Hello, L.! Entendo sua perplexidade. Essa questão de sexo e coabitação (morar juntos) antes do casamento deixa espaço para algumas diferenças de opinião entre cristãos, pois não é tratada de modo claro na Bíblia. Minha visão sobre esse assunto, como sobre vários outros, é de que existe o princípio geral, que está por trás das respostas que eu apresento aqui. Um princípio geral não é uma lei inquebrável, mas é uma diretriz baseada em motivos arrazoados. Isso significa que pode haver a possibilidade exceções, desde que elas não sejam contrárias ao princípio em si. Tanto quanto eu entendo, o princípio bíblico para o sexo é que a intimidade física deve ser proporcional à intimidade em todas as outras áreas e, o que é igualmente importante, proporcional ao nível de compromisso entre as duas pessoas. Sexo não representa apenas uma ligação física, mas uma ligação de alma. É para dar prazer físico, mas também é para expressar a profundidade do relacionamento como um todo. Em alguns casos não muito frequentes, acredito que seja possível duas pessoas serem plenamente comprometidas uma com a outra mesmo antes de terem feito as promessas/votos de casamento. Nesses casos, o casamento não é um “se”, mas um “quando”. É uma questão de tempo. Dentro do contexto dessas exceções, maior intimidade física e coabitação podem até fazer sentido dentro de um período de transição para o casamento. Mas, como todo mundo se considera uma exceção nessa área (e a maioria não é, kkk), o princípio geral é esperar até que haja um compromisso sério, pleno e público. Portanto, sexo não é só uma questão de “casou e aí tá liberado”. Com base nesse princípio de intimidade em todas as áreas, muitos casados nem deveriam estar fazendo sexo, pois têm compromisso apenas “oficial”, mas não de coração. Percebe o cerne da questão?
Aliás, isso nos leva ao segundo ponto, de coabitação para “ver se dá certo”, tipo, um período de teste. Eu entendo a lógica dessa ideia, mas ela tem uma falha: ela não vê o casamento como Deus o vê. Quando existe compromisso e intimidade suficientes para duas pessoas se casarem, sempre existe uma forma de lidar com as coisas do dia a dia. As pessoas muitas vezes se divorciam por causa de dificuldades domésticas porque, na verdade, não havia um compromisso absoluto inicial e porque falta comunicação eficaz, aberta e madura – e falta atitude de serviço um ao outro. Cada um entra no casamento querendo apenas a própria felicidade e conveniência. Claro que em um casamento em que as duas partes não têm um compromisso com Deus e não contam com a ajuda dele, é muuuito difícil pensar dessa forma. Aliás, por favor entenda que não estou idealizando o casamento. Venho de uma família em que houve múltiplos divórcios, traições, abuso, etc. Casamento é algo difícil, que exige sacrifício, dedicação, esforço e renovação diária da decisão de amar o outro e buscar o bem dele. Mas é no meio dessa dificuldade toda que Deus faz as coisas mais incríveis e nos dá muitos bons presentes. Eu acredito na possibilidade de divórcio para três “As”: Adultério, Abandono e Abuso (físicos ou emocionais). Em outras situações, porém, é uma questão de confiar que Deus vai mostrar outra saída. Essa é a beleza do casamento que a gente não vê na coabitação. Se é apenas um test-drive, se tem uma saída fácil caso as coisas fiquem complicadas, não existe compromisso suficiente para desenvolver intimidade profunda. E não há espaço para ver Deus agir como ele age dentro do compromisso para a vida toda.
E, por fim, assim como nem todos são chamados para se casar, também nem todos são chamados para ser pais. Meu marido e eu não temos essa vocação e, portanto, nunca desejamos e nunca tivemos filhos. Isso não torna o casamento menos real, nem significa que nós dois não somos uma família. É apenas o chamado que Deus tem para nós.
Portanto, amiga, não interprete de forma negativa sua falta de vontade de casar e ter filhos. Busque direção clara de Deus. E saiba que, qualquer que seja o chamado que ele tem para você, ele vai lhe dar todos os recursos necessários para segui-lo e muitos presentes maravilhosos associados a sua vocação.
Esses assuntos são bastante profundos e complexos, e aqui a gente tocou só a superfície. Portanto, se tiver mais dúvidas, é só escrever novamente.
Até a próxima!
Kisses,
Su