Pergunta:

Oi, amiga! Estou de volta, hoje para conversar sobre meus sentimentos românticos. Já aviso que será longo. Também gostaria de saber da sua parte: 1. Você era/é uma pessoa naturalmente romântica? 2. Como você sabia que o que estava vivendo era amor? Deixa eu te contar minha história: desde que eu me entendo por gente (isso significa, desde os 3/4 anos de idade) eu SEMPRE estive apaixonada por alguém. Se fiquei sem sentir isso deve ter sido no máximo por alguns meses, eu nem mesmo me conheço sem esse sentimento. Procurei agora mesmo na internet por “vício em paixão”, mas o que foi falado nos sites não me descreve. Eu não fico com aquela sensação de “tudo posso” o tempo inteiro. Por exemplo: no início de uma paixão ou quando algo romântico me acontece, fico tão fora de mim que posso passar horas sem comer, beber, ir ao banheiro e fico super desconcentrada também e altamente feliz. Mas isso é coisa de um dia ou algumas horas, é a minha paixão avassaladora, mas no dia a dia não é assim. O que quero dizer é que nos sites que vi, o vício em “paixão” era ficar sentindo coisas extremas, mas não é isso que acontece comigo quando digo que sempre estou apaixonada. Talvez nem seja paixão, talvez eu só esteja sempre pensando romanticamente em alguém, ou imaginando um cenário em que me apaixono. E sobre o menino que gosto agora, nem sei o que está acontecendo com meus sentimentos. Não sei se eu gosto mesmo dele ou se só me acostumei a pensar isso, e nem sei se gosto mesmo sendo que senti algo romântico por outros meninos enquanto acreditava gostar dele, afinal, eu não estava compromissada com ninguém mesmo, podia pensar em quem eu quisesse, mas também não posso dizer que curto esse sentimento, porque parece que não sei o que quero, não sei até que ponto meus sentimentos românticos foram sinceros. Recentemente, tentei aceitar os sentimentos conforme eles vinham. Se um dia eu me sentia super apaixonada por ele, okay. Se em outro eu só estivesse interessada nos meus estudos e séries e até esquecesse esse “””amor””” okay. Se em outro meus pensamentos se dividissem em um monte de coisas, okay também. Mas mesmo isso passou a ser doloroso. A questão atual é que não quero gostar dele, porque tem várias vezes que eu percebo que não temos nada a ver romanticamente falando e parte de mim cria expectativas. E tem outras coisas. 1. Me assusta a ideia de acordar pelo resto da vida com uma mesma pessoa, por mais bonito que isso seja e de certa forma, o que eu espero num relacionamento. Fico com medo de algum dia enjoar da pessoa. Sempre que penso “eu digo que gosto desse menino, acho até que o amo, mas seria capaz de passar toda minha vida com ele?” e aí percebo que essa possibilidade não me agrada, acho que não é amor de verdade. Sei lá. Acho meio difícil explicar. 2. Dizem que a paixão dura de 1 a 3 anos, mas eu meio que gosto dele ou sinto alguma coisa quase há 6. O que tá acontecendo?! Aaahhhh! Kkkkk 3. Quero conhecer outros meninos. Sinto que meu conhecimento de rapazes é muito pequeno. Não é que eu queira sair namorando todo mundo, só quero conhecer outras personalidades. Mas…parece que não há ninguém como ele. Tenho a sensação triste de que sempre vou pensar nele, comparar os meninos com ele. 4. Ainda lembro do meu “primeiro amor” que teve um desfecho super doloroso no meu coração (ciúmes da minha parte [embora eu não demonstrasse], falta de confiança e estima por mim mesma, tantas unir o menino que eu gostava com a menina que ele gostava quando eu AINDA gostava dele, ele me ignorar quando nos vimos anos depois, eu chorando sobre isso para minha mãe e outras coisas) Parte dessa história vai fazer 10 anos. Por que isso ainda está na minha cabeça? Não sei, mas queria que tivesse ido embora. 5. Quero viver sem paixão por alguns anos, aproveitando minha solteirice e conhecendo a mim mesma sem esses sentimentos. Mas parece que meu ser sempre se agarra a alguém e cria uma história na minha cabeça. Não uma história super elaborada, mas encontros e conversas com alguém que nem faz parte da minha realidade e que não tá nem ligando pra mim (tipo o menino da igreja aquela vez). 6. Meus pais tem um relacionamento saudável e bonito, graças a Deus. E sei o que quero na minha vida amorosa em partes por olhar para eles e em partes por olhar outros casais que gosto. Sempre fui bem cuidada e amada por eles na minha infância, não sei que tipo de coisa pode ter me faltado para eu ser assim. Muito obrigada por ler. Agradeço qualquer conselho que você me der sobre tudo isso e se é normal. Tudo de maravilhoso para você! <3 D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Bem-vinda de volta 🙂
Primeiro as respostas para suas duas perguntas:

1. Lamento informar, mas nunca fui romântica (embora às vezes goste de ler livros românticos antigos, tipo Jane Austem, kkk). Apaixonei-me algumas vezes, mas nunca fantasiei muito um relacionamento maravilhoso. Não tinha nenhum sonho e nenhum plano de me casar. Vim de uma família suuuper bagunçada, com exemplos muito negativos de casamento, e não queria nada desse drama para mim.

2. Maaaaas, Deus tinha planos bem diferentes e, de uma longa amizade, nasceu inesperadamente um compromisso para o resto da vida do qual não me arrependo nem um pouco. Quando essa amizade foi ganhando novos contornos, eu me lembro de conversar com Deus e dizer algo do tipo: “Olha, eu acho que ele é um cara legal, e eu até pensaria em me casar com ele, mas se for para ser igual meus pais, me mostre logo, e de um jeito bem claro, porque aí eu acabo com isso tudo rapidinho”. E, por meio da forma que as coisas se encaminharam, Deus mostrou aos poucos que eu não precisava sair correndo, que não precisava ter medo, que podia confiar e assumir um compromisso. Portanto, para mim, foi mais uma questão de confiança em Deus (e no caráter de meu futuro marido) e de decisão do que descobrir que eu “estava amando”. E, depois de um zilhão de anos, em meio a muitas idas e vindas de paixão, não enjoei nem um pouco de estar com a mesma pessoa. Aliás, aconteceu o oposto: com o passar do tempo, aumentou o apego e a amizade (a base que se mantém depois que passa a paixão inicial).

Agora vamos às questões que você colocou. Para começar, em minha opinião, pelo menos uma parte do que você descreve pode ser relacionada ao fato de você ser bastante introspectiva, passar um bocado de tempo dentro de seu universo interior, analisando detalhadamente como estão as coisas ali. Além disso, você parece ser bastante imaginativa (uma excelente qualidade para escrever livros, roteiros, etc.!) e, portanto, é natural que exista sempre alguma “história” ou “cenário” em seus pensamentos. Como você mesma disse, talvez não seja nem paixão, mas um conjunto de ideias que ficam flutuando em sua mente e, quanto mais você tenta brigar com elas, mais elas “fazem birra” e se recusam a ir embora.

A meu ver, procurar aceitar a presença desses pensamentos e sentimentos (e aceitar a dor e o desconforto que talvez eles causem) sem condená-los e sem analisá-los demais é uma boa abordagem, que merece outras tentativas.

Além disso, se esses pensamentos se tornarem intrusivos, obsessivos e verdadeiramente incômodos, pode ser proveitoso você conversar com ume psicologue (estou treinando, kkk) para desenvolver novas ferramentas para lidar com eles.  

Quanto ao medo de que você vai passar o resto de sua vida apegada a um menino só, você já leu este post? https://depapocomasu.blog.br/relacionamentos/2018/02/por-que-deus-nao-tira-esse-sentimento-de-meu-coracao/

Por fim, tenha paciência consigo mesma e peça ajuda do Espírito para aceitar sua realidade interior presente sem se atormentar com coisas do passado e nem ficar ansiosa com coisas do futuro (os princípios de mindfulness e meditação cristã são muuuuito úteis nesse aspecto). Os medos que você expressa são naturais, mas você não precisa viver em função deles, e eles não são empecilho para, um dia, você desenvolver um relacionamento de compromisso para o resto da vida.
Que Deus nos ensine (também preciso continuar a aprender essa lição) a acolher nossos pensamentos e sentimentos, confiando que ele vai trabalhar em nós no tempo dele, com muita delicadeza.

Até a próxima!

Kisses,

Su

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