Hello, D.! Feliz Ano Novo! Muito
obrigada por sua mensagem e seus votos. Graças a Deus, nossas comemorações por
aqui foram super tranquilas. Espero que as suas também 🙂
Quanto à questão hipotética que você apresentou na outra pergunta, não sei
entendi muito bem. Digamos que a X é apaixonada pelo Y há vários anos. Em algum
momento desse período, o Y conhece a Z, começa a namorar e, por fim, se casa
com ela. Durante todo esse processo, a X deve ter entendido que o Y não estava
mais ao alcance dela e, portanto, que não era boa ideia ficar alimentando os
sentimentos por ele. Logo, a menos que o Y tenha conhecido a Z num dia e se
casado com ela no dia seguinte, a X teve tempo e oportunidade de procurar
enfraquecer os vínculos afetivos que tinha com o Y (mesmo que fosse só um afeto
platônico, à distância). Se a X escolheu se distanciar física e emocionalmente
do Y ou não, é outra história, rsrs.
Quanto ao sentimento de ciúmes, ele geralmente é sinal de algumas coisas como (1) insegurança quanto ao lugar que você ocupa na vida da pessoa. É possível sentir ciúmes em uma amizade, por exemplo, quando a gente não tem certeza se a pessoa continuará a ser nossa amiga, ou se o afeto que ela tem por nós é tão forte quanto o que temos por ela. À medida que o relacionamento se torna mais sólido, esse tipo de ciúme desaparece sozinho. (2) Falta de maturidade emocional. Isso não é nenhum demérito. Precisamos crescer e nos desenvolver emocionalmente da mesma forma que fazemos fisicamente. Esse crescimento acontece com tempo e experiências. É natural sentir ciúmes quando ainda estamos em fase de desenvolvimento emocional. (3) Possessividade, isto é, achar que a outra pessoa nos pertence ou que é uma extensão de nós. Só porque alguém se relaciona conosco, não significa que temos controle sobre a vida dessa pessoa. E, dependendo do tipo de personalidade que temos, a consciência de que não controlamos o outro é meio assustadora. (4) Experiências passadas de traição, quebra de confiança, falsas amizades, que nos tornam inseguras e apreensivas. Até certo ponto, essa também é uma reação natural.
É possível que “pensamentos ciumentos” aflorem vez por outra, mesmo em um relacionamento estável, comprometido, de longa data. A questão é se escolhemos alimentá-los e agir em função deles ou não. Por isso namoro precisa ser compromisso sério, assumido depois de muita reflexão. Quanto mais convicção tivermos a respeito do afeto e da integridade da outra pessoa e quanto mais sentirmos a firmeza do compromisso, menos motivo real haverá para desconfiança. Teremos fatos sólidos para combater os “pensamentos ciumentos”.
Uma coisa que você pode fazer para ajudar nessa questão é procurar se concentrar mais na realidade presente, em vez de hipóteses futuras. Quando imaginamos inúmeros cenários mentais, com todas as suas ramificações e implicações, isso traz, por vezes, tanta fadiga mental e emocional quanto se essas coisas estivessem acontecendo de fato. Estou em um longo processo de aprender que o único momento em que podemos experimentar plenamente a graça de Deus é agora. Ela é suficiente para este momento, então é neste momento que devemos viver.
E o que você comentou sobre expressar suas opiniões e ter medo de perder a aceitação e amizade de pessoas chegadas é algo com que eu mesma luto até hoje, rsrs. Em parte, creio que isso se deve a uma personalidade mais introspectiva e, talvez, mais introvertida. Será que esse é seu caso também?
Além disso, pode acontecer de sermos muito duras e críticas conosco mesmas e acharmos que nossos amigos mais chegados também o serão. Duvido que você rompesse um relacionamento importante em sua vida “de bobeira”, sem antes tomar medidas para sanar os problemas, não é mesmo? Então, precisamos lembrar que nossos amigos e entes queridos também não dariam as costas para nós “do nada”, de um dia para o outro, sem sabermos o que aconteceu. Os relacionamentos verdadeiros em nossa vida são baseados em amor incondicional. Ninguém que gosta de nós de verdade vai simplesmente “parar de gostar” de nós.
Por fim, quanto a esse abismo que existe entre conhecimento e prática: bem-vinda à humanidade! Todos nós lutamos com discrepâncias e incoerências entre o que sabemos e o que fazemos. Quanto mais conscientes somos de nosso universo interior, mais intensa parece ser essa luta. Entre outras coisas, é disso que Paulo está falando em Romanos 7. Alguns pontos para considerar a esse respeito são: (1) como você mesma ressaltou, é um processo – aquilo que chamamos santificação. (2) Quando levamos a sério nosso relacionamento com Deus, ele controla o ritmo da santificação. É obra do Espírito, realizada no tempo e do jeito do Espírito. Se somos do tipo que gosta de controlar as coisas, essa é uma verdade difícil de aceitar. (3) Santificação não é quantificável. Não podemos ficar nos medindo e nos avaliando constantemente, pois não somos oniscientes. Não temos dados suficientes para avaliar se estamos “progredindo na fé” (aliás, não gosto dessa expressão). A única coisa que podemos fazer é nos agarrar com unhas e dentes a Deus e à sua graça – um momento de cada vez (como disse acima). Claro que podemos aprender com nossos erros e avaliar atitudes e pensamentos que ainda não estão totalmente em sintonia com Deus. Mas, esse não deve ser o foco central de nossos esforços. Quando desenvolvemos o hábito de voltar os olhos para Deus – quem ele é, como ele age, o que ele pensa – e não para nós mesmas e nossos defeitos), esse processo de santificação flui melhor. Manter os olhos fixos no autor e consumador da nossa fé (veja Hebreus 12.1-2) é uma questão de prática, de repetição contínua. Fale com Deus e peça para ele ajudá-la a desenvolver o hábito mental de permanecer no momento presente, com o foco voltado para ele. Esse é um exercício para o resto da vida, que faz toda a diferença em nossa perspectiva diária e, melhor de tudo, que nós realizamos com o poder do Espírito.
Que esse seja nosso alvo para 2020 😀
Um ótimo começo de ano para você, amiga, debaixo da maravilhosa graça divina!
Kisses,
Su