Hello, D.! Vamos lá:
1 – Quanto à dúvida que você viu em um site, antes de responder eu queria só destacar um detalhe importante. Algumas pessoas dizem que “deixaram de ser cristãs”. Na verdade, porém, isso não existe. Ou elas nunca foram salvas e, portanto, nunca receberam a Deus em seu coração, ou elas são salvas, mas, por vários motivos, não estão vivendo de acordo com essa realidade (lembrando que, um dia, de um jeito ou de outro, Deus vai trazê-las de volta para ele).
Dito isso, é uma excelente pergunta que esse homem coloca. Primeiro, santificação é um processo e cada cristão está em uma etapa diferente. Isso significa que ainda vão acontecer muitas coisas fora do ideal de Deus ao longo do caminho. Segundo, o trabalho de santificação em si pertence ao Espírito Santo, mas, nós temos uma parte nessa história. Às vezes, continuamos a agir de forma errada, com maldade ou com descaso, porque não estamos vivendo de acordo com nossa verdadeira identidade. Deus nos chama para andar com ele e vai trabalhando em nossa vida, mas nós também temos uma parcela de responsabilidade em obedecer às instruções dele. Infelizmente, muitos cristãos não levam tão a sério quanto deveriam sua caminhada com o Senhor. Consideram-se salvos e se acomodam. A Bíblia deixa claro, porém, que a fé sem obras é morta (veja Tiago 2.14 em diante). Não somos salvos por obras. Somos salvos pela graça por meio da fé, mas precisamos expressar essa fé ao realizar boas obras. Terceiro, embora não seja possível quantificar de modo exato, existe um número crescente de pessoas que se dizem “evangélicas”, mas que nunca tiveram um encontro verdadeiro e transformador com Deus. Elas saem por aí falando que são cristãs, mas não passam por nenhuma mudança de vida e não exercem nenhum impacto positivo no mundo porque, na realidade, não têm o Espírito dentro de si para santificá-las. Só tem religião, ritual, linguajar (“crentês”) e usos e costumes. Isso explica em parte porque parece haver tantos “crentes” e, ao mesmo tempo, tão pouco impacto positivo no mundo ao redor deles. Quarto, é bom lembrar que este mundo está “sob o poder do Maligno” (1Jo 5.19) desde que o pecado entrou na história. Isso significa que, mesmo que 90% da população mundial se tornasse cristã fiel, praticante, consagrada ao Senhor, o mundo ainda assim teria zilhões de problemas, pois a presente ordem está indo por água abaixo, condenada a ser destruída (Apocalipse diz que Deus vai fazer tudo novo – novos céus e nova terra). Portanto, embora tenhamos a seríssima responsabilidade de fazer diferença para o bem, nunca seremos capazes de mudar completamente o mundo. E, por fim, embora ainda exista muita maldade, precisamos reconhecer também que os cristãos fazem diferença. Deus usa de maneiras poderosas aqueles que se colocam a serviço dele. Se investigarmos um pouco mais, veremos que existem muitos cristãos fazendo muitas coisas boas pelo mundo afora, tanto em pequenos gestos diários para as pessoas ao seu redor, como em projetos de grande impacto sobre comunidades e sociedades mais amplas. Esse é um fato que alguns não cristãos fazem questão de ignorar.
2 – E quanto a sua dúvida sobre o desejo de reconhecimento, admiração e amor, creio que existe uma linha fina entre o que é saudável e o que é distorcido. Deus nos criou à imagem dele, o que nos confere valor e dignidade incalculáveis. É bom e correto que esse valor e essa dignidade sejam reconhecidos em todos os seres humanos, não importa quem sejam ou o que tenham feito ou deixado de fazer. Deus também nos criou para nos relacionarmos com ele e com outras pessoas, o que significa que ele nos criou para sermos amados. Nosso desejo de receber amor, portanto, é bom e natural. Isso explica porque a Bíblia nos ordena com frequência a amar uns aos outros. Todos querem ser amados, então todos precisam amar 🙂
As coisas se complicam quando tiramos Deus dessa equação, quando buscamos reconhecimento, admiração e amor como fins em si, como centro de nossa vida. Por exemplo: quando o desejo de sermos reconhecidos e admirados é maior que o desejo de que Deus seja engrandecido e glorificado. Quando o desejo de sermos amados se torna um ídolo, tipo, “se eu não encontrar um companheiro que me ame de paixão para sempre, jamais serei feliz”. E assim por diante. Como todas as coisas puras, boas e maravilhosas que Deus criou e nos deu, esse desejo natural e saudável pode ser distorcido pelo pecado. Mas, isso não é motivo para medo ou desânimo. Quanto mais perto de Deus nós andamos, mais ele restaura e ajusta nossos desejos para que estejam em conformidade com aquilo que ele planejou 🙂 Graças e glória a ele por isso!
Bom fim de semana para você, e até a próxima!
Kisses,
Su