Pergunta:

Oi, Su! Como vai? Por aqui as coisas estão indo bem, dei um tempo de redes sociais também e aí não falo muito com ninguém, nem corro o risco de continuar vendo coisas que me incomodam. Pelo menos até passarem os sentimentos mais intensos. Estou feliz com essa decisão. Em alguns momentos os sentimentos ruins ainda me pegam e me preocupam, mas tento não dar muita atenção. Tem uma coisa que faço, mas não sei se é saudável, mesmo que de vez em quando. Como forma de analisar como me sinto com alguém, tento imaginar um cenário. Por exemplo: no estado que estou no momento, se eu visse essa pessoa saindo com outra ou me falando de outra, como me sentiria? Se eu me sentisse bem, quer dizer que estou num bom processo de superação, mas se eu me sentir mal, provavelmente estou dando um passo para trás. Porém, reparei que esses pensamentos não são muito precisos. Depende do momento ou do dia. Tem vezes que não me afeta e outras que sim. Mas nesse caso, como posso saber que estou no caminho certo? Só confio no processo? A minha outra dúvida tem a ver com o perdão. Já a tenho há bastante tempo. Quando alguém nos faz mal, mas não pede perdão, não acho que seja obrigatório da minha parte perdoá-la. O que caberia a mim, especialmente para não deixar a raiva me corroer, seria decidir não dar mais atenção para aquilo (no caso em que não posso falar sobre o ocorrido com a pessoa, por exemplo). Mas isso não é perdão, né? Porque Deus nos perdoa quando estamos arrependidos e pedimos para Ele, Ele também é misericordioso e não leva em conta várias de nossas falhas. Se Deus perdoa quando pedimos, porque deveríamos perdoar quando a pessoa não pede? Você pode me explicar essa questão, por favor? Obrigada por ler! <3 D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Que bom que as coisas estão um pouco mais tranquilas dentro de você. E parabéns por sua sábia decisão de se manter afastada das redes sociais pelo menos até os sentimentos se aquietarem. É natural que esses sentimentos ainda batam à sua porta, mas não significa que você precisa convidá-los para entrar, tomar café e bater papo, né? kkk.

Estava pensando no exercício mental que você descreveu (de vez em quando eu faço a mesma coisa). A meu ver, pode até ser interessante de forma ocasional, mas não deve ser usado como referência. Como você mesma falou, os sentimentos variam, e a gente não pode se firmar em coisas que oscilam demais. Por vezes, a gente percorre longos trechos da jornada sem ter certeza absoluta se está no caminho certo. A gente confia no Deus que controla o processo e descansa nele (em vez de querer ficar aferindo e avaliando o processo o tempo todo). E, como Deus conhece todas as nossas necessidades, quando a gente realmente precisa de uma indicação que está no rumo certo, ele a fornece. Por isso, a gente não precisa viver na ansiedade.

Por fim, quanto ao perdão, vou lhe dizer como penso a esse respeito e o que me leva a considerar que é saudável perdoar até mesmo quem não pede perdão.

A meu ver, quando alguém nos magoa, nos ofende, nos faz mal, etc., é como se, aos nossos olhos, essa pessoa se tornasse nossa devedora. Ela nos devia respeito e não pagou. Ela nos devia afeto e não pagou. Ela nos devia compaixão e não pagou. E assim por diante. Temos duas opções: manter o registro dessa dívida para que ela volte à memória sempre que algo acontecer. Ou, apagar esse registro, como se a dívida tivesse sido quitada. O exemplo fundamental de alguém que pagou nossa dívida mesmo antes de a gente existir é Jesus. Ele nos perdoou muito antes de pedirmos. Quando pedimos e aceitamos seu perdão, as coisas mudam porque se torna possível nos relacionarmos com Deus, pois tomamos consciência de nossa necessidade de perdão e o aceitamos. E, pela ação do Espírito, passamos a viver de forma diferente.

Quando alguém nos ofende e escolhemos perdoar mesmo que a pessoa não peça, começamos a agir como se essa dívida não tivesse sido feita. Não cobramos da pessoa. Não a tratamos como “caloteira”, kkk. Se a pessoa entender a necessidade de ser perdoada, pedir e aceitar nosso perdão e passar a agir de forma diferente, existe a possibilidade de continuidade/restauração do relacionamento. É o que acontece inúmeras vezes por semana (ou até por dia!) em nossas interações mais próximas. Agora, se a pessoa não acha que está em dívida, não pede perdão e não muda de atitude, não há como nos relacionarmos devidamente com ela. Embora o “balanço geral das contas” esteja em dia (ela não deve nada mais para nós), não há como restaurar o relacionamento sem reconhecimento do erro. É o caso, por exemplo, de cônjuges que cometem abuso e se recusam a mudar. Quem sofre o abuso faz bem em perdoar, mas não tem como conviver.

Como tantas outras questões, o perdão é um assunto complexo, cheio de ramificações, mas esse é o resumo da ópera. Reflita sobre isso e diga o que você pensa 🙂
Que o Senhor conduzir você ternamente em seu processo, mesmo que você enxergue apenas o trecho que está bem debaixo do seus pés. Ele é Luz para nosso caminho – um passo de cada vez.

Kisses,

Su

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