Pergunta:

Resposta da Sú:

Hello, I.! Essa questão que você traz é extremamente complexa, mas, a meu ver, há alguns fatores a considerar.

1. A gente presta atenção mais atenção naquilo que é diferente, que foge à norma. Quando um filho biológico comete uma violência contra a família (algo que não é raro acontecer), a gente nunca diz: “Puxa, ele é filho biológico e fez isso?”. A gente também não diz: “Por que alguns filhos biológicos são tão revoltados?”. Agora, quando é adotivo (e, portanto, menos comum e fora da “norma”), aí a gente fixa nesse fato. Há filhos biológicos extremamente revoltados e filhos adotivos que não dão problemas fora do normal para os pais. E vice-versa.

2. Algumas crianças adotivas vêm com toda uma bagagem de experiências traumáticas, por vezes já do útero. Algumas sobreviveram a tentativas de aborto, outras nasceram sentindo que não eram desejadas, outras foram abandonadas, outras sofreram violência no início da infância, e por aí vai. Qualquer ser humano, adotivo ou não, que passe por experiências desse tipo, vai ter mais dificuldade adiante. É para isso que Deus capacita pessoas como psicólogos e afins, para ajudar essas pessoas e suas famílias. E é para isso que Deus nos constituiu igreja: para dar apoio e acolher gente que está enfrentando essas situações e orar por elas e com elas. Os pais que adotam uma criança precisam, na medida do possível, conhecer seu histórico e avaliar se estão preparados para lidar com essa bagagem e buscar ajuda para os filhos e para si mesmos.

3. Em minha opinião, é muuuuito importante os filhos adotivos serem tratados como o mesmo amor e aceitação que os filhos biológicos, mas, desde pequenos, à medida que adquirem capacidade de compreensão, serem informados da história deles e serem ajudados no processo de entender essa história. Esconder da criança que ela é adotiva não é bom para ninguém. Mas, tratá-la de forma diferente, também não.

4. Por fim, como cristãos, é bom lembrarmos que todos nós somos filhos adotivos. Da perspectiva espiritual, éramos órfãos e estávamos jogados no mundo, sem eira nem beira. Não fazíamos parte da família de Deus, mas fomos escolhidos, amados e trazidos por ele para dentro de sua família. Portanto, ao lidarmos com pessoas que foram fisicamente adotadas, acho que faz bem nos recordamos de nossa adoção espiritual e usá-la como ponto de partida para tratar dessa questão.

Claro que lidar com conflitos e crises de todo tipo é extremamente difícil, não existem fórmulas e soluções prontas, mas temos um Deus que entende tudinho de adoção e que sabe nos tratar com o mesmo afeto e a mesma aceitação que ele trata Jesus, nosso Irmão perfeito, graças ao qual somos filhos amados para sempre 🙂

Graça & paz para você – e até a próxima!

Kisses,

Su