Hello, D.! Que bom que as conversas aqui têm sido proveitosas. E muito legal saber que você leu Hebreus. Mande dúvidas sobre sua leitura, se quiser.
Quanto à questão de Deus suprir todas as nossas necessidades e nos livrar do mal, ela é relacionada, em parte à bondosa soberania de Deus, mas também tem bastante a ver com a maneira que entendemos a Bíblia. Nossa tendência, muitas vezes é vê-la como um livro de regras e promessas – e só. Na verdade, porém, ela é um texto muuuuito mais rico e variado que isso. Tem promessas para indivíduos ao longo da história, que não se aplicam a nós. Tem promessas para o povo de Israel, em determinado momento, que também não se aplicam a nós. Tem promessas para todos que andam com Cristo. E, com frequência, também tem simplesmente constatações da realidade de modo geral – o que significa que há exceções.
Algumas palavras sobre a provisão material e o cuidado físico de Deus (os adjetivos são importantes) foram feitas ao povo de Israel, dentro de um momento da história em que Deus queria usar os israelitas como “luz para as nações” (lembra a conversa anterior sobre isso?). Se Israel andasse bem perto de Deus, de modo geral, teria prosperidade e proteção (veja p. ex., o salmo 121). Provérbios 3.9-10 e Salmos 34.9-10 são constatações dessa verdade geral – e não promessas. Em Salmos 37.15, o salmista diz: “Nunca vi o justo desamparado, nem seus filhos mendigando pão”. Esse é apenas um relato da experiência geral dele. Precisamos cuidar para não entender tudo como promessa.
Quando chegamos ao Novo Testamento, veja o que Jesus diz em Lucas 9.58 e em João 16.32-33. Aqui, são quase promessas de sofrimento! E Paulo, um cristão dedicado, descreve episódios terríveis da vida dele em 2Coríntios 11.24-28, que incluem passar fome, sede e frio. Se o próprio Jesus não tinha casa e prometeu dificuldades, e se até Paulo não teve suas necessidades básicas supridas, como podemos crer em palavras como as de Filipenses 4.19: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as gloriosas riquezas de Cristo”? Ou como entender Mateus 6.25-27?
O caminho é pensar em termos gerais e casos específicos. De modo geral, Deus quer que vivamos tranquilamente, sem ficar ansiosos com as necessidades físicas ou a possibilidade de sofrimento, pois ele sempre cuida de nós e, na grande maioria das vezes, ele provê e protege.
De modo específico, é importante lembrarmos que Deus define quais são nossas verdadeiras necessidades (aí entra a soberania bondosa dele). Nós imaginamos que, para estarmos “bem” não podemos passar fome, nem sede, nem ter doenças ou acidentes. Deus, em contrapartida, sabe que há ocasiões em que essas coisas tão difíceis produzirão o maior bem possível em nós – conhecimento maior dele, comunhão mais profunda com ele, crescimento do Reino dele e, talvez até, morte física para que estejamos para sempre com ele.
No entanto, a promessa absoluta de Deus, qualquer que seja o caso, é a mesma: “Nunca os deixarei e jamais os abandonarei” (Hebreus 13.5). Onde Deus está presente, há graça em quantidade ilimitada e, como Deus explicou para Paulo: “A minha graça é tudo o que você precisa” (2Coríntios 12.9).
Resumindo: Deus prometeu suprir todas as nossas necessidades. Em última análise, a presença dele e nossa intimidade profunda com ele são nossas únicas verdadeiras necessidades. E elas estão providas para sempre J
Bom fim de semana, e até a próxima!
Kisses,
Su