Pergunta:

Resposta da Sú:

Graça e paz, L.! Na verdade, o que você descreve é uma simplificação excessiva do comunismo. Ele é uma proposta bastante complexa, que não pode ser resumida apenas à ideia de “ausência de Estado” e “todos os bens compartilhados”. O comunismo proposto por Marx era um ideal. Ele mesmo sabia que, para tentar alcançar esse ideal, seria necessário passar por várias etapas, principalmente por um regime socialista (como o que existe em alguns países hoje), com um Estado para manter a ordem e administrar as riquezas do país. Além disso, o comunismo não propõe o compartilhamento de todos os bens pessoais, mas sim, a estatização e, posteriormente, o compartilhamento dos meios de produção e do capital do país. As pessoas continuariam a ter bens pessoais (roupas, móveis, etc.), mas as fábricas, lojas, propriedades agrícolas, empresas de mineração, etc., pertenceriam teoricamente a todos. O que aconteceu em muitos casos, porém, foi que o Estado socialista se apropriou de muitos meios de produção e capital, mas não os dividiu com o povo. Isso é resultado de ganância. Em contrapartida, o sistema capitalista também é motivado, em parte considerável, por ganância. Ou seja, nenhum dos dois sistemas é melhor ou pior. E a Bíblia não apoia nem um, nem outro. A Bíblia dá diretrizes e princípios, mas não aprova nada que envolva cobiça, exploração, opressão, e por aí afora – coisas que acontecem em sistemas capitalistas e socialistas e que certamente aconteceriam também até no comunismo mais “puro”.

É importante entender que, quando Atos 2.44 diz que os cristãos “tinham tudo em comum”, não significa que não tinham propriedades particulares. Eles entendiam que, em última análise, todos os seus bens pertenciam a Deus e deviam ser usados sob a direção dele. Por isso, quando necessário, vendiam o que tinham e repartiam com outros, assim como compartilhavam alimentos e outros itens necessários. Não era um regime social/político/ideológico. Era apenas um reconhecimento de que Deus cuida de seu povo por meio de recursos que precisam ser compartilhados com sabedoria e compaixão.

Não adianta tentarmos adotar socialismo, comunismo ou capitalismo como ideologias pessoais, pois todos esses sistemas são corrompidos pela pecaminosidade humana. Como cristãos, não seguimos uma ideologia, mas sim, uma Pessoa.

E, quanto à ostentação, ela pode acontecer em qualquer contexto. Não precisa ser rico para ostentar. Digamos que você ganhe um salário mínimo e resolva comprar, em trezentas prestações, um telefone de última geração do qual você não precisa, só para exibir. Isso é ostentação.

Essa questão que você coloca, do que é legítimo um cristão ter, é muito delicada. Eu mesma tenho minhas perplexidades a esse respeito. É algo que nos leva a buscar sabedoria e direção de Deus continuamente. Cada seguidor de Cristo precisa, em um relacionamento profundo com ele, consultar seu Senhor a respeito do que é legítimo ter/adquirir ou não. Sempre haverá alguém que tem menos do que nós, então esse não pode ser o parâmetro. A pergunta é o que Deus quer que eu faça com os recursos que ele deu para meu uso. Não posso aplicar isso a outros, pois essa é uma questão de consciência entre eles e Deus. Minha tendência é dizer que SUVs, piscina, hidromassagem e mais uma porção de coisas são luxos que nenhum cristão deveria ter, mas, essa é uma opinião pessoal que, aliás, tem seus riscos. Afinal, para alguém mais pobre que eu, algumas coisas que eu considero necessárias (um computador e uma geladeira, por exemplo) são luxos também. Onde traçamos a linha divisória entre necessidade e luxo? Só Deus sabe e só ele pode mostrar para você.

Que ele continue a nos dar muita sabedoria!

Kisses,
Su

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