Pergunta:

Desejo uma ótima Páscoa para você e sua família, Su! Que Deus abençoe vocês e lhes dê um dia de muita paz, reflexão e inspiração na presença dele, além de comidas gostosas (especialmente as de café da manhã, que você disse gostar)! Tenho várias perguntas, mas hoje enviarei duas. Se tiver as mesmas respostas para algo, tudo bem. 1. Tenho tentado estar mais presente no agora, experimentando a graça de Deus (como você falou) e aproveitando para tornar esses momentos uma oportunidade de fazer o mindfulness, porque acho mais prático fazer pausas para me concentrar no presente ao longo do dia do que escolher um horário para sentar e relaxar e passar o restante do dia na correria. Por meio de vídeos no YouTube e posts no Instagram, descobri o cottagecore e o slow living, e sabendo da minha natureza mais devagar, acho que encontrei um estilo de vida que favorece meu ritmo. Mesmo assim, quando penso naquelas pessoas que fazem um monte de coisas e que conseguem viver na agitação da cidade (da qual eu sinceramente, também gosto muito) fico com um pouco de inveja. Tenho a impressão de que se eu escolher o slow living, não estarei satisfeita. Me sinto mal por pensar assim. Então, o que posso fazer? Lembra aquela questão da identidade? Ainda estou trabalhando nisso, mas confesso que me chateia ter esses problemas com a comparação. Mesmo assim, continuo perseverando nas orações. 2. Me sinto culpada por me sentir feliz sabendo que o mundo está um caos. Parece errado sorrir ou chorar por coisas simples (embora dolorosas para mim), quando sei que agora tem pessoas passando por situações muito difíceis e traumáticas. Quero ajudá-las, não só elas, quero conhecer mais de política e sustentabilidade e finanças, mas parece coisa demais e difícil ajudar. Fico perdida. Caso você já tenha se sentido assim, o que faz para se acalmar? Sempre oro por essas pessoas e ando separando umas coisas para doar, mas parece muito pouco. Sei também que só sentar e ficar chateada não resolve. 3. Extra: qual a sua estação favorita? Não consigo me decidir, embora dessa vez esteja amando meu outono. D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Uma Feliz Páscoa para você também, com alegres celebrações do imenso amor divino expressado em Jesus!

Vamos às perguntas 🙂

1 – Muito legal saber que você está praticando mindfulness. Comecei há vários anos e ainda tenho um loooongo caminho de aprendizado pela frente. A meu ver, o mais proveitoso é ter uma combinação de coisas. Fazer uns dez minutinhos de silêncio pela manhã (o que combina perfeitamente com o tempo de oração e meditação da palavra) e manter-se presente no momento ao longo do dia. Eu sigo no insta uma pessoa que reúne com muita sensibilidade a fé cristã e o mindfulness. Dê uma espiada: https://www.instagram.com/cristaosquemeditam/

Quanto a cottagecore e slow living, é importante ter em mente que esses movimentos trazem uma porção de ideias excelentes, para adotarmos e adaptarmos de acordo com nossas realidades de vida. Precisamos, cuidar, contudo, para não idealizar a vida no campo, vivida de modo mais lento, a ponto de transformar isso em nosso maior objetivo de vida. Nasci em SP e, por muitos anos, curti demais a vida em cidade grande, agitação, etc., mas logo depois do casamento, resolvemos nos mudar para a “roça”, em uma região de chácaras menos de 100 km de SP (o que nos permite ver amigos e visitar livrarias, galerias, etc. na “cidade grande”, kkk). É muuuuito bom viver cercados de árvores, pássaros, esquilos, em um lugar de ar mais puro, com mais silêncio e serenidade. E ajuda um bocado para o tipo de trabalho que fazemos. Mas também tem desafios e desvantagens, como qualquer outro estilo de vida. A meu ver, o importante é você entender que a vida tem inúmeras estações e movimentos. Quando estamos no lugar em que Deus nos colocou para este momento, não estamos perdendo nada (o que ajuda a lidar com o FOMO e as comparações). Creio que a melhor forma de tratar desses sentimentos mistos e desejos por vezes conflitantes é pedir ajuda do Espírito para desenvolver uma profunda atitude de serviço, que nos leva a perguntar: Onde Deus quer que eu o sirva nesta etapa da minha vida? A resposta pode mudar ao longo dos anos. Pode envolver fases de agitação e realizações mais visíveis e fases de recolhimento e realizações que só serão vistas na eternidade. A vida dos servos pode não ter muito glamour, mas alegra o coração de Deus, nos dá satisfação e pode envolver uma grande variedade de estilos e propostas.

2 – Sim, entendo o que você está dizendo, pois às vezes me vejo nesse mesmo dilema. Uma coisa importante de manter em mente é que temos capacidade de vivenciar vários sentimentos ao mesmo tempo. Deus, que é infinitamente complexo e vivencia uma porção de emoções ao mesmo tempo, nos deu parte dessa complexidade dele. É possível estar intensamente alegre, feliz, cheia de contentamento, mas ter uma parte de seu coração que chora pelo sofrimento de outros. É possível ter profunda satisfação e gratidão pelas muitas dádivas que recebemos de Deus e, ao mesmo tempo, uma forte insatisfação com a situação do mundo e com o pouco que estamos fazendo para melhorar as coisas. A meu ver, é saudável aceitar e aprender a conviver com essa dualidade, com esse estado de tensão. O que acalma meu coração é pedir que Deus mostre uma coisa, por menor que pareça, que eu possa fazer hoje. Pode ser um conhecimento novo sobre sustentabilidade para dividir com outros, uma pequena doação para uma ONG que esteja distribuindo refeições no centro da cidade, o exercício de parar o trabalho no meio do dia para ouvir amigos que estão passando por situações de luto, enfermidade, desemprego, e orar com eles. Como disse acima, as formas de serviço são várias e, quando perguntamos para Deus, ele se alegra em nos mostrar o que ele tem para nós hoje.

E ele também nos ajuda a entender que essa ansiedade por “exercer impacto”, “gerar resultados” e “fazer grandes coisas” é a mentalidade do mundo, e não do Reino. No Reino de Deus, a gente traz nossos cinco pães e dois peixes e Jesus os multiplica para alimentar milhares de pessoas. Nossos gestos, ações e orações podem parecer pequenos e, com frequência, inúteis. Mas Deus os multiplica de maneiras inimagináveis (e, por vezes, invisíveis). Com a ajuda do Espírito, tenho procurado me apegar a essa realidade, especialmente quando os problemas e as tristezas do mundo ao redor parecem grandes e desesperadores demais. Nós somos impotentes, mas Deus é o Todo-Poderoso e, em sua bondade, nos dá recursos e, então, permite que os usemos de pequenas maneiras que, então, são magnificadas pelo amor dele.

3 – E, por fim, também gosto do outono, mas porque é precursor da minha estação predileta: o inverno! Amo frio, especialmente aqueles dias de céu azul com vento gelado. Fazem eu me sentir mais viva. Ainda preciso aprender a ser mais agradecida (e reclamar menos) no calor do verão, kkk.

Que você possa continuar a curtir seu outono com muita alegria, certa de que Deus está profundamente interessado em lhe mostrar onde e como realizar as boas obras que ele preparou de antemão para você (Efésios 2.10)!

Kisses,

Su

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