Pergunta:

Oi Su, é a minha primeira vez perguntando aqui!! Bom, me identifiquei com a história de algumas meninas e tomei coragem pra perguntar. Estou numa situação super complicada. No final de 2017, eu fiz amizade com um garoto, e mais ou menos 2 meses depois ele me pediu em namoro. É importante dizer, que eu já gostava dele tinha uns meses, mas a gente não se falava. E aí, eu tenho uma imaginação super grande, e eu sempre ficava imaginando ele gostando de mim, se declarando. E eu dizia que isso aconteceria antes do ano acabar, em dezembro. Tudo isso no pensamento. Ninguém sabe disso. E do nada a gente começou a conversar sabe, e ele se tornou meu melhor amigo, uma pessoa que eu passei a confiar demais, Su. Porque tipo, ele é totalmente diferente dos outros meninos sabe, ele nunca beijou ninguém, ele não curte esse negócio de ficar. Tipo, ele nunca nem pediu pra ficar comigo. Ele simplesmente se apaixonou por mim, e como eu provavelmente deixava sinais, 2 meses depois ele se declarou pra mim. E, imagine que isso tudo ocorreu dia 13 de dezembro, como eu sempre imaginava. Bem, aí entrou o problema, ele está afastado da igreja. A mãe dele passou por uns problemas, se afastou e levou ele junto, sabe. Porém, os dois ainda têm valores cristãos. Só que faz muito tempo que eles não vão a igreja. E eles sempre dizem que pra adorar a Deus não é preciso ir para a igreja. Mas Su, o problema é que em casa, eles não vão adorar como poderia na igreja. E eles acabam ouvindo músicas seculares, tipo, não com palavrões essas coisas, mas, seculares. Enfim, esse garoto, ele é incrível, porém ele não vai a igreja e disse que não quer ir agora. Mas ele já me disse que quer, mas eu sei que ele realmente não tem forças sabe?. Bom, ele lê a Bíblia, ele ora, ele não fala palavrão, não bebe, ele não sai beijando as pessoas. Ele é cristão no comportamento, porém, não vai a igreja, então não faz exatamente algo para Deus. Enfim. Eu disse pra ele, vamos esperar, vamos orar. Ele concordou comigo, disse que esperaria o tempo necessário. Pouco tempo depois ele já estava dizendo que me ama sabe, e o pior é que eu também passei a amar ele. Porque ele foi o melhor amigo que eu nunca tive, sabe. Sabe, ele passou a cuidar de mim. Ele sempre me levava chocolate, principalmente quando eu estava com cólica. Ele me cobria com a blusa dele, e me dava um abraço. E ele sempre me ouvia, quando eu precisava desabafar, sobre as coisas que eu já sofri, tipo, bullying e o abandono por parte de pai. Ele passou a dizer o quanto importante eu sou, ele passou a elogiar minha beleza, por eu ter autoestima baixa. Em resumo, ele fazia o que podia pra eu me sentir bem. Bom, e aí nesse processo todo, minha mãe estava me ajudando em oração, e ela me disse que Deus havia respondido e Ele disse que “Ainda não era tempo” e que a gente deveria esperar mais e ir orando e enfim. Acontece que no processo, a gente cometeu uns erros, a gente nunca beijou, mas às vezes a gente exagerava no abraço e nas conversas. E acho que isso foi afastando a gente de Deus. E no final de 2018, eu provavelmente interpretei uma profecia errado, e senti de falar pra ele que não ia dar mais pra gente. Ele ficou muito triste, mas a única pergunta dele foi “Você ainda é minha melhor amiga?”. E aí, vem outro problema, a gente tava meio afastado, porque era desconfortável às vezes pra gente né. Até que eu voltei a ter problemas com ansiedade, pânico, transtorno alimentar e depressão. São coisas que sempre me atingiram, mas às vezes dá aquela explosão sabe. Principalmente porque eu não tenho amigos além dele sabe, e só duas colegas na igreja. Aí eu vou me sentindo só, aí junta com os problemas de abandono do passado. E complica tudo. No início, eu só falei da ansiedade com ele, e ele levou a sério, mas não falava nada. Aí Su, a depressão começou a complicar, eu faltei bastante na escola por não conseguir sair de casa, eu comecei a chorar o tempo inteiro, o tempo inteiro. E eu resolvi conversar com ele. Contei o que estava acontecendo e disse que eu estava até com vontade de me automultilar. Foi só eu dizer isso, que ele deixou o desconforto de lado, e resolveu me ajudar como antes sabe. Mesmo doendo pra ele. Todo dia, desde então, ele chega perguntando como eu tô, se pode ajudar, me dá um abraço. E por uns 3 dias, durante o intervalo, eu sentava no chão com ele do meu lado e ia desabafando sabe, eu começava a chorar ele ia lá, me abraçava e começava a dizer coisas boas. Ele disse que, sabia que não andava dizendo muito isso, mas, ele disse que eu sou importante pra ele, que sou especial, que ele estava ali comigo. Coisas assim sabe, tipo, ele dizia coisas pra mostrar o quão importante eu sou, e ele sempre ficava falando que eu sou incrível, coisas assim. Quando o sintomas de bulimia apareceram de novo, o tempo inteiro ele ficava me perguntando se eu tinha comido direito, ele passou a falar que eu sou linda demais, que eu não preciso disso. Porque eu sou linda. E eu sempre me incomodo com o tamanho da minha bochecha. E aí, ele fica falando pra mim o tempo inteiro que a minha bochecha é linda, que ela é fofinha, que é o que ele acha mais bonito em mim. Pior que é verdade sabe. Ele sempre disse isso. E ele sempre gostou de me provocar apertando minha bochecha. Enfim, nesse momento difícil, ele se mostrou super compreensivo. Ele tipo, o tempo inteiro, ele só fica querendo saber se eu estou bem, ele tá sempre lá pra me ouvir desabafar, seja por mensagem, seja pessoalmente. E ele também está sempre lá pronto pra repetir que eu sou especial, que eu sou importante. Mesmo quando eu não consigo acreditar, ele repete, repete e diz que vai repetir o tanto que for necessário. E ele não se irrita comigo, Su, ele sempre sorri pra mim, olha nos meus olhos e repete. Aí ele me dá um abraço apertado (a gente não se abraça de pé, geralmente, e se sim, só de lado sabe, pra não ter contato entre as partes íntimas) e continua repetindo. Esses dias, ele começou a dizer que sentia muito a minha falta. E eu tenho tendências suicidas, sabe, e teve um dia que eu me despedi dele, porque eu não achava que eu ia passar daquele dia. Ele ficou desesperado e ficou me ligando. Aí eu atendi e ele disse que eu não precisava falar nada, mas ele iria falar o que ele queria. E ele o tempo inteiro falou coisa pra eu desistir de me matar, ele ficou dizendo que eu sou importante, e que ele não suportaria viver sem mim, que ele ama minha companhia, e que ele não suportava a ideia de me perder. Ele estava indo pra o curso sabe, só que, ele chorou no meio da rua. Aí antes de desligar, ele disse “Eu sei que eu não ando dizendo isso, porque né, mas, eu te amo. Eu te amo. Não vai embora, por favor?”. E desde esse dia, ele ficou ainda mais preocupado, todo dia, inclusive hoje, ele chega do curso e quando pode me manda mensagem perguntando como foi o meu dia. Enfim. Nisso tudo, a gente meio que parou de conter os sentimentos, porque ele está sempre falando coisas boas, me elogiando, aí ele diz que me ama. Nisso tudo, a gente acabou conversando sobre relacionamento. Eu disse pra ele que temia ter interpretado errado. E a gente também chegou a conclusão de que nós fizemos muitas coisas erradas, então, isso poderia ter estragado tudo. Além disso, sem esse tempo meio afastados, a gente não mudaria sabe, porque a gente tinha bastante ciúmes, agora não e fora que, sem esse tempo, eu nunca teria percebido o quanto a gente errou, e eu não teria me reaproximado de Deus. E aí, a gente se perguntou se nós deveríamos orar de novo. E fazer as coisas certas dessa vez. E ele me disse que estava disposto a tentar de novo, que iria se esforçar pra mudar e pra fazer tudo certo. E perguntou se eu estava também. Eu disse pra ele que sim. Então, nós decidimos iniciar o processo de oração novamente. Eu queria saber se isso foi errado, Su. Tipo, a gente não namora nem nada. A gente só decidiu orar pra ver o que Deus diz, mas, não necessariamente agora sabe. Tipo, a gente pode orar e se for da vontade de Deus, a gente só quer namorar mais pra frente. Quando tivermos mais idade. Tipo, uns 18/19. Agora nosso propósito é ir orando, pra ir mudando as coisas e quem sabe, no futuro, dar em algo. O que você acha, Su? Se fosse pra dar errado, você acha que Deus colocaria uma pessoa que faz bem pra mim?. Porque tipo, além daquela questão de como ele passou a gostar de mim no tempo que eu imaginava, além da resposta ter sido um “Ainda não”. Ele é uma pessoa diferente. Tipo, passou, 1 ano e 4 meses mais ou menos desde que ele se declarou. Desde então ele nunca deixou de me amar, ele sempre diz isso. Eu também o amo. E Su, você acha que é sincero? Eu acho que sim porque tipo, ele nunca quis só beijo, porque a gente nunca se beijou. Ele nunca se atraiu só por aparência, porque se fosse assim, ele iria querer me beijar e pronto. Mas, ele não pôde me beijar, a gente não pôde namorar, e mesmo assim, depois desse tempo, ele continua comigo, me ajudando, estando disposto a tentar de novo, e ainda dizendo que me ama. E tipo, ele conversa com outras meninas obviamente, mas, eu sei que só a mim que ele trata assim. As outras ele só conversa pessoalmente, tipo, na hora do almoço, com os outros amigos dele. Eu sei que ele só é próximo assim de mim. Ele é confiável. O que você acha, Su?? Me ajuda!. A. Ps: desculpa o textão Ps2: eu já faço tratamentos para os problemas, Su.

Resposta da Sú:

Hello, A.! Seja muito bem-vinda ao blog FaithGirlz! E obrigada por dividir um pouco da sua história.

Aqui vão algumas coisas para você refletir:

1 – Embora a igreja seja uma dimensão bem importante da vida de todos os cristãos, não é isso que determina nossa salvação e nosso nível de intimidade com Deus.  Vida com Cristo é feita de relacionamento profundo e comprometido com ele. Os comportamentos são apenas resultado desse compromisso. Não adianta, por exemplo, ter um comportamento certinho e ir à igreja todo domingo, mas não ter verdadeira intimidade com Deus. Portanto, se seu amigo entende que Jesus é o Salvador e o Senhor da vida dele, se ele cultiva essa intimidade com Deus por meio da oração e da Palavra e se ele está disposto a obedecer a Deus, com o tempo Deus vai providenciar um modo de ele adorar e aprender junto com outros cristãos (desde que seu amigo se abra para isso). Seu critério para avaliar a seriedade espiritual de seu amigo deve ser esse relacionamento dele com Deus, e não o fato de ele ir à igreja ou não no momento.

2 – Em geral, Deus nos mostra a vontade dele um passo de cada vez. Sempre que oramos pedindo direção, podemos confiar que Deus vai nos mostrar o que fazer agora. Em se tratando de relacionamentos, Deus vai nos dando clareza à medida que conhecemos melhor a outra pessoa e convivemos com ela. Concentrem-se, portanto, em orar para que Deus lhes mostre como deve ser o relacionamento de vocês dois neste momento, confiando que, com o tempo, ele vai dirigir vocês. Eu sei que é difícil viver com incerteza sobre o futuro mais distante. Mas, Deus é bom, ele é confiável e ele quer o nosso bem. Portanto, podemos ter certeza de que ele vai nos guiar pelo melhor caminho.

3 – Ao pensar em namoro, mesmo que seja mais lá pra frente, é claro que precisamos pensar no nível de amizade e de afinidade que temos com o garoto, em como ele nos trata, se ele entende nossas lutas ou não (e vice-versa: se nós estamos dispostas a apoiar o garoto, entender as lutas dele e fazer bem para ele). Mas (e esse é um mas bem importante) esse não deve ser nosso único critério para avaliar se o relacionamento deve caminhar para mais compromisso. Só porque a gente acha que alguém “faz bem” para nós, não significa obrigatoriamente que essa é a pessoa que Deus tem para o resto da nossa vida. Nosso critério deve ser a disposição de nos sujeitarmos a Deus e de entendermos a seriedade da nossa dedicação e da dedicação do menino a Deus.

Minha sugestão é que vocês prossigam com essa amizade, que vocês leiam e estudem a Bíblia juntos pelo menos uma vez por semana e orem juntos todos os dias. Além disso, seria muito legal vocês procurarem uma pessoa cristã mais experiente que possa caminhar com vocês durante esse tempo de espera e de amizade (tipo, para fazer um discipulado – não precisa fazer isso na igreja). Orem para Deus lhes mostrar quem poderia ser essa pessoa.

Por fim, amiga, fico mais tranquila de saber que você está recebendo tratamento para suas questões. Eu entendo sua experiência, pois também tive um transtorno alimentar por vários anos e sei que isso traz muita tristeza, muito cansaço, muita dificuldade. Mas eu lhe garanto que Deus ama você de paixão e vai continuar derramando a graça e a misericórdia dele em sua vida. Jogue-se nos braços dele, que estão sempre dispostos a acolher você. E, se quiser companhia para essa jornada, conte comigo, ok? Estou à disposição!

Que Deus te abençoe, te guarda e te dê paz – e até a próxima 🙂

 

Kisses,

Su