Pergunta:

Oi Su. Então estou meio que sobrecarregada mentalmente. Tem muitas brigas na minha família e meus parentes também são tudo falsos, falam mal uns dos outros pelas costas. Então eu estava tentando ser uma pessoa melhor todos os dias. E tive que ficar sozinha por uns dias no apartamento que minha mãe tem na data da minha vó, que ela fica as vezes, para cuidar do meu irmão, que mora ao lado. Mas ai ela precisou ir para outra cidade, para ele ser internado em uma ala psiquiátrica. E ficou tranquilo por uns dias. Mas ontem ela chegou e já veio com grosseria, descostando as coisas em mim. Sei que ela tem muitas preocupações, e para complicar minha tia ficou doente e foi para fora da cidade, para fazer tratamento. Ai as vezes, penso em ficar uns dias na casa da minha amiga, para esfriar a cabeça. E como a mãe dela e ela e as irmãs trabalham, estudam o dia todo. Eu pensei em ficar, e dai eu limpava a casa para elas, já que elas nem tem tempo para cuidar da casa, só nos finais de semana, e quando estão de férias, feriado, folga. Ai eu ajudava, varrendo a casa, passando pano, tirando pó dos móveis, lavando banheiro, arrumando as camas. Porque estou com muitos pensamentos ruins, e eu já até fiz uma triagem para psicólogo, em uma clinica da faculdade, que são trinta reais mensais, o que é bem barato. Hoje, conversei na hora do almoco, com minha mãe (eu pensei, que tinha que falar logo, pois se fosse para ela brigar, ela iria, não importando a hora, se ela estivesse calma). Então eu disse que as vezes tenho vontade de sumir, passar uns dias em hotel, só para esfriar a cabeça, não por culpa dela, mas por vários fatores, que vão acumulando: As brigas na família, os problemas da minha mãe com a minha vó materna, as fofocas dos parentes, meus próprios conflitos interiores, e tudo isso e mais uma porção de coisas. Ela até entendeu, e disse que estava triste, por eu me sentir assim, e que ela ficaria triste, se eu fosse “embora”, e ela falou que era mais por culpa dela. Então vejo um padrão de mudanças de humor em mim, não tão graves, mas as vezes respondo minha mãe com grosseria, mesmo ela não fazendo nada demais, apenas o fato de eu me sentir mal por dentro. E também minha mãe tem mudanças bruscas de humor, e minha vó mais ainda. E acho que pode ser transtorno bipolar. Sempre suspeitei. E o médico do hospital, onde meu irmão está, acha que ele pode não ter esquizofrênia, e sim transtorno bipolar, porque ele está reagindo bem ao tratamento, durante esses dias, e que esquizofrênia geralmente, é bem mais grave, e não respode tão bem aos medicamentos. E como sei que Bipolar tem um fundo genético, acho que isso está acometendo nossa família. Eu diria que eu tenho transtorno bipolar mais leve, do tipo ciclomia. Mas eu prefiro ter realmente TDAH, do que transtorno bipolar, que é bem pior. Mas mesmo se eu tiver, eu fazer o tratamento. E também tenho TOC. Su eu penso coisas horríveis, mesmo quando não tem nada acontecendo, mas eu tento não alimentar. Mas quando estou tensa, eu tenho pensamentos mais do tipo, bem mórbidos. As vezes eu penso, que seria bom se toda nossa família morresse, para acabar com essa “maldição”, de doenças mentais, brigas, contendas. Tipo, su. Desculpa falar, mas já tive pensamentos: Envenenar a comida de toda família, inclusive eu, para morrermos e não causarmos mais problemas. Mas na hora da raiva, e eu inspiro por uns três segundos, e depois, libero a respiração aos poucos (técnica que uma ex psicóloga me ensinou) E também, mesmo pensando besteira peço ajuda para o Espírito Santo lutar por mim, minha família. O problema é que me sinto mal, por esses pensamentos, pensamentos de xingar Deus, mas eu reprimo. E isso começou aos 12 anos de idade (os pensamentos a respeito de falar mal de Deus, pensar em fazer coisas feias) Mas não gosto de falar isso com as líderes da igreja, pois embora elas recomendam que é necessario sim buscar ajuda psicológica, elas tambem atribuí muitas coisas a maldições hereditárias. E dai eu fico com receio de dizer e isso, elas falarem que é tudo Diabo querendo me afastar de Deus. Embora eu sei que todos males do mundo, são decorrentes do pecado. Não sei o que fazer na hora da raiva. As vezes tenho vontade de surtar, quebrar coisas, mas eu reprimo, pois só iria causar mais problemas, e todo mundo iriam confirmar que sou pertubada, já que minha família tem históricos de brigas, doenças mentais. Su me ajuda. Beijos. L.

Resposta da Sú:

Hello, L.! Li todas as perguntas que você enviou nos últimos dias, mas resolvi responder a esta primeiro, pois, com certeza, é mais urgente que as outras.

Sua ideia de passar um tempo com a família de sua amiga pode ser boa, desde que a família toda dela esteja plenamente de acordo. Pode ser uma oportunidade de sair um pouco do seu contexto de conflito, pensar claramente sobre algumas questões e até cuidar mais de si mesma. Claro que os problemas estarão todos aí quando você voltar, mas às vezes uma mudança de ambiente nos ajuda a encontrar maneiras diferentes de lidar com eles.

E, por falar em cuidar de si mesma, tendo em conta todo o seu histórico familiar, a bagagem genética, e várias outras coisas que você comentou em mensagens anteriores, é fundamental que você receba acompanhamento psiquiátrico contínuo, e não apenas psicológico. A terapia é super importante, e fico feliz de saber que você está buscando esse atendimento, mas você precisa de um psiquiatra para diagnosticar direitinho o que acontece, prescrever a medicação correta (se necessário) e monitorá-la de perto. Se você tivesse diabetes, ou hipertensão, ou qualquer outra doença, teria de fazer acompanhamento médico do mesmo jeito. As doenças da mente exigem igual (ou maior!) cuidado. Reprimir seus sentimentos pode até “funcionar” por um tempo, mas algum dia pode acontecer de você surtar de verdade, e aí será bem mais difícil percorrer o caminho de volta a um estado de equilíbrio. Meu conselho é que você marque com um psiquiatra o quanto antes possível. Você já tem a experiência com seu irmão e sabe como essas questões são delicadas, demoradas, recorrentes. Enfim, não preciso lhe explicar o quanto é importante você procurar um médico que lhe dê a devida atenção (mesmo que você tenha de marcar várias consultas, com vários psiquiatras diferentes, até achar um com o qual você possa desenvolver um tratamento de longo prazo.

Por fim, da próxima vez que tiver pensamentos de morte (sua e/ou de outros), entre em contato imediatamente com o CVV (Centro de Valorização da Vida) – https://www.cvv.org.br/ (eles tem chat online e telefone). A equipe deles é super capacitada para ajudar nos momentos de crise. Falar com alguém nessas horas é muito melhor que apenas reprimir pensamentos e desejos.

Outra coisa que você pode fazer nesses momentos é fechar-se no seu quarto e colocar no papel tudo o que está em sua mente e em seu coração – tudinho mesmo. Não se preocupe com grafia, gramática, nem se a letra vai ser legível. Apenas escreva até cansar e se acalmar. Depois, pique as folhas de papel em pedaços bem pequenos e jogue fora. Não releia nada. Pense nisso como uma “faxina interior” que, ao mesmo tempo, pode ser uma oração ao Senhor. Eu uso e conheço outras pessoas que usam essa técnica – e para muitos ajuda bastante. Faça uma experiência!

Que Deus lhe mostre a ajuda que ele já preparou para você!

 

Kisses,

Su

P.S.: Releia este post sobre pensamentos. Eu sei que já lhe passei, mas trata exatamente do que você comentou:
http://depapocomasu.blog.br/mix/2018/02/pensamentos-intrometidos/

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