Hello, L.! Essa questão que tem chamado tanto a atenção nos últimos dias na verdade é só a pontinha de um problema muito maior e mais sério. A cada dia em nosso país, quase 200 mulheres são violentadas. Dessas, cerca de metade é de meninas até 13 anos. E, obviamente, muitos desses estupros acabam por produzir gestações. Nesses casos, a lei de nosso país permite o aborto – e por bons motivos.
Cristãos igualmente sérios e comprometidos com o Senhor têm formas diferentes de interpretar essa questão, pois a Bíblia não dá instruções explícitas e específicas para esses casos.
Contudo, temos dois mandamentos claros que dizem para amarmos a Deus e amarmos ao próximo como a nós mesmos. Ou seja, todo o cristianismo verdadeiro precisa ser fundamentado na natureza de Deus – e Deus é amor. Nada do que fazemos deve ser com desamor, mas com profunda compaixão.
Dito isso, adolescentes mais velhas e mulheres que têm condições de saúde (física, mental e emocional) de levar a termo uma gestação resultante de estupro podem escolher entre (1) abortar, (2) entregar a criança para adoção ou (3) cuidar da criança. No caso de uma família cristã, como você propõe, essa decisão precisa ser tomada com muuuuuita oração, sem emotividade barata (essa história de que “mãe é mãe” é bobagem, pois há mães que também abusam dos filhos). Temos de confiar que Deus dará sabedoria, direção e forças para a decisão certa em cada caso. O aborto não precisa ser a opção automática, mas deve ser considerado seriamente como uma das opções dependendo das circunstâncias de cada mulher.
Quanto a crianças, a história é outra. Do ponto de vista médico, o risco de complicações e morte para mãe e bebê é extremamente alto tanto na gestação quanto no parto – sem falar que o processo todo pode ser profundamente aflitivo e traumatizante.
Nesses casos, a meu ver, o princípio bíblico do amor por essa mãe-criança e pelo feto que dificilmente poderá se desenvolver adequadamente permite a terminação da gestação, sim. E isso deve ser feito o mais rápido possível e do modo mais discreto possível, sem condenação e sem esse circo horroroso que aconteceu esses dias.
A pessoa que colocou nas redes sociais o nome e outras informações da menina agiu de forma exatamente oposta aos princípios bíblicos de amor, da compaixão e da misericórdia. Em lugar nenhum da Bíblia vemos Jesus tratar outros dessa maneira.
Não sei se a família da menina em questão era cristã e se buscou direção de Deus. Mas, quer um cristão concorde com a decisão dessa família ou não, jamais, de maneira alguma deve condenar, humilhar, usar nomes feios ou qualquer coisa desse tipo. Tudo isso envergonha o evangelho e, com certeza, entristece o coração de Deus.
Que Deus nos ajude a ser reflexo da graça, da misericórdia e do amor dele para outros em todas as situações!
Kisses,
Su