Pergunta:

Oii, Su! Cai de paraquedas no seu blog e gostei muito! Tenho dúvidas sobre comparação, sei que Jesus sempre nos ajuda e o correto é redirecionar os olhos para Ele, mas tem vezes que faço coisas muito no “modo automático” como fazer mais coisas em casa pelo meu pai e para não me sentir um fardo… Além disso, tenho suspeita autista e estou lutando muito pelo meu diagnóstico, ficar a vida toda sem saber sobre isso, me trouxe muitas dores, como ansiedade, depressão, extrema timidez e etc, na minha infância até arrancava os cabelos e tinha algumas crises… Mas quem entendia, né?… Tudo isso de depressão , ansiedade social, melhorei ao saber em 2022 sobre o plano de salvação num site chamado “O que respondi” (antes disso me dizia cristã, mas foi só aí que aprendi sobre a graça do Senhor), até aí melhorei muito! (Como não, né?). Mas como qualquer cristão, tenho meus problemas e provas. Eu faço terapias, o que me ajuda muito, mas é difícil suportar tantas fases, me sentir infantil e deslocada (mas faz sentido se sentir deslocada, afinal, nossa morada não é aqui…). Amo escrever e me esforço, mas infelizmente não estou tendo um lucro, como se não se interessassem sem pelo que escrevo, ou não considerassem trabalho, que poucas pessoas lêem nos dias de hoje… Ou tudo isso junto! (O que me faz se sentir um fardo por não conseguir ajudar meus pais, além da dificuldade de encontrar outro emprego pela suspeita autista, pelos problemas da minha cidade que nem sempre tem oportunidades boas e por me sentir mal também, por meu sonho de escrever falhar). Melhorei muito, com Cristo, acima de tudo e terapias. Mas sabe aquelas coisinhas que só nós entendemos e que nem sua própria mãe entenderia?! Pois é… Queria ajuda para desligar meu “modo automático de aprovação” e se sentir um peso, infantil e um pouco sozinha. Mas tudo bem, descansarei no Senhor, apenas aproveitei aqui para desabafar e pedir umas dicas sobre como lidar com essa dor da espera, não me sentir tão incluída (embora tenha inclusive amigos PCD, como descrevi, tenho momentos em que não encontro humano que me entenda (e sei que poderia dar só dor de cabeça falar!) aprovação e etc. Espero ter sido clara, aguardo suas dicas (e talvez tipos de relatos) e mais uma vez elogio seu blog. Que a graça do Senhor te faça crescer mais. A.

Resposta da Sú:

Hello, A.! Que legal que você encontrou nosso blog. Seja muito bem-vinda!

Estava pensando no que você compartilhou e creio que a primeira coisa, a mais fundamental, é a gente sempre voltar para a maior verdade de todas: somos filhas inteiramente amadas, aceitas e acolhidas pelo Deus que nos criou, quer sejamos típicas ou atípicas. Isso não significa que não precisamos de bons relacionamentos com outras pessoas, mas, quando começamos a realmente assimilar que essa é nossa identidade, que é isso que nos define, algumas coisas podem mudar em nossas interações com outros. Por exemplo, muitas vezes, esforçamo-nos demais para agradar os outros porque imaginamos que a aceitação das pessoas nos fará sentir valorizadas. Na verdade, porém, se não acreditarmos que Deus nos aceita 200% do jeito que somos, a aceitação de pessoas nunca nos dará total satisfação. Estaremos sempre buscando mais. Se não entendermos que Deus não apenas nos ama (como se fosse obrigação), mas que ele gosta de nós, curte nossa companhia, ri das nossas piadas, chora junto com a gente, etc., não importa quanto sucesso tenhamos, sempre parecerá faltar alguma coisa. Claro que experimentamos aceitação, valorização, afeto e satisfação por meio de relacionamentos com pessoas, mas temos que lembrar que tudo isso é apenas um pequeno reflexo daquilo que Deus nos dá. Todos os “amores” em nossa vida são imperfeitos e causam decepções, insatisfações e sensação de incompreensão. O primeiro amor, aquele que recebemos de Deus antes mesmos de nascer, é o único amor perfeito e eterno. Quanto mais aprendermos a nos apegar a esse amor, mais saudáveis serão os outros relacionamentos.

Em minha experiência, essa compreensão é um processo que vai levar a vida toda, mas que pode crescer um pouquinho a cada dia. Eu também tenho características atípicas e dificuldades de me relacionar em alguns aspectos e posso lhe dizer que, no momento certo, quando mais precisamos, Deus envia pessoas que nos entendem na medida necessária, que fazem com que nos sintamos parte da comunidade humana (e não “alienígenas”, kkk). Vamos sempre ter momentos de vazio, de hesitação em nos aproximar de outros, de medo de sermos inadequadas, esquisitas, e por aí vai. Mas, Deus sempre entra em cena no momento certo, seja de modo direto, ao falar a nossa mente e nosso coração, ou de modo indireto, ao usar pessoas, músicas, livros. E o que ele nos dá sempre satisfaz 🙂

Fico feliz de saber que você faz terapia e procura usar recursos diversos para ajudá-la. Essas coisas são presentes de Deus para nós, que ele coloca a nossa disposição para nosso bem. Espero que você receba em breve um diagnóstico mais claro e, a partir disso, possa trabalhar questões específicas. Deus sabe, porém, o tempo certo.

Da mesma forma, ele conhece o momento certo para que seu trabalho como escritora seja reconhecido (de novo, falo por experiência própria). Pense nesse período como tempo para amadurecer ideias, adquirir experiências e aprimorar sua técnica. Adoraria saber mais sobre o que você escreve. Passe aqui de novo para contar!

E, embora seja difícil se sustentar como escritora no Brasil (especialmente de ficção, não sei se é o seu caso), existem muuuuitas coisas que alguém que sabe escrever bem pode fazer. Podemos conversar mais sobre isso, se você quiser. Sua preocupação de ajudar em casa é válida, mas não deve ser motivo de ansiedade e angústia.

Continue a conversar com Deus sobre essas questões e separe tempo com frequência para se aquietar diante dele. Esse é um grande desafio para mim, mas Deus sempre ajuda quando peço que ele me mostre maneiras de andar ainda mais perto dele, de confiar no amor incondicional dele e de refletir esse amor para outros.

Muito obrigada por suas palavras tão amáveis! Espero que este seja o começo de outras conversas. Sempre que quiser trocar uma ideia, estamos aqui 🙂

Até a próxima!

Kisses,

Su

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