Pergunta:

Olá, Su! Tenho várias dúvidas que me acompanham a algum tempo e gostaria da sua opinião. Sobre estética: 1. Quanto a coisas como depilação, eu sou a favor de que a mulher faça se ela quiser. Eu depilo as pernas por exemplo, de uma a três vezes no ano, só se eu for usar vestido ou bermuda fora de casa. Mas não tenho coragem de ligar o “dane-se” e sair sem depilação na rua, seja das pernas, das axilas ou mesmo do buço. Sinto que faço isso mais por pressão do que por necessidade. Tenho vergonha de sair assim, por mais que eu admire quem consiga e queira ser assim também. Pessoalmente, acho que vestidos ficam mais bonitos com pernas depiladas kk, mas fora isso, tanto faz. Como vencer o medo do julgamento dos outros? 2. Meu cabelo “original” é crespo, mas gosto muito de fazer selagem. Entretanto, às vezes penso que se Deus me fez com cabelo crespo ele: a) gosta de mim assim b) me deu liberdade para usar meu cabelo como eu quiser, inclusive diferente do que ele fez Faz muitos anos desde que eu vi meu cabelo de verdade, na época não tinha essa valorização de agora. Eu usava tranças na maior parte do tempo e amava uma chapinha! Mas eu sei que só gostava tanto disso porque não tinha referências de meninas com cabelos como o meu. Agora que tenho, não quero mudar. Meu sonho de infância era ter um cabelo grande e liso e esse continua sendo um dos meus desejos. Me questiono se devo achar meu cabelo bonito do jeito que Deus fez, porque eu até sei que ele é e acho isso, Deus não faz coisas feias em nós, mas não tenho garantia nenhuma de que vou gostar de como meu cabelo vai ficar se eu parar com a selagem. Se eu PRECISAR ficar com meu cabelo natural, eu fico e aprendo a gostar cada vez mais dele, mas se eu não precisar, quero ficar com ele assim por mais um tempo. Porque eu acho que não adianta parar de selar e ficar insatisfeita. Su, você acha que temos que gostar de tudo o que Deus faz? Tipo nossos cabelos? 3. Recentemente tenho parado com produtos testados em animais e trocado por marcas totalmente veganas, mas os produtos para cabelo e para a pele do rosto acneica que tive a oportunidade de testar até agora, não são tão bons quanto os testados, infelizmente. Minha mãe ficava me falando isso, mas eu não acreditava muito. Fomos na dermatologista e ela falou que, de fato, a tecnologia dos produtos cruelty-free não é tão avançada quanto as marcas não veganas. Que especialmente para pele com acne eles ainda não eram tão bons, que ela até podia me indicar, mas o efeito não seria o mesmo. Meu cabelo também não estava gostando dos xampus veganos, estava muito difícil de escovar, dando nó toda hora. Eu quero ajudar nessa causa, mas não quero tratar mal o meu corpo por causa disso, como se fosse unicamente o creme que eu compro que apoia TODA a indústria não vegana. Não posso mentir para você e dizer que não ligo para as machas de acne, para o quanto minha pele ficou seca usando sabonete de carvão (que eu descobri só depois que não era para usar todo dia) ou que não ligo para a textura do meu cabelo. Aqui em casa, adotamos a medida de comprar produtos veganos na medida do possível. A dermato também sugeriu usar Roacutan como a melhor forma de combater a acne sem usar produtos não veganos. Minha primeira experiência com Roacutan foi de deixar minha pele incrível, mas meus lábios descascavam o dia inteiro e meu cabelo ficou mais seco. Me pergunto se estou sendo muito egoísta, tenho pensado em voltar para o Roacutan mesmo. Nem sei por que essas espinhas continuam aparecendo se já entrei na fase adulta. Qual decisão você tomaria? Me sinto um pouco hipócrita, tipo, quando “posso” ajudar o mundo, não ajudo porque prejudica minha aparência externa, mas fico muito triste quando olho meu rosto e ele tá todo manchado, minha autoestima desaba um pouco. Tento não ligar, mas não adianta. Eu me importo. Por último, como você compra ovos e leite com certificado de bem-estar animal? Eu procurei e não encontrei. Abraços! <3 D. P.s.: eu pretendo experimentar outros produtos veganos para cabelo e pele do rosto futuramente, para ir alternando as marcas e conhecendo as que dão certo para mim, mas preciso de uma pausa deles por enquanto. P.s.2 uma última coisa, hehe! Quando falo sobre minha autoestima desabar um pouco, não é como se eu me detestasse ou fosse incapaz de ver minha beleza, mas fico incomodada e triste, porque já houve uma época em que minha pele não era assim. Eu lavo o rosto direitinho e cuido para clarear as manchas, tento não espremer espinhas (o que é MUITO difícil e geralmente não consigo) e recentemente diminuí o açúcar, o que deu um help.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Se serve de consolo, você não está sozinha em seus dilemas – tanto sobre questões de aparência quanto sobre sustentabilidade, veganismo, etc. Muitas vezes me vejo fazendo as mesmas perguntas, e sei de várias outras pessoas que também lidam com essas perplexidades. Vou compartilhar os caminhos que temos encontrado aos poucos (ainda há muito chão pela frente!).

1 e 2 – O fato de Deus ter criado cada um de nós de forma singular em nossa aparência não significa que somos proibidas de fazer qualquer alteração nessa aparência. Os itens a) e b) que você listou acima são verdadeiras e não são mutuamente exclusivos. A meu ver, temos liberdade em Cristo de explorar possibilidades (penteados, depilação, maquiagem, etc.) desde que isso: (1) não envolva intervenções grandes (como vários tipos de cirurgias plásticas, implantes, lipo, etc.), nem implique outros riscos à saúde (nossa e, por vezes, de outros; p. ex., algumas químicas para cabelo podem ser tóxicas para nós e poluir o meio-ambiente, o que faz mal para todo mundo); (2) não consuma recursos, tempo e espaço mental que poderiam ser mais bem usados para outras coisas prioritárias (precisamos resolver em oração, de forma individual, que lugar essas coisas vão ocupar em nossa vida); (3) não seja uma forma de definir nossa identidade (tipo, eu só sou “eu mesma” se me depilar ou não me depilar – essência e aparência andam juntas, mas são distintas).

Meu conselho é que você fique aberta, ao longo dos anos, para experimentar coisas diferentes, consciente de que, se você não gostar ou não funcionar, não precisam ser adotadas como hábito. Não tem nada de errado em você preferir seu cabelo de jeito X ou Y, mas também pode ser divertido experimentar algo novo.

Essa é uma área muuuuito interessante de nossa vida, pois está ligada a nossa intimidade com Deus e com aquilo que ele deseja que nós vivenciemos hoje. Não se obrigue a sair sem depilar pernas, buço, etc. Mas, coloque isso diante de Deus e, se surgir o desejo de tentar algo diferente, peça coragem e vá em frente!

Hoje faço coisas que jamais imaginaria alguns anos atrás. Mas elas não foram forçadas. O desejo de mudanças veio naturalmente, uma pequena experiência de cada vez, à medida que fui perguntando para Deus o que ele achava legal para o momento.

3 – O mesmo princípio se aplica a produtos veganos e sustentáveis de vários tipos. Tenho descoberto a duras custas que, pelo fato de vivermos em um mundo imperfeito, jamais seremos capazes de ser perfeitamente coerentes em todas as coisas. Às vezes me sinto confusa ou triste por causa de um produto que escolho, mas em vez de entrar em parafuso, tenho procurado usar essas ocasiões para conversar com Deus, para perguntar: Qual é o melhor que posso fazer dentro da minha realidade? O que terá mais efeito positivo para o mundo ao redor no quadro mais amplo? Por exemplo, há quem gaste tanto dinheiro com alimentos “certos” que não prioriza recursos para dar cestas básicas aos famintos. Ou, há quem não tome vacina para covid (ou outras doenças) porque não é vegana e, com isso, coloque em risco a saúde/vida de muitos.

Enquanto estivermos aqui na terra, sempre teremos alguma discrepância ou incoerência em nosso modo de viver. É inevitável. Mas, como nas questões de aparência, se ficarmos abertas para a direção de Deus, ele mostrará o melhor, um passo de cada vez. Continuamos a ter dilemas, dúvidas e crises de consciência, mas também podemos voltar sempre ao descanso de saber que Deus é o maior interessado em nos mostrar a vontade dele para aquilo que realmente importa – e de nos ajudar a distinguir entre o que é fundamental e o que tanto faz. De um jeito ou de outro, a gente sempre volta a esse ponto.

Quanto a alimentação que leva em conta o bem-estar animal, existe um site com vários recursos. Veja aqui: https://certifiedhumanebrasil.org/ Tem um aplicativo que ajuda você a encontrar produtos perto de sua casa.

Ovos e frango: https://www.korin.com.br/ e também https://www.sadia.com.br/bio/

Como amo queijo, fiquei super feliz de descobrir, pertinho da minha casa, uma fazenda com laticínios que têm certificação de bem-estar animal (resposta de oração!): http://laticiniosgioia.com.br/novosite/ Eles vendem em outros lugares também. Dê uma espiada.

E, para leite, a melhor solução que encontrei por enquanto (em termos de produto, tipo de embalagem), foi esta: https://www.ninho.com.br/produtos/ninho-organico?gclsrc=aw.ds&gclid=Cj0KCQjw_8mHBhClARIsABfFgpjMpz7bKnzbgKEopobInZOEvfml5LVYXC1R314IOCS50tm4ymEyyEgaAnzhEALw_wcB&gclsrc=aw.ds

Temos feito várias experiências aqui em casa, levando sempre em conta custo/benefício, boa nutrição e, de novo, o que Deus quer para nós hoje – talvez amanhã seja outra coisa, kkk.

Que o Senhor dirija você e sua família, um passo de cada vez, nessa excelente jornada!

Kisses,                                                                                        

Su

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