Graça e paz, L.!
Vamos começar do final, kkk.
Primeiro, a Bíblia não traz relatos de muitas coisas,
simplesmente porque não faziam parte da realidade dos tempos bíblicos, ou
porque não eram relevantes para a história que a Bíblia conta. Não existe
nenhuma passagem bíblica que diga, por exemplo, que alguém não gostava de
quiabo. Isso significa que é pecado detestar quiabo? Claro que não. É apenas um
assunto do qual a Bíblia não trata.
Nas culturas do
Antigo e do Novo Testamento, a mulher era altamente valorizada por seu papel de
mãe (mesmo porque, especialmente no Antigo Testamento, a cultura não deixava
espaço para desenvolver carreiras profissionais como hoje). Por isso a questão
da esterilidade era algo tão sério para mulheres como Sara, Ana e outras.
No Novo Testamento, porém, temos algumas mulheres que não são associadas de
imediato a filhos. Dorcas, por exemplo, era conhecida por seus trabalhos de
costura e serviço aos necessitados. Lídia era uma mulher de negócios que
colaborou com trabalhos missionários. Febe era líder na igreja. E Priscila era artesã
profissional, que trabalhava, viajava, ensinava e pregava junto com o marido. Em
nenhum momento são mencionados filhos desse casal. Não sabemos se essas pessoas
tinham filhos. É possível que algumas não tivessem.
Assim como nem todas as pessoas são chamadas para ser casadas, nem todos os casais são chamados para ter filhos. Deus tem uma história que ele escreveu para cada um de nós. E as escolhas que a gente faz, sob a direção Dele, precisam ser fundamentadas não apenas em passagens literais da Bíblia, mas em bom senso e naquilo que Deus vai nos mostrando aos poucos ao longo da vida. Meu marido e eu, por exemplo, viemos de famílias com várias questões sérias de saúde mental e com algumas questões genéticas com implicações físicas também. Esse foi um fator que pesou em nossa decisão de não ter filhos biológicos. E essa foi uma conversa que nós tivemos beeeem antes de nos casar. Ter filhos ou não é algo que precisa ser conversado e combinado, pelo menos em linhas gerais, antes de assumir um compromisso para a vida toda, para que não cause conflitos mais adiante no casamento.
Durante algum tempo, consideramos a possibilidade de adoção (uma ideia para você pensar, tendo em conta sua preocupação com sua bagagem genética) e oramos sobre isso. Mas, ao longo dos anos, entendemos que também não fazia parte da história que Deus escreveu para nós. E ficamos em paz com isso, apesar de questionamentos e incompreensão de outros. Uma vez que foi algo que Deus mostrou para nós dois, nunca nos arrependemos.
Por fim, lembre-se de que Deus não trabalha com esse sistema binário de bênção X castigo a torto e a direito. Ele quer se relacionar com você de modo próximo e dirigir seus passos. Ele quer que você converse com ele, apresente seus desejos, seus medos, seus planos, para que então ele mostre o que ele quer de você. Em última análise, talvez não faça diferença fundamental se nos casamos ou não, se temos filhos ou não. O mais importante é estarmos em um relacionamento de profunda intimidade com Deus. É desse relacionamento que as outras coisas vão fluindo, um dia de cada vez. Pense nisso 🙂
Até a próxima!
Kisses,
Su