Pergunta:

Oi, Su! Então, eu tenho um “problema” que me incomoda um pouco. Tenho 21 anos, mais de alguma forma eu sinto como se eu ainda fosse uma adolescente/criança. Antes eu achava que eu estava assim porque não tinha muitas responsabilidades de adulto, tipo ter um emprego, conta no banco etc. Agora eu tenho tudo isso, faço faculdade e trabalho, mas ainda me sinto deslocada. Quando eu era criança, eu sempre tive essa percepção de que a vida de um adulto é diferente, que tudo muda. Agora que eu envelheci, eu não sinto que todas essas mudanças me afetaram. É como se eu fosse ainda a mesma menina…… isso também me incomoda em relação a relacionamentos amorosos porque me sinto desconfortável quando me aproximo de garotos da minha faixa etária. Um dia eu estava conversando com um garoto e depois eu me senti muito mal quando lembrei que ele tinha 23/24 anos, tive a sensação de que ele era muito “adulto” para mim e que estar junto dele era errado. Não sei explicar, mas me sinto frágil demais. Às vezes penso que eu deveria casar e ter filhos ou morar sozinha para tentar voltar à realidade e perceber que não sou tão nova, mas sei que isso não vai funcionar. Minha mãe está desde os meus 18 anos aos poucos deixando e incentivando que eu faça tudo sozinha, sair sozinha, resolver meus problemas, mas isso também me incomoda (pelo fato de eu achar que eu não deveria ser independente). Eu até pareço fisicamente como uma adolescente de 16 anos e sempre tento manter essa aparência, seja com meu corte de cabelo e minhas roupas, e odeio quando minha mãe compra alguma roupa (tipo cropped, que eu acho muito bonito, mas não tenho coragem de usar) que eu considero muito “adulta”, porque me sinto exposta e suja. Seria isso algum tipo de transtorno psicológico? Eu queria mudar, sentir que a minha vida mudou, mas tenho a impressão de que tudo é do jeito que sempre foi… C.

Resposta da Sú:

Hello, C.! Se serve de consolo, muitos dos sentimentos que você tem são normais nessa etapa da nossa vida. Para começar, queria convidar você a pensar um pouco mais sobre essa transição (esse termo é importante) da infância/adolescência para a vida adulta.

Ouvi alguém dizer certa vez que a gente não é igual mamão, que é só embrulhar em jornal e, no dia seguinte, amanhece maduro, kkk. Nós seres humanos, tão maravilhosamente complexos, crescemos e amadurecemos por meio de longos processos. Durante esses processos, sempre há fases de transição, em que já saímos de uma etapa, mas ainda não entramos totalmente na etapa seguinte. Isso é absolutamente normal.

Tenho a impressão de que você pode ter assimilado algumas ideias muito comuns no mundo ao nosso redor de que a vida adulta é algo que tem um começo definido (tipo, quando a gente completa 20 anos). Mas não existe um botãozinho que “liga” nossa vida adulta e “desliga” nossa adolescência. É algo que acontece aos poucos, muitas vezes sem que a gente perceba. Se você tem a impressão de que sua vida não mudou, de que tudo continua na mesma, não se surpreenda. É porque as mudanças estão acontecendo de forma lenta.

Sem dúvida, é saudável começar a desenvolver novas responsabilidades. E é muito legal que sua mãe incentive você a caminhar por esse processo. Mas isso não significa que você precisa se sentir adulta nesse momento. Eu passei por uma fase muito parecida. Achava essa coisa de ser adulta meio (ou muito!) assustadora – estudos, trabalho, sair sozinha, morar sozinha, formar relacionamentos, aprender a dirigir, pagar contas, etc. E, para dificultar, durante esse período, não contava com nenhum apoio emocional da família. Olhando para trás, porém, vejo que foi um tempo durante o qual Deus cuidou de mim de formas incríveis e conduziu esse processo com muito amor.

Minha sugestão, portanto, é que você tenha paciência consigo mesma. Não fique se cobrando, nem fique “medindo” e avaliando seu amadurecimento. Deixe fluir. Eu tenho bem mais de 20 anos e também tenho preferência por roupas, cabelo, tênis, etc. que costumam ser associados com adolescentes. Mas isso é uma convenção. Quem disse que, depois da idade X a gente precisa vestir roupa tipo X e ter cabelo do jeito X? O importante é que estejamos abertas para aprender e crescer, sem nos apegar desesperadamente à etapa anterior, mas também sem tentar forçar/apressar a etapa seguinte.

Embora, a princípio, o que você descreve não pareça um transtorno psicológico (não sou psicóloga e, mesmo que fosse, não dá para diagnosticar essas coisas só com interações superficiais), pode ser uma ótima ideia conversar com um(a) psicólogo(a). Para mim, fazer terapia foi uma ajuda imeeeensa com essas e outras questões. Talvez nem seja o caso de fazer uma longa terapia, mas apenas de ter algumas boas conversas com alguém que possa acompanhar você mais de perto.

Por fim, saiba que você não está sozinha nesse processo. O Deus que criou você com carinho e ama você de paixão está ao seu lado para sustentar, dirigir e fortalecer você – e também para lhe dar colo e um grande abraço sempre que precisar! Converse com ele. Conte para ele como você está se sentindo e o que a preocupa. Agradeça porque ele cuidando de você nessa transição. Se, por acaso, você ainda não tem costume de falar com Deus de um jeito bem pessoal, como um amigo, veja como começar: http://depapocomasu.blog.br/deus/2018/01/a-coisa-mais-importante-que-voce-precisa-saber/

E fique à vontade para voltar aqui sempre que quiser. Estamos à disposição!

Até a próxima!

Kisses,

Su

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