manter o canal aberto com a minha filha e deixei ela falar bastante, mas sem dar respostas imediatas, como você sugeriu. Eu também procurei deixar a H (minha prima) conduzir as coisas sem dar palpite, e fiquei só de observadora. Eu notei que nas primeiras conversas a M (minha filha) estava com um ar de pouco caso meio fingido, tipo querendo dizer “tô nem aí”, mas ontem eu achei ela tristinha. Pensei, isso é sinal de que a ficha caiu, e é bom porque é nesse estado de espírito que a gente sente vontade de se dirigir a Deus. Você concorda?
Ela disse que semana passada chegou “um pouquinho” além do horário e por causa disso vai ficar sem sair esse final de semana, e estava achando injusto porque as outras primas também chegaram na mesma hora e não ficaram de castigo. Eu respondi que na casa da M, a M é que manda, mas agora estou em dúvida se eu dei uma boa resposta, porque ficou parecendo que eu estou querendo tirar o corpo fora. Eu concordei com o tratamento diferenciado que a M está dando porque está de acordo com a regra “vai ser tratada igual quando se tornar igual” mas faltou eu dizer isso a ela. Você acha que eu comi mosca aí?
Também acho a disciplina física degradante em certos casos, não concordo em bater na cara, bater xingando etc. Mas já ouvi de muito adolescente que prefere apanhar do que ficar sem celular rsrs é impressionante como essa garotada não sabe viver sem celular. Você diz que nada impede uma suposta figura com autoridade tipo um pastor de aplicar disciplina física em uma pessoa adulta debaixo dessa autoridade? KKKK que doideira, já pensou apanhar de um pastor, já basta o que eles surram nossos ouvidos rsrs. Mas com que idade ninguém mais tem o direito de bater em você é uma discussão que rola muito aqui em casa… Sem brincadeira agora, você disse que viu com adolescentes que a disciplina física mesmo leve é degradante, então por favor me conte o que você presenciou, que não quero o mesmo com minha filha, mesmo porque em breve ela precisará ser disciplinada.
Hoje eu tive uma conversa com a H e “puxei o relatório”. Ela colocou as coisas assim: ela e a M estão se testando uma a outra, a M testando até onde pode avançar, e ela testando até onde pode deixar a M ir. Disse que está impondo aqueles horários de estudar, fazer trabalhos domésticos e sair, mas desconfia que a M ainda está contado algumas mentiras. Não tem ainda provas, mas está correndo atrás. Aí teremos que decidir a disciplina. Muito obrigado por tudo! J.

Resposta da Sú:

Hello, J.! Bem-vinda de volta! 🙂

Quanto a sua primeira pergunta, não tenho como avaliar o impacto que essa situação está exercendo sobre sua filha apenas com base no relato de suas impressões. A meu ver, esta é uma ótima oportunidade para reforçar a confiança de que, se você está buscando direção de Deus, ele está conduzindo você.
É verdade que a tristeza pode nos motivar a buscar a Deus, mas não é uma fórmula. Em última análise, quem nos convence dos erros e nos dá arrependimento é o Espírito Santo. Depende da ação dele em nós e, por vezes, de nossa abertura para ela. A tristeza que sua filha parece sentir pode ser sinal de que ela está caindo na real, mas, como lhe disse, não tenho como avaliar isso com precisão. Você a conhece e pode dizer melhor.

Segundo, a meu ver, é importante você mostrar para sua filha que você e a H estão trabalhando em conjunto, em sintonia, pelo bem dela. A casa e as regras podem ser da H, mas, quem tem a última palavra nessa história é você, a mãe. No futuro, quem sabe você poderia dizer algo como “A H e eu resolvemos que…” ou “A H sugeriu e eu concordei que…”. É importantíssimo deixar claro que você (e não a H) é a principal responsável por aquilo que está acontecendo com a M. Sua prima se dispôs a ajudar, mas a “coordenação do plano” é sua. A M precisa saber que todo o tratamento e as disciplinas que ela está recebendo são por instrução (ou, no mínimo, aprovação) sua.

E, por fim, como já mencionei, sou contra qualquer tipo de disciplina física. O simples fato de ser claramente proibida pela lei de nosso país (que não abre exceção para disciplina “leve” ou “moderada”) é, a meu ver, argumento suficiente. Além disso, porém, vejo dois efeitos. Primeiro, meninas adolescentes que são disciplinadas fisicamente (mesmo que com suposta “moderação”, algo meio difícil de medir) concluem, por vezes, que é normal elas receberem agressão física. Mais adiante na vida, elas podem ter dificuldade de entender, por exemplo, que é absolutamente inaceitável qualquer hostilidade física por parte do marido/parceiro, que isso é abuso. Afinal, elas foram treinadas para aceitar que, quando desagradam os outros, elas apanham. Segundo, no outro extremo, por vezes reforça a ideia de que, quando acabaram os outros argumentos, a gente pode recorrer a agressão (mesmo que seja disfarçada de disciplina). Se a adolescente apanha porque os pais não sabem mais o que fazer para refrear os comportamento dela, pode se formar na mente dela a ideia de que é válido bater em outros quando ela não consegue resolver a questão de outra forma. Violência gera violência.

Se, como você disse, tirar o celular e aplicar outras restrições é uma disciplina percebida pelos jovens como mais severa que a punição física, por que escolher a disciplina física, algo que é uma violação da lei/dos direitos do adolescente e que traz riscos sérios de problemas adiante? Só porque algo faz parte de nossa cultura (nacional, familiar ou religiosa), não significa que não deve ser questionado.

Que o Senhor continue a conduzir você com muita clareza e a trabalhar nos lugares mais profundos da vida da M., conforme os bons propósitos dele!

Até a próxima!

Kisses,

Su

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