Pergunta:

Oi, Su! Como vai? Iniciei com a psicóloga nova, já tem algumas semanas, e até que estou gostando. Mas ainda me sinto desanimada e triste, tem dias que não consigo fazer nada do que me proponho e isso me causa mais tristeza e também a culpa. Tenho medo de estar ficando com depressão, mas espero que não seja isso, e sim apenas uma fase mais conturbada. Sobre a situação com a menina, meus sentimentos não mudaram e isso vem me deixando triste também. Me pergunto se deveria me afastar dela, evitar qualquer aproximação, mas é complicado porque estamos fazendo um trabalho de campo, e isso exige que eu passe um bom tempo com ela. Mas além disso, eu gosto da amizade dela, nós somos parecidas em muitos pontos, e ela é uma das poucas pessoas na faculdade que eu consigo conversar sobre minhas dificuldades. Queria não estar sentindo nada disso, e poder enxergá-la como essa amiga, assim como me sinto com minhas outras amigas. Não sei o que fazer, Su. Também não tenho conseguido orar ou ler a Bíblia. Na verdade, eu diria que desde o ano passado estou muito afastada dele. Sabe, aconteceram várias coisas ruins na minha vida e eu ainda não consigo enxergar a bondade e o amor de Deus. Isso também me deixa triste porque não sei como sair desse ciclo. Por fim, aquele rapaz que eu te contei há algum tempo, começou a conversar um pouco comigo, pouquinha coisa, mas para quem nem me dava um “oi”, já é um grande avanço. Não sei o que vai acontecer sobre isso, ano passado eu pensei que haveria uma aproximação entre a gente. Não vou mentir que eu acharia o máximo, se de repente ele me notasse e quisesse ser mais próximo. Eu acho que esqueceria esse drama que estou vivendo, e meus sentimentos mudariam. É isso, Su, gosto de vir aqui desabafar sobre isso, porque sei que não posso falar sobre esse assunto com ninguém do meu convívio, o que é bem triste, na verdade. Principalmente com minha mãe, sabe… não entendo porque os pais são assim. Eles deveriam ser as pessoas em que os filhos sentissem segurança para conversar sobre seus dilemas. E eu tenho certeza absoluta que se eu falar que estou gostando de uma amiga minha, ela vai mudar comigo e me tratar como se eu não fosse filha dela, mesmo que eu não esteja feliz com o que esta acontecendo. Enfim, Su… Obrigada! Até mais! C.

Resposta da Sú:

Hello, C.! Tudo ok por aqui. Sempre bom receber suas mensagens 🙂

Fico preocupada com esse desânimo e tristeza que você descreve. Se é algo que já se arrasta por várias semanas, pode ser hora de marcar uma consulta com psquiatra. Você avaliou essa possibilidade com sua psicóloga? Aliás, espero que essa nova etapa de terapia seja proveiosa para você! Às vezes, leva um tempinho para a gente se ajustar a um(a) profissional diferente. Normal.

Você falou sobre os dias em que você não consegue fazer aquilo que se propôs para o dia. Já pensou em experimentar, de vez em quando, na medida do possível, não se propor nada exceto o mais básico (tipo, levantar da cama, alimentar-se, cuidar da higiene pessoal e só realizar tarefas essenciais)? Como seria isso?

E como seria se você parasse de julgar a si mesma por causa dos sentimentos por essa menina e pelo fato de não estar lendo a Bíblia e orando como você acha que deveria? O que aconteceria se você parasse de se culpar? O que aconteceria se você começasse a fazer orações bem curtinhas ao longo do dia, tipo: “Obrigada, Deus, por seu amor” ou “Pai, me ajude com X”?

Colocar mais pesos sobre si mesma obviamente não vai fazer você se sentir mais leve e livre. Se, por acaso, você está no inícioi de um quadro depressivo, a dificuldade de se relacionar com Deus e de aceitar esses sentimentos que estão em seu coração talvez faça parte desse quadro. Pense nisso.

Eu sei que estou sugerindo coisas difíceis e que parecem improdutivas, mas, em algunas casos, não fazer nada é fazer alguma coisa. Escolher não se condenar em razão de seus sentimentos por essa amiga e, ao mesmo tempo, escolher não agir em função desses sentimentos (tipo, não pedir para ficar com ela) é fazer alguma coisa – e, aliás, uma coisa difícil, daquelas que a gente precisa de forças de Deus.

Aliás, enquanto você se culpar, vai ser difícil se reaproximar de Deus, pois é bem possível que você imagine que ele também a esteja culpando e condenado, quando, na verdade, ele está de braços abertos querendo abraçar e ajudar você.

Felizmente, Deus não deixar de ser bom, amoroso e cheio de graça, quer a gente esteja em um momento que consegue enxergar isso ou não 🙂

E, vamos esperar e ver que rumo tomam essas novas interações com o rapaz que agora diz “oi” e conversa um pouquinho (com certeza, é um grande progresso! kkk).

“Esperar e ver” é algo que eu tenho grande dificuldade de fazer, e imagino que, nesse momento, também seja bem difícil para você. Mas, não desista de tentar descansar no cuidado de Deus. Mesmo que você não sinta a presença dele com você, ele está ao seu lado.

Você é sempre muito bem-vinda para dividir suas experiências aqui. Vamos crescendo e apredendo juntas!

Até a próxima!

Kisses,

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