Pergunta:

Resposta da Sú:

Excelente pergunta, M.! Para começar, precisamos definir algo. A corte não é uma doutrina, mas sim, um costume presente em alguns círculos evangélicos. Doutrinas são as questões mais fundamentais da fé, sobre as quais a Bíblia fala e que dizem respeito a coisas como salvação pela graça, Trindade, segunda vinda de Cristo, etc. Costumes são interpretações que cada denominação dá para passagens bíblicas (ou princípios bíblicos), como forma de se vestir, forma de batizar e, neste caso, forma de começar um relacionamento de compromisso com o sexo oposto. A Bíblia não traz uma série de passagens que fundamentem a corte nem o namoro, mas traz princípios que podem orientar ambas as coisas.

Eu acho legal que a corte leva bem a sério a ideia de amizade antes de qualquer envolvimento físico, a importância de orar sobre o relacionamento antes de assumir compromissos mais sérios e a sabedoria de envolver outras pessoas no processo de escolha de um companheiro. Em contrapartida, algumas formas de corte parecem um tanto radicais: por exemplo, aquelas em que os pais escolhem com quem você vai fazer a corte, em que os líderes da igreja decidem quando o casal pode começar a fazer a corte, em que o casal nunca pode ficar sozinho, e em que não há nenhuma expressão física de carinho antes do casamento. A meu ver, esses modelos mais radicais impedem o casal de desenvolver maturidade, intimidade saudável (não meramente física, mas emocional e espiritual) e a independência de que precisarão para ter um casamento bem-sucedido mais adiante.

Se eu tivesse de me posicionar, diria que acredito em algo que fica entre os namoros que rolam por aí (que, muitas vezes, não têm muito diferença dentro ou fora da igreja) e o sistema de corte.

Acredito que antes do namoro deve sempre haver amizade, e que o compromisso de namorar deve ser antecedido de oração. Acredito que as duas partes devem pedir conselhos para os pais e estar dispostos a analisar esses conselhos com muita oração. Também é saudável pedirem orientação da liderança da igreja caso essa liderança caminhe com os membros. Não adianta pedir conselho (ou permissão!) para um pastor que nem conhece direito o casal. Também sou da opinião de que as expressões físicas de carinho devem ser proporcionais ao nível de maturidade, compromisso e intimidade em todas as outras áreas – não deve haver mais intimidade física do que há proximidade de alma, de ideias e de responsabilidade. Por fim, creio que cada casal precisa buscar o Senhor em oração e devoção e pedir que ele dê a sabedoria necessária para estabelecer limites dentro do relacionamento. Quando temos outras pessoas para definirem todas as regras para nós (uma longa lista de “podes” e “não podes”), muitas vezes acabamos confiando nessas regras, em vez de confiar na direção do Espírito e na sabedoria de Deus.

Qualquer que seja o nome dado para o relacionamento, é fundamental que o casal busque forças em Deus (e não em si mesmos) para interagir de forma que agrade o Senhor e que promova o crescimento dessa saudável dessa relação.

É isso, amiga!

Que Deus guie você em suas escolhas e decisões, com muita graça, entendimento, equilíbrio e clareza!

 

Kisses,

Su