Pergunta:

Oi amiga! Obrigada pela ajuda anterior, pelo menos você e minha mãe consideram saudável o que sinto no momento. Su, quando eu te faço alguma pergunta sobre a bíblia, como você sempre sabe o que responder? Você tem várias bíblias? Tem um site que te auxilia (se tiver, pode me dar o nome?)? Gostaria de saber se você pode apagar alguma pergunta que já foi enviada e recebeu resposta. Por favor, me diga: é errado que a mulher peça o homem em casamento? E se ele estiver na iminência de pedir e ela interromper e pedir primeiro (vi isso num filme)? É que há um tempão, assisti aquele Paul Washer (não sei se escreve assim) falando que o pedido de casamento é uma responsabilidade do homem, pois demonstra que ele reconheceu ter maturidade para tal atitude. Não gosto muito da visão de mundo desse pastor, sinceramente. Já ouvi outras pregações e ele parece muito baseado na própria opinião (eu sei que basicamente todas as interpretações do mundo são assim, o que quero dizer é que, parece que ele faz da especificidade da vida dele e da compreensão dada por Deus PARA ELE uma regra geral). Compreendo o ponto de vista abordado, mas não não é porque uma mulher pede e o homem aceita que ele não tenha maturidade. Eu diria que o simples fato de aceitar já demonstra que a pessoa está disposta a crescer para sempre lado a lado com o amor de sua vida, não importa quem tenha feito/aceitado o pedido. Além disso, não foi Rute quem chegou para o futuro marido e o relembrou do dever dele como salvador? Não foi um pedido exatamente, mas acho parecido com um. Ele reconheceu o que deveria fazer e casou-se com ela, e dessa linhagem veio o nosso maravilhoso Jesus. Outra coisa que ele disse foi do compromisso entre marido e mulher. Não me lembro das palavras exatamente mas aqui vai: se a esposa dele e os filhos estivessem afogando, ele salvaria a esposa em detrimento dos filhos, pois ela é a prioridade. Ele disse que isso parecia muito cruel a primeira vista, mas olha como os filhos pensarão: “Nossa! O papai ama tanto a mamãe que escolheu a vida dela” ou algo assim. Eu entendo o ponto de vista dele, o quanto a esposa é de certa forma, insubstituível e necessária, mas não acredito que seja essa a vontade de Deus. Se meu marido me salvasse ao invés de nossos filhos, não sei nem a dor que eu sentiria todas as vezes que olhasse para ele, e não somente a dor como também a raiva e o desprezo. Porque eu acredito que é dever dos pais proteger os filhos. Num anime que eu gosto, na cena em que o bebê nasce e ia ser morto, pai e mãe se colocam a frente da criança, dispostos a morrer por ela e assim o fazem. Isso é correto. Isso é o correto na minha vida, isso é o que meus pais fariam por mim e o que eu também seria capaz de fazer pelos meus filhos, se necessário. Talvez esse não seja o correto para a vida daquele pastor, mas não acho que seja errado para todos os cristãos. Outra coisa que ele falou foi debater a frase “Deus odeia o pecado, não o pecador” Ele se baseou em algum versículo de Salmos ou Provérbios para dizer que Deus odeia o pecador também. Ora essa! Isso não faz sentido algum! Vai totalmente contra a natureza de Deus. Você já me explicou uma vez o sentido desse termo odiar, e não é no sentido que entendemos, mas se me recordo bem, no sentido de rejeitar. Pode não parecer diferente, mas você aceita de novo alguém que temporariamente rejeitou, mas o que é que se faz com alguém que odeia? E por falar nisso, as pessoas que vão para o inferno continuam a ser amadas por Deus? Eu acredito que sim, o amor dele é eterno. O que acontece é que a justiça está sendo exercida também. O que você me diz? Mais uma coisa: um relacionamento amoroso entre uma moça de vinte e um homem de quarenta e oito seria errado? Eu não acho isso muito absurdo pra ser sincera. Acho que é uma questão cultural. Se eu morasse num país que incentiva isso, acho que não ficaria assustada. Mas eu andei lendo aqui sobre isso e compreendo porque na nossa sociedade tal coisa é um tanto esquisita e complicada. Tenho mais perguntas, mas se eu me lembrar depois, venho aqui. Beijos ? Ah! Lembrei: duas coisas aconteceram. O professor de redação, enquanto nos ensina sobre o barroco, perguntou quem seguiria Jesus caso ele aparecesse na porta pedindo que deixássemos tudo e o seguíssemos. Duas meninas levantaram a mão. Nenhuma delas foi eu. Porque eu não acredito que seguiria. Mais tarde minha amiga pé questionou a respeito: respondi o que te disse, e mais: falei que creio ter nascido neste século e nesta época porque, se fosse diferente disso, eu provavelmente não acreditaria em Jesus. É sério. Quando leio a bíblia, duvido da minha capacidade de crer que ele é mesmo o Messias se tivesse vivido o mesmo tempo que Ele. Em contrapartida, sei que ele muda corações, que se fosse para eu crer, isso aconteceria em qualquer época e situação. Além disso, acho que eu já o sigo e que já abandonei muitas coisas. Não é porque não faço isso de corpo em frente a um Jesus físico, que já não abandonei meu passado. O que você acha? Deveria ter respondido de outro jeito? Você tem alguma coisa para acrescentar? Essa semana, o professor de história comentou sobre a hipocrisia de se dizer sobre a não violência para a criança, enquanto a que ela chega na igreja e vê um homem pregado numa cruz. Aquilo é violência também. O mais estranho (ele era católico), é que nunca pensei nisso dessa forma. Nunca achei violento ver Cristo na cruz, mas sempre considerei violência colocarem-no lá. Entende? Se eu visse uma foto de um batendo numa mulher, diria que é violenta. Se eu ver a foto de uma mulher que foi maltratada não direi que a foto é violenta, mas que ela SOFREU uma violência. É diferente o que aconteceu do que o que se tornou. O que você acha? Eu respondi que há diferença entre um jogo e a vida real. Eu nomeei a violência de Deus (as dez pragas, que o próprio professor falou) como justiça. Acho diferente quando nós agimos e quando Deus age. Ele questionou que o Deus de amor faça isso, ao passo que respondi que o Deus de amor também é justo, e que as pessoas se esquecem disso, e que se for preciso que ele use violência, por mim tudo bem. Não há como negar que as dez pragas e tantas outras coisas na bíblia, realizadas por Deus, são violentas. Minha colega, que é católica, respondeu que Deus água com aquelas pessoas do jeito que elas entendiam. Se só com violência elas compreendiam, então que fosse assim. Acabei esquecendo de falar o quanto Deus foi nove vezes misericordioso, dando chances para que o faraó libertasse os judeus sem haver perda de vidas humanas. Ora Su, eu lá vou sentir dó de quem faz coisa errada e paga por isso? Eu não! E não sinto dó do que Deus fez aquele povo passar, porque Ele é bom o tempo todo, mesmo quando não entendemos. Eu poderia ter respondido melhor o meu professor? Estou sendo muito/pouco radical e religiosa? Agora sim terminei. Obrigada pela atenção, semana que vem espero estar aqui, se Deus quiser. Beijos, D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Vamos às respostas:

1 – Eu tenho dezenas de Bíblias de estudo e comentários de diferentes linhas teológicas. Eles me ajudam um monte na hora de responder perguntas aqui. Também faço pesquisas em vários sites (a maioria em inglês). Em português você encontra algumas discussões interessantes em http://monergismo.com/categoria/teologia-reformada-2/, por exemplo. Outra forma de pesquisar é colocar um assunto e a linha teológica que você deseja pesquisar. Por exemplo: “doutrina da salvação teologia reformada”.

2 – Não temos por prática apagar perguntas/respostas. Em dez anos de blog, fizemos isso apenas uma vez (depois de uma cuidadosa avaliação da equipe), com uma leitora que se encontrava em uma situação extremamente delicada.

3 – Você mesma respondeu a pergunta sobre a mulher pedir o homem em casamento ao citar o exemplo bíblico de Rute 🙂  Não existe orientação bíblica nenhuma que impeça a mulher de fazer isso. De fato, não faz sentido o homem ter de pedir só para mostrar maturidade. Ambos precisam ser maduros para tomar uma decisão desse tamanho!

4 – O exemplo de salvar a mulher em lugar dos filhos é um tanto exagerado e surreal, não? Sem dúvida, o compromisso prioritário de relacionamento do casal é um com o outro. Não é certo colocar filhos antes de marido/esposa o tempo todo no dia a dia. Agora isso não tem nada a ver com situações de perigo.

5 – Deus nunca odiou nem vai odiar (no sentido de “não amar”) ninguém, nem mesmo quem está no inferno. Isso fica claro em 1Timóteo 2.3-4 e em João 3.16. Ele rejeita (não pode se relacionar com) aqueles que escolhem conscientemente e teimosamente viver em pecado (aqueles que odeiam Deus), mas isso não diminui seu amor. Afinal, ele criou cada ser humano!

6 – Quanto à diferença de idade, precisa levar em conta cada caso. Algumas meninas chegam aqui dizendo: “Tenho 13, 14, etc. anos e quero namorar um cara de 20, 25, etc.”. Meio complicado, né? Especialmente quando são relacionamentos totalmente fora dos padrões de Deus, em que a primeira coisa da lista é sexo (nesse caso, inclusive, é crime). Por isso minhas respostas a esse respeito costumam ser na linha do “melhor não”. Além da idade, existem outras considerações, como nível de maturidade, compatibilidade de interesses, e relacionamentos familiares mais amplos. Um cara de 40 anos que ainda é tratado como adolescente pelos pais, por exemplo, talvez não esteja preparado para casar com ninguém, nem com uma menina de 20. Não sou taxativamente contra, mas em nossa sociedade precisamos fazer uma análise que vá além da diferença de idade. Acho errado homens mais velhos que procuram meninas mais jovens para “formá-las”, ou seja, prepará-las para viver em função deles, ter a opinião deles, etc.  A propósito, podemos levantar outro questionamento: Em determinadas circunstâncias, que problema haveria em uma mulher mais velha se casar com um homem mais jovem?

7 – Você não respondeu que seguiria Jesus porque pensou apenas em suas próprias forças, e não nas forças que ele daria ao chamar você. Aliás, foi exatamente isso que aconteceu. Quando Deus chamou você para se relacionar com ele, você aceitou porque ele já havia trabalhado em seu coração. Não fique se martirizando por não ter levantado a mão, mas lembre-se de que Deus nos capacita para tudo o que ele nos chama a fazer. E isso é muito maravilhoso 🙂

8 – Quanto à questão da crucificação e da violência, você está certa. Nosso Deus não é inerentemente violento. Leia o que Deus diz a respeito de si mesmo em Êxodo 34.6-7 (repetido em Naum 1.3). A ira de Deus é sempre justa e merecida. Aliás, se ele fosse agir apenas de acordo com a justiça dele, deveria ter destruído todos nós. Em vez disso, ele lançou toda a ira dele contra o pecado sobre Cristo na cruz, o que significa que não sobrou ira nenhuma para aqueles que estão em Cristo. Para um não cristão, porém, é impossível entender, sem a iluminação do Espírito, que todos nós merecíamos ser destruídos. Se não entendemos quão depravados são os seres humanos, é difícil compreender que, na verdade, o que mais se destaca ao longo de toda a história da humanidade, são a graça, a misericórdia e o amor de Deus por nós.

Ufa! Acho que respondi tudo, kkk.

Até a próxima!

 

Kisses,

Su

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