Pergunta:

Oi, Su! Obrigada pelas respostas!
Eu gostaria de sua ajuda para “polir” uns pensamentos. Sigo um canal no youtube que faz playlists de músicas cristãs (inclusive, se alguém se interessar é “remain in the vine”). Na comunidade eles também postam textos bíblicos e explicações. E em duas vi uma pessoa que disse coisas como “infelizmente eu continuo não salvo” e em outra ocasião falava sobre como tem colocado outras coisas em primeiro lugar ao invés de Deus, e que embora saiba da importância de priorizá-lo e que sem ele está destinado ao inferno, não consegue ficar assustado ou triste com isso, uma vez que acredita que essa deveria ser sua reação. Três pessoas responderam, explicando corretamente sobre a salvação e sobre o relacionamento com Deus, mas a impressão que eu tive, é que essa pessoa acha que tem que mudar do dia pra noite se crer em Jesus, que tem que gostar de cada passo da caminhada com ele, que não pode ter sentimentos negativos. Eu queria dizer para ela: “conte tudo isso para Deus. Se não sentir vontade de falar com ele, se não quiser priorizá-lo, se preferir outras coisas a Ele. Seja honesto e peça por ajuda, pois ele vai colocar no lugar esses sentimentos. Não foque em ser perfeito. Vá com suas imperfeições.” Sabe, Su, eu sempre achei difícil orar. Mesmo que se trate de conversar com Deus, muitas vezes acho cansativo e não gosto. Eu oro, mas é meio que uma luta entre o que é certo e o que é minha vontade (e pra não ficar viajando nos meus pensamentos e ser altruísta ao pensar nos outros). E falo disso para Deus. É feio, mas é a verdade. Não é o ideal, mas é melhor contar pra ele e pedir uma nova percepção das coisas. Jó falava tudo. E naquela época de 2016, aprendi a importância disso e fui socorrida. Eu acho que devemos buscar a Deus mesmo quando ele ainda não vem primeiro em nossas vidas. Aliás, o que será que “vir primeiro’ significa na vida dessa pessoa? Será que ela pensa que é fazer devocional assim que acorda? Orar antes de cada ação? Como você não tem bola de cristal, também não vai saber, né, Su kkkkk mas eu fiquei pensando que talvez ela estivesse se sentindo culpada por um fardo colocado por si mesma e não por Jesus. Então, o que eu gostaria de saber é se minha visão de conversar com Deus mesmo quando ele não é nossa prioridade é correta. Porque eu acho que todo relacionamento é assim. No início as pessoas não são tão significativas para nós, até serem nossas amigas, por vezes, mais chegadas que irmãos. Todos nós aprendemos a amar e nos relacionar com quem hoje chamamos de pai, mãe, irmão, irmã, amizade, esposo, esposa…foi o relacionamento contínuo que as tornaram especiais. D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Seus questionamentos são muito válidos. Muitas vezes, não pensamos com calma sobre algumas coisas e simplesmente “papagaiamos” o que ouvimos outros falar, sem refletir sobre o que realmente significa.

Para começo de conversa, é bom lembrar que a iniciativa é sempre de Deus. Portanto, qualquer movimento de uma pessoa em direção a Deus acontece como resultado de uma ação do Espírito Santo. E, como a gente sempre fala aqui, nossa vida espiritual é, do começo ao fim, feita de processos, de “despertamentos” e mudanças que muitas vezes levam tempo. Como você colocou bem, ninguém prioriza um novo relacionamento “do nada”, todos nós aprendemos a amar e nos relacionar até com as pessoas mais importantes de nossa vida. O mesmo acontece com Deus. Além disso, o relacionamento de cada pessoa com ele tem uma cara, um jeito. Muitas vezes eu converso com Deus em frases curtas, soltas, ao longo de todo o dia, no meio das outras coisas. É uma coisa meio “bagunçada”, que muda de cara com frequência. Sei de pessoas que fazem listas e separar um período marcado no cronômetro (kkk) para fazer suas orações. Em minha opinião, Deus tem grande prazer em nos mostrar como ele quer se relacionar com cada um de nós – é feito sob medida, e não cheio de regras e padrões.

E, por fim, relacionamentos têm fases. Haverá períodos em que estaremos mais (ou menos) apegadas a Deus. Claro que somos chamadas a sempre buscá-lo, mas isso não será exatamente igual em todos os períodos de nossa vida.

Concordo plenamente, portanto, que nossa parte é ser honestas com ele. Dizer que não estamos a fim de orar ou ler a Bíblia, falar na cada dele que tem coisas que a gente não gosta, ou não concorda (os profetas da Bíblia fizeram isso!), pedir ajuda dele, sempre voltar para ele, mesmo depois de colocá-lo em segundo plano por dias, meses ou anos.

Aliás, não acho que seja saudável a gente ficar o tempo todo tentando medir e avaliar se Deus é realmente nossa prioridade ou não. Não existem escalas e parâmetros para isso.

É muito melhor simplesmente lembrar que somos incondicionalmente amadas, que Deus está de braços abertos sempre nos esperando e sempre nos puxando para perto dela. Nossa parte nessa história é não resistir, é nos render cada vez mais ao amor dele. E até para isso a gente conta com a ajuda do Espírito – sem neuras, sem culpa, sem cobranças.

Vivemos na certeza de que Deus não vai nos deixar à beira do caminho, no meio da jornada. Ela vai completar em nós tudo o que ele começou. Quando descansamos nessa verdade, às vezes (nem sempre, kk) fica mais fácil voltarmos nossos pensamentos para ele com maior frequência e deixar que ele ocupe cada vez mais espaço em nossa vida.

Bom feriado para você, amiga!

Kisses,

Su