Hello, L.! Entendo seus sentimentos. Com base no que você descreve, acho que há alguns elementos que estão contribuindo para essa confusão. Vamos pensar juntas:
1. Para começar, antes que o mundo se tornasse tão fortemente erotizado quanto hoje (claro que, em alguma medida, sempre foi, mas internet, outras mídias e mudanças na sociedade intensificaram nosso acesso a conteúdo sexual), havia um número imenso de pessoas demissexuais. Aliás, a meu ver, dentro do ideal de Deus, a atração sexual foi criada para acontecer dentro de um relacionamento com laços de afeto. Nós é que bagunçamos as coisas ao longo do caminho. Não existe absolutamente nada de errado, diferente ou estranho, portanto, em ser demissexual (pelo contrário!). Esse foi só um nome que nós criamos para uma realidade pensada por Deus e presente desde sempre.
2. Também tem muitas meninas que não sentem nada olhando nudes de meninos (mesmo do namorado) – e tudo bem. Precisamos cuidar para não achar que todas as pessoas precisam reagir da mesma forma a este ou aquele tipo de estímulo, pois isso acaba nos levando a criar (ou usar) categorias falsas. Eu não tiraria nenhuma conclusão com base no fato de que nudes do seu namorado não estimularam você. Como em tantas outras áreas da vida, é melhor não se afundar em comparações. Cada pessoa tem um conjunto pessoal de reações, sentimentos, atrações, etc.
3. Em maior ou menor grau todas as pessoas sentem alguma curiosidade sobre como seria estar com alguém do mesmo sexo. E o fato de sentir alguma coisa ao fantasiar ou ver imagens também não é indicador confiável, pois envolve um monte de variáveis. O que tem acontecido em tempos mais recentes é que quando sentimos qualquer atração por alguém do mesmo sexo, mesmo que seja apenas ligada a curiosidade, vamos logo procurando rótulos. Essa história de precisar dar nomes para tudo nem sempre é produtiva. Eu entendo que muitas pessoas associem toda a sua identidade a suas preferências sexuais, mas, sabemos que nossa identidade é muito mais que isso. E, aliás, como cristãs, entendemos que nossa identidade essencial vem de Cristo, de quem ele diz que nós somos (de novo, precisamos estudar a Bíblia e passar tempo com Deus para ir entendendo aos poucos o que isso significa). Dentro dessa perspectiva, portanto, nossas preferências, tendências ou perplexidades sexuais são importantes, mas não ocupam o topo da lista de itens que nos definem.
4. Mesmo que você tenha uma atração por pessoas do mesmo sexo, não existe motivo para entrar em pânico a esse respeito, como se o simples reconhecimento desse fato (supondo que seja um fato) fosse algo terrível, que faria você perder a salvação ou ser alvo da ira de Deus. Não é por aí. Você tem liberdade de pensar nesse assunto (sem ficar obcecada, kkk) e tem liberdade de fazer escolhas. Existe um mito hoje em dia de que nossa sexualidade nos escolhe e que não podemos fazer nada a respeito. A meu ver, podemos sim ter esta ou aquela preferência, mas isso não significa que precisamos agir em função dela ou definir nossa vida em torno dela. Podemos escolher se vamos explorar isso ou não – e precisamos de direção e sabedoria de Deus para fazer essa escolha.
5. Em minha opinião, portanto, talvez você encontre mais leveza em sua vida sexual se você simplesmente apresentar a Deus tudo isso que você me falou sem culpa, sem rótulos e sem ansiedade. Deus criou você, ele conhece seus sentimentos e desejos muito melhor do que você mesma e ele é o maior interessado em lhe mostrar o que fazer com eles.
E, para terminar, você está muito certa de perceber como a exploração do simples prazer físico sem profundidade de relacionamento é algo vazio, sem sentido e que não satisfaz. Portanto, amiga, peça ajuda de Deus para cultivar bons relacionamentos de amizade e de afeto. Esse é o ponto de partida para uma visão saudável da sexualidade.
Até a próxima!
Kisses,
Su