Pergunta:

Oi Su! Eu preciso muito da sua ajuda e seu conselho. Sou evangélica desde que nasci, sempre fui muito dedicada com as coisas de Deus, mas acontece que os anos foram passando e fui me distanciando bastante. Ainda frequento a igreja, mas não é a mesma coisa de antes. Esse é o contexto. Eu sinto que eu não me importo com as pessoas realmente. EU. QUE CONHEÇO CRISTO DESDE SEMPRE. QUE É AMOR. QUE PREGA O AMOR E ISSO ENVOLVE CUIDAR E SE IMPORTAR COM AS PESSOAS. Não consigo pensar desde quando sinto/vejo isso, mas hoje em dia está bem pior. Perdi vários relacionamentos (de amizade incluindo) por causa disso. Inclusive, o menino que eu ainda sou apaixonada e que namorei por 1 ano repetiu isso várias vezes. Que eu era instável. Eu me segurei demais no relacionamento com ele, não queria demonstrar tudo o que eu sentia, porque isso deixa a gente mais fragilizada, né? Com ele eu achava que eu me importava bastante, mas eu fazia muitas coisas que deixavam ele chateado e ele inclusive sempre falou isso e eu dizia ”me dá uma chance, não vai acontecer mais”. Eu fazia tudo de novo e não me importava muito, achava drama da parte dele, até terminar e ver tudo com outros olhos. E isso não é só com ele. Me pego pensando em várias situações…eu não sinto que me importo com os outros como realmente tem gente que se importa. Eu falo que me importo, faço gestos que mostro que me importo, mas realmente não tô nem aí. No final o que vale é eu estar bem. SÓ QUE ACONTECE QUE EU NÃO CONSIGO FICAR BEM FAZENDO ESSAS COISAS. ME SINTO CULPADA QUE SÓ, NÃO FAÇO A MENOR IDEIA ONDE APRENDI SER ASSIM SENDO QUE CRESCI NUM LAR CRISTÃO QUE TODOS SE AJUDAM SEMPRE. Tô me sentindo vazia demais. Mas tem horas que do nada sinto uma felicidade imensa, e ai do nada vazio. FICA INDO E VOLTANDO. Pareço um brinquedo tiutado. Preciso de ajuda… M.

Resposta da Sú:

Hello, M.! Entendo o que você está dizendo, amiga. Em minha opinião, a gente precisa tratar desses assuntos em duas frentes:
1 – Existe uma enorme diferença entre religião e relacionamento com Deus. O fato de termos nascido em lar evangélico, ter sempre frequentado a igreja e nos envolvido em atividades religiosas não significa que realmente cultivamos um relacionamento com Deus. O que nos sustenta, traz transformação em nossa vida e nos torna sensíveis para outros é a caminhada diária com Cristo como nosso Senhor, Mestre, Amigo, Companheiro. Saber coisas sobre a Bíblia e sobre Cristo é diferente de experimentar essas coisas na prática. Meu primeiro conselho, portanto, é que você tenha uma conversa beeeeem sincera e bem pessoal com Deus sobre como estão as coisas entre vocês dois. Por ora, coloque de lado pensamentos sobre igreja, comportamento correto, o que você “deveria” fazer como cristã. Isso é para ser tratado depois. O principal neste momento é você entender se existe, de verdade, um relacionamento com Deus. Peça para ele mostrar para você de um jeito bem claro. Deus gosta demais de atender a esse tipo de oração e apontar o caminho para nos aproximarmos dele pessoalmente – e não só por meio de  rituais, e supostos deveres e saberes. Talvez você não receba uma resposta de imediato, mas não desista. Vá falando com Deus, contando para ele o que está em seu coração, em seus pensamentos, e pedindo ajuda dele. Aproveite para ler os Evangelhos (gosto especialmente de João e Lucas) para entender quem é esse Jesus com que a gente se relaciona. Os sentimentos e comportamentos que você busca são consequências de uma caminhada próxima com Jesus, coisas que ele vai produzindo aos pouquinhos dentro de nós. Não adianta você querer impor essas coisas sobre si mesma como obrigações e ficar se culpando. É como tentar espremer e sacudir uma árvore para que ela produza frutos. Só quando a árvore tem água, sol, nutrientes é que ela é produz frutos naturalmente. O mesmo se aplica a nosso relacionamento com Deus.

2 – Uma das coisas que Deus usa muito para nos ajudar a termos relacionamentos saudáveis e estabilidade interior (menos altos e baixos) é o conhecimento e a competência de pessoas treinadas e capacitadas para nos orientar nessas questões. Meu segundo conselho é que você considere seriamente conversar com um terapeuta, conselheiro, psicólogo ou mesmo uma pessoa cristã compreensiva (e não julgadora) sobre as questões que você trouxe aqui. Pelo que você fala, é evidente que você se importa com as pessoas (do contrário, você nem estaria preocupada com isso). Também é importante você não ficar se comparando com outros (tipo, as pessoas da minha família são mais bondosas, compreensivas, gentis do que eu). Cada um está em um momento diferente de sua jornada, e cada um enfrenta desafios diferentes. Comparação só traz desgosto e não produz nada de bom. Peça para Deus colocar aí perto de você alguém com quem você possa conversar sobre esses assuntos mais detalhadamente e orientar você de modo compreensivo.

E lembre-se de que você não está sozinha nessa jornada. Passe aqui sempre que quiser e vamos trocando ideias aos poucos, ok? Estamos à disposição!
Que Deus abençoe você com a presença dele e com um relacionamento cada vez mais próximo com ele.
Até a próxima!

Kisses,

Su