Hello, L.! Essa questão do dízimo é bem delicada e aberta para várias interpretações. Vou lhe explicar como eu entendo, com base em estudos que ouvi e textos que li a esse respeito, ok?
A meu ver, desde o Antigo Testamento, a lei de Moisés não era apenas um conjunto de regras a serem seguidas exteriormente, como simples dever. Eram atos que refletiam amor, gratidão e confiança em Deus. Com a vinda de Cristo, a lei não existe mais. Existe porém, essa mesma relação de amor, gratidão e confiança em Deus. Se as pessoas no Antigo Testamento já eram gratas a Deus, quanto mais nós não devemos ser depois de tudo o que Cristo fez por nós! No Novo Testamento, porém, a ênfase não é sobre regras (e muito menos sobre medo), mas sim, sobre relacionamento com Deus. Em minha opinião, portanto, o dízimo não é um valor obrigatório, mas sim uma referência. Se Deus nos dá tudo o que temos, por que não expressar nossa gratidão e nosso amor devolvendo parte disso para ele? Se vai ser dez por cento ou mais (ou, às vezes, menos), não importa. O mais importante é a atitude de nosso coração. Um coração verdadeiramente dedicado a Deus vai querer expressar amor a Deus. Tenho a impressão, portanto, de que ninguém pode impor um valor para nós. Conheço pessoas que dão muito mais que dez por cento porque têm condições de fazer isso e Deus as toca para isso. E conheço outras que dão menos que dez por cento em dinheiro porque não têm condições de dar mais, porém dedicam tempo e afeto ao corpo de Cristo em proporções enormes. Esses valores podem variar ao longo da vida e em diferentes circunstâncias. O que não deve variar é nossa consciência de tudo o que Deus faz por nós.
E, em minha opinião, é preciso ter muito cuidado para não transformar dízimo em superstição (como se fosse um “amuleto” que nos protege de todos os males). Jesus deixa claro que até mesmo seus discípulos mais fiéis (ou especialmente eles!) terão aflições (veja João 16.33). Também nesse caso, conheço cristãos sinceros que contribuem generosamente e que, ainda assim, enfrentam muitas dificuldades e provações. E também conheço cristãos sinceros que contribuem com o pouco que podem, e que são abençoados com boa saúde, com forças para trabalhar e com o cuidado de Deus.
O amor e o cuidado de Deus por nós são incondicionais – não variam com a quantidade de dinheiro que entregamos na igreja!
Precisamos, portanto, de muita sabedoria e discernimento do Espírito quando ouvimos testemunhos desse tipo que você mencionou. O mais fundamental não é o quanto estamos contribuindo, mas o quanto estamos caminhando perto de Deus. As coisas quebram na casa de todas as pessoas e as dívidas acontecem por diversos motivos, desde enfermidades e desemprego até má administração do salário – e não em função de dízimo.
Por fim, em Mateus 23.23, tanto quanto entendo, Jesus está falando justamente sobre essa questão de não se apegar com unhas e dentes a regras e leis, mas de fazer as coisas por amor, em reconhecimento do cuidado de Deus por nós. Muitos mestres da lei e fariseus seguiam a lei à risca, mas não se importavam de ter um relacionamento pessoal com Deus nem de demonstrar amor e misericórdia pelas pessoas ao seu redor. Na verdade, deviam expressar gratidão por meio de seus recursos financeiros e por meio de suas atitudes em relação a outros.
Converse muito com Deus sobre essa questão e ouça o que ele tem a dizer para sua vida. A coisa mais maravilhosa do cristianismo é justamente esse relacionamento pessoal e profundo com o Senhor, que vai muito além de regras e deveres!
Kisses,
Su