Hello, D.! Estava relendo tudo o que você escreveu e preciso lhe dizer que várias de suas questões são coisas que Deus tem trabalhado na minha vida também.
Em vez de interagir separadamente com cada ponto que você colocou, gostaria de apresentar para você um conjunto de princípios que se aplicam a todos esses dilemas que, em última análise, podem ser resumidos em uma só questão: nossa verdadeira identidade.
A Bíblia nos diz que vivemos “em Cristo” (p. ex., Romanos 6.11). Portanto, aquilo que Deus diz a respeito de seu Filho, ele também diz a nosso respeito, pois quando Deus olha para nós, ele nos vê pelas lentes de Cristo e de tudo o que Cristo fez por nós. Preste bastante atenção no que Deus disse sobre Jesus no batismo dele: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria” (Mateus 3.17, NVT). Outras versões da Bíblia dizem: “De quem me agrado” ou “Em quem me comprazo”. O que Deus diz de Jesus aqui, é o que Deus pensa e diz de nós: “Você, D., é minha filha amada, que me dá grande alegria”. Não importa o que você faça ou deixe de fazer, pense ou deixe pensar, tenha ou deixe de ter, não importa o que outros pense ou digam de você e de suas ideias, você dá grande alegria e prazer a Deus. Ele se agrada de você. E, ele declara, sem restrições, que você é filha amada dele. ESSA É SUA IDENTIDADE!
Em nossa caminhada diária, porém, somos tentadas a nos esquecer de nossa verdadeira identidade de filhas amadas. Em vez disso, buscamos nosso significado mais profundo em três coisas:
1 – Você é aquilo que faz/pensa.
2 – Você é aquilo que outros dizem/pensam de você.
3 – Você é aquilo que tem.
Essas três identidades falsas são a causa da maioria dos nossos dilemas e de nossas ansiedades. Quer ver?
Quando nos sentimos culpadas porque não estamos usando nosso tempo de maneira mais “produtiva” ou “edificante”, é porque acreditamos na ideia equivocada de que somos aquilo que fazemos (precisamos nos esforçar para “ser alguém” na vida, alcançar realizações, etc.) e de que somos aquilo que temos (sucesso, bom emprego, relevância, respeito e aceitação de outros, etc.).
Quando nos sentimos irritadas, angustiadas ou arrasadas porque outros não concordam com nossas ideias, ou porque não conseguimos articular nossas opiniões de modo mais convincente, ou porque nossas opiniões não parecem ser devidamente valorizadas (inclua aqui todas as outras variações nessa área que você colocou em sua pergunta, rsrs) – isso significa que acreditamos na ideia equivocada de que somos aquilo que pensamos. É como se nossas ideias e nossa essência fossem a mesma coisa. Se alguém não concorda conosco ou não entende o pensamos, significa que nos tornamos uma “não entidade” para essa pessoa. Claro que isso é angustiante. Também pode ser sinal de que acreditamos na ideia de que somos aquilo que outros dizem/pensam de nós. As opiniões de outros a nosso respeito e a respeito de nossos gostos, ideias e valores também se confundem com nossa identidade.
Não existe uma fórmula mágica para sair desse cipoal de identidades equivocadas e nos firmar em nossa verdadeira identidade absoluta de amadas de Deus. Mas, como tenho descoberto aos poucos ao longo dos últimos meses, todos os nossos movimentos em direção a Deus, a um aprofundamento na compreensão do amor dele por nós e das implicações práticas desse amor, contribuem para nos libertarmos dessas identidades falsas.
Por exemplo: como você, eu fico angustiada quando tenho de discutir ideias, opiniões, valores com pessoas que veem o mundo de outra forma. Mas, se eu entender que nada disso é minha essência, meu cerne, minha identidade, começo a sentir mais liberdade para me expressar sem ansiedade, irritação ou tristeza em relação a qualquer reação que outros tenham. Quando esses sentimentos surgem, posso correr para os braços de Deus e reafirmar, repetidamente, “Eu sei que eu sou sua amada. Seu amor por mim é suficiente”.
Não estou dizendo que as coisas que você colocou não são importantes. Todas elas, desde uso do tempo, dedicação a desenvolver nossos talentos para o futuro, até formação e troca de opiniões, têm seu devido lugar em nossa vida. No entanto, não conseguimos lidar com essas questões de forma equilibrada, sensata e tranquila enquanto não gastarmos muito tempo e reflexão a nos aprofundar em nossa identidade de amada.
Lembra-se que em setembro/outubro eu fiz uma pausa aqui no blog? Então, eu estava em um período de silêncio e contemplação. Não expressei opiniões para ninguém, não busquei validação em amizades, não fiquei me preocupando se estava fazendo coisas “relevantes” para o presente ou para o futuro. Usei parte do meu tempo simplesmente para me aquietar na presença de Deus, lendo livros sobre esse assunto e tentando voltar meus pensamentos e sentimentos para esse amor infinito.
Como lhe disse, não existe mágica. Mas posso lhe dizer que esse processo de aplicar minha identidade de amada aos mais variados dilemas da vida tem começado a dar bons frutos – frutos de paz interior, de menor desejo/necessidade de me explicar para outros ou tentar convencê-los de coisas (mesmo quando tenho convicção de que são coisas boas e corretas), de menor ansiedade no trabalho (pelo menos um pouco, kkk) e por aí afora.
Eu sei que não respondi todos os seus pontos, mas gostaria de convidar você a refletir sobre tudo o que falei, pedir em oração que Deus lhe mostre esse caminho, e começar a tentar aplicar essa verdade a todas essas questões. E, se quiser, volte para contar com está sendo a experiência.
Aprender a viver como filhas amadas é uma jornada para toda a eternidade, pois o amor de Deus é infinito J
Bom fim de semana, e até a próxima!
Kisses,
Su