Hello, A.! Há pelo menos duas coisas importantes de entender a respeito das passagens que você menciona, entre elas Provérbios 13.24 (que, na Nova Versão Transformadora, diz: “Quem não corrige os filhos mostra que não os ama; quem ama os filhos se preocupa em discipliná-los”).
Primeiro, em vários momentos Provérbios é um livro de orientações gerais e também de observações da realidade. Não é obrigatório interpretar que essa passagem esteja ordenando que os pais batam nos filhos com varas. Em vez disso, pode-se compreender que o escritor está observando o que acontece quando os pais não disciplinam os filhos de maneira nenhuma, quando deixam que as crianças façam o que bem entenderem.
Segundo, é preciso entender a ideia do texto, em vez de apegar a uma palavra específica. Versões mais recentes da Bíblia (como a NVT que eu citei acima) nem sequer trazem o termo “vara”. No tempo em que Provérbios foi escrito, a disciplina física era o modo mais usado para corrigir os filhos. Portanto, a “vara” representa disciplina/correção.
Alguns cristãos, que interpretam essa passagem ao pé da letra, dizem que os pais precisam ter uma vara de madeira em casa e usá-la para disciplinar os filhos, mesmo que isso seja contra a lei do nosso país, pois a lei de Deus tem precedência sobre a lei dos homens.
Outros cristãos, porém, preferem seguir o espírito da passagem, e não e letra, e consideram que é extremamente importante os pais disciplinarem os filhos, aplicarem castigos e consequências, mas que não precisam ser punições físicas. Esses cristãos não veem, portanto, conflito entre a lei de Deus, em que a disciplina é sinal de amor, e a lei dos homens, que tem por objetivo evitar abuso físico de crianças.
Eu não tenho filhos, nem formação na área de educação de crianças pequenas. Logo, o que expresso aqui é apenas minha opinião: na grande maioria dos casos, o castigo físico é desnecessário e não produz resultados melhores do que outras formas de disciplina. A aplicação de consequências quando há desobediência/rebeldia precisa começar cedo e ser adaptada para cada faixa etária, o que inclui a adolescência (p. ex., tirar um brinquedo de uma criança, tirar o celular de um adolescente, sempre por um período específico).
Os dois extremos — abuso físico e emocional de um lado e de total descaso do outro — são extremamente prejudiciais tanto para a criança quanto para a família e a sociedade. Como em todas as outras coisas, cada família precisa buscar sabedoria e direção clara de Deus e, sempre que possível, procurar manter-se também dentro do que as leis do país requerem.
Kisses,
Su